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Estudo afirma que acúmulo de choques de cabeça no futebol pode levar à demência

Jogadores podem sofrer concussões sem perceber após seguidos choques de cabeça
Jogadores podem sofrer concussões sem perceber após seguidos choques de cabeçaJUAN IGNACIO RONCORONI / EPA / Profimedia

O acúmulo de choques de cabeça no futebol profissional pode levar, a médio ou a longo prazo, à degeneração cognitiva ou à demência, segundo um estudo espanhol noticiado pela Europa Press.

A sequência de impactos na cabeça no futebol profissional gera potenciais concussões (dano nas funções cerebrais após um traumatismo craniano) que "raramente são detectadas ou tratadas adequadamente", segundo estudo liderado pelo Instituto de Reabilitação Neurológica Vithas Irenea, em colaboração com a Universidade Politécnica de Valência (UPV).

Os investigadores analisaram 38 jogos durante a temporada 2019-2020 e registaram 61 possíveis concussões.

A pesquisa alertou que os jogadores podem sofrer concussões sem perceber, ou seja, não sentem desorientação ou desequilíbrio.

O neurologista e principal autor do estudo, Enrique Noé, indicou que durante uma temporada, os jogadores de futebol acumulam golpes na cabeça que podem causar danos muito tempo depois.

O especialista referiu ainda que são poucos os jogadores que recebem o tratamento necessário após uma pancada na cabeça.

"Apenas um terço dos jogadores recebeu assistência médica após a pancada, e 74% voltaram a jogar ainda antes de completarem uma semana de repouso, apesar das diretrizes internacionais recomendarem avaliações clínicas mais rigorosas antes do retorno ao jogo", disse Noé.

A maioria dos incidentes ocorreu durante jogadas aéreas, com uma elevada percentagem de impactos diretos de contato cotovelo-cabeça, afetando principalmente os lobos parietal e frontal do crânio, segundo o estudo publicado na revista científica Sports Medicine - Open.

O estudo mostrou que mais da metade dos jogadores afetados sofreram duas ou mais concussões na mesma época, sendo que a maioria não recebeu acompanhamento clínico adequado ou protocolos de proteção cerebral eficazes.

"Cada pancada não tratada é uma oportunidade perdida para proteger o cérebro", indicou o autor.

Os investigadores destacaram a necessidade de reforçar os protocolos atuais através de um sistema de monitorização médica durante as partidas.

Os autores do estudo recomendam ainda o uso de tecnologia para detectar impactos potencialmente perigosos em tempo real e a aplicação rigorosa das recomendações internacionais, que destacam a importância de proteger a saúde cerebral dos atletas.