Um valor de R$ 689 milhões foi necessário para construção de um novo estádio, uma vez que o antigo foi demolido no dia 29 de agosto de 2010.

No início do mês de janeiro de 2013, as equipes de construção já haviam atingido 90% das obras concluídas, tendo sido o quarto estádio mais avançado dentre os doze que sediaram a Copa das Confederações de 2013 e Copa do Mundo de 2014. A capacidade atual é para 47.907 mil espectadores, com o estádio possuindo três anéis de arquibancada 100% cobertos. 

Uma das estruturas mantidas foi a abertura da ferradura voltada para o Dique do Tororó, uma característica importante do projeto original. O Dique do Tororó é um manancial natural da cidade de Salvador, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 

"A construção preservou o modelo original do estádio, proporcionando ventilação natural e uma bela vista para o Dique do Tororó. Trazer modernidade sem esquecer a história foi uma sacada genial", comenta o jornalista Elton Serra, comentarista da ESPN Brasil. 

Sustentabilidade e espaço diverso

A nova Fonte Nova trabalha com economia de água, reuso do esgoto tratado, aproveitamento da água da chuva, diminuição e reciclagem do lixo gerado, sustentabilidade energética, ventilação e iluminação natural.

Entre os espaços e camarotes para diferentes públicos, está o "Lounge Gamer", local equipado com estações profissionais para gamers, oferecendo a experiência de curtir o mundo virtual sem tirar os olhos dos jogos e eventos que acontecem no campo. O espaço de 1200 m² conta com ambientes de Freeplay, ar condicionado, cadeiras gamer e ações como minicampeonatos virtuais de e-sports.

Na pandemia, o estádio teve atuação destacada no combate ao coronavírus, quando funcionou como hospital de campanha, posto de vacinação contra a COVID e base do SAMU, operando tudo isso ao mesmo tempo.

“A Arena Fonte Nova tem muito projetos para os pós-pandemia e continua trabalhando em planejamento, inovação e eficiência, para consolidar a sua posição de sede dos principais eventos nacionais e internacionais do Norte e Nordeste”, afirma Dênio Cidreira, presidente da Arena Fonte Nova.

Demolição dá nova vida à arena

A demolição colocou um fim na estrutura que acabou ficando marcada, por exemplo, por um incidente ocorrido em 2007. Durante jogo entre Bahia e Vila Nova, dezenas de torcedores caíram e outros sete perderam a vida ao despencar de uma altura de 20 metros em uma das maiores tragédias já ocorridas dentro de um estádio brasileiro.

Uma parte da estrutura de concreto da antiga Fonte Nova cedeu e abriu um buraco na arquibancada do anel superior, fazendo vítimas fatais e trazendo a discussão sobre as condições de segurança do local.  

Menos de um mês antes do ocorrido, relatório elaborado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquiteturas e Engenharia (Sinaenco) havia colocado o estádio baiano como o pior entre os 29 principais do país. Foram identificados problemas nos banheiros, além de falhas na ferrugem e oxidação. O acidente fez o estádio ser fechado em 2007.

A nova construção chegou para, de alguma forma, minimizar o estrago deste triste incidente, dando lugar a um novo local, com melhor estrutura, conforto e segurança para todos os envolvidos. 

"Estávamos diante de um equipamento diferenciado. A partir de 2013, o país teve a chance de ter estádios padrão de Copa do Mundo, com camarotes, maior acessibilidade para pessoas com limitação e deficientes. Foi um grande ganho. A manutenção do conceito do Dique e Tororó foi positiva, com abertura permitindo ventilação", lembra o tradutor e intérprete André Hiltner, que lamenta o fato do Vitória não usar o estádio como poderia, forçando os torcedores a seguirem indo ao Barradão para acompanhar os jogos do seu time. 

O rubro-negro baiano fez uma tentativa de ser mandante no local, sendo anfitrião no estádio em três jogos antes de desistir da ideia. 

Goleada histórica para marcar reinauguração

Para marcar a reinauguração do maior estádio baiano, o tradicional clássico entre Vitória e Bahia, que teve uma histórica goleada de 5 a 1 dos rubro-negros sobre os tricolores. 

Seria inevitável que os torcedores, acostumados com o antigo estádio, criassem uma grande expectativa com a novidade, que prometia novas instalações e mais conforto, como era de se esperar de acordo com o "padrão FIFA". 

"Tive boas impressões daquele primeiro contato. A arquitetura foi mantida, o que era essencial para a beleza do local. Estávamos em um estádio moderno, com assentos, bem setorizado e com toda estrutura permitida", comenta o assessor de comunicação Felipe Santana, que compareceu como torcedor à nova arena. 

Pendências e decepções

Quem esteve a trabalho, pôde ver uma outra realidade, com muita coisa deixando de funcionar logo no primeiro jogo, indicando a necessidade de melhorias imediatas em um local que receberia jogos em sequência a partir de então. 

"A estrutura para transmissões deixou a desejar nos primeiros jogos. Muitas rádios não conseguiram entrar no ar. A TV que transmitiu a partida inaugural teve que mandar o narrador de volta para o estúdio, pois as questões técnicas eram terríveis. Os bares, talvez pela primeira experiência ter sido justamente no Ba-Vi, também não deram conta. Isso, inclusive, passou a ser uma reclamação recorrente na Arena. Comprar ingresso, sobretudo online, também foi um problema", indica Serra. 

"Como pontos positivos, o acesso ao estádio seguiu muito bom. Havia estacionamento à vontade, além de linhas de ônibus exclusivas para chegada à região da Fonte Nova. A segurança funcionou muito bem", compara. 

Quem se acostumou a frequentar o antigo estádio, agradeceu por algumas situações que ficaram para trás. "A grande diferença no sentido de comodidade talvez sejam os banheiros, pois os anteriores da Fonte Nova eram impraticáveis. A cobertura que evita chuva e sol também faz bom papel, ao mesmo tempo que também aumenta o calor e abafamento. Na época da reinauguração, ainda havia também muitas coisas inacabadas", cita o jornalista Daniel Dorea.

Melhorias necessárias uma década depois

Passados 10 anos, a necessidade de aprimoramento segue presente. "A questão do atendimento no estádio ainda deixa a desejar, sobretudo nos bares. Por ser uma arena multiuso, muitas vezes o gramado sofre com alguns eventos que impedem o cuidado mais intenso. As zonas de internet para a imprensa inexistem, praticamente", lamenta Serra. 

"A principal reclamação dos torcedores, há muito anos, é quanto à demora pra comprar ingresso nas bilheterias e na entrada ao estádio. Mesmo os sócios reclamam bastante, ainda que tenham benefícios. Os bares ficaram piores e mais caros para comer e beber", alerta Dorea.