A seleção iraniana de futebol de areia causou comoção na semana passada ao aderir aos recentes protestos contra o governo do Irã que já duram dois meses.
Na final do Torneio Intercontinental contra o Brasil no domingo (6), a seleção iraniana não celebrou a vitória contra os brasileiros por 2x1 e a conquista do título da competição em Dubai.
E um jogador iraniano comemorou seu gol (um golaço, por sinal) fingindo cortar o cabelo, um gesto-símbolo das mulheres iranianas que têm protestado pelas ruas do país após a morte de uma garota na mão da Polícia da Moralidade. Assista:
Na semifinal contra os Emirados Árabes no sábado (5), os atletas já haviam se recusado a cantar o hino nacional.
A federação iraniana de futebol de praia disse em um comunicado na segunda-feira (7) que as ações dos atletas foram "insensatas".
Pólo aquático também entra na onda
A equipe de pólo aquático também não cantou o hino nacional iraniano nos Jogos Asiáticos na Tailândia nesta terça (8), na mais recente demonstração de solidariedade dos atletas com o movimento contra os líderes clericais do Irã que governam o país desde a Revolução Islâmica de 1979.
A Reuters não pôde verificar os vídeos, mas os usuários da mídia social viram a recusa de cantar o hino como uma demonstração de apoio aos protestos.
As manifestações anti-governo começaram em setembro após a morte de uma mulher curda de 22 anos chamada Mahsa Amini, que havia sido detida pela Polícia da Moralidade por supostamente desrespeitar o rígido código de vestuário imposto às mulheres pela República Islâmica.
Os protestos rapidamente se transformaram em uma revolta popular, com a participação de todos os setores da sociedade, incluindo o esporte.
Em outubro, a escaladora iraniana Elnaz Rekabi provocou um alvoroço ao competir em uma competição internacional na Coréia do Sul sem um lenço de cabeça, um requisito para atletas do sexo feminino representando o Irã em todos os esportes. Rekabi mais tarde pediu desculpas pela "turbulência e preocupação" e disse que não teve intenção de competir sem seu hijab.
Cerca de 400 pessoas já morreram no Irã desde que os protestos se espalharam pelo país.