Mais

"Beach tennis vai crescer sete vezes em cinco anos", afirma líder do ranking

"Beach tennis vai crescer sete vezes em cinco anos", afirma líder do ranking
"Beach tennis vai crescer sete vezes em cinco anos", afirma líder do rankingTxai Guerreiro
Presente no Brasil há cerca de uma década, o beach tennis tem um crescimento exponencial a ponto de fazer o país se tornar uma potência na modalidade.

A evolução nos últimos anos foi grande em termos de número de praticantes, academias, marcas interessadas em projetos e parcerias, além de resultados a nível internacional. O mineiro Luiz Basile tem grande influência no que se tornou o beach tennis no Brasil, sendo um dos responsáveis por trazer a modalidade para Minas Gerais, um dos Estados mais fortes no cenário. 

Além de atleta e líder do ranking da Federação Internacional de Beach Tennis (IBTF), Luiz é treinador, presidente da Federação Mineira da modalidade e empresário com forte atuação no beach tennis, conhecendo de perto a trajetória do esporte no Brasil e indicando os caminhos para que este crescimento siga ativo por muito anos, com grande margem de conquistas a curto e médio prazo. 

Confira entrevista com Luiz Basile

Como foi a iniciativa de trazer o beach tennis para Minas Gerais?

Eu estava no Rio de Janeiro para apresentar um projeto de tênis nas escolas. A embaixadora do projeto me convidou pra jogar beach tennis na praia. Comecei às 13h de uma sexta-feira, fiquei jogando até as 22h. No sábado, fui cedo para a praia para jogar novamente, no domingo a mesma coisa. Só parei porque tinha que voltar para Belo Horizonte. Quando cheguei aqui, fiquei com essa ideia de trazer para a cidade a modalidade. Comecei a procurar locais em que achava que seria uma boa montar um espaço para a prática do beach tennis. 

Onde e como o esporte já se mostrava presente no território nacional?

Naquele período, era mais forte no litoral paulista, em cidades como Santos e Caraguatatuba, além do Rio de Janeiro. Já tinha algum movimento também no Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina. 

Basile divide atenção entre funções de jogador e técnico
Basile divide atenção entre funções de jogador e técnicoTxai Guerreiro

O que é importante para a modalidade dar certo em algum Estado?

Profissionais capacitados são importantes, professores que consigam passar para os alunos iniciantes as táticas e técnicas corretas. Pessoas que correm atrás do ensino de qualidade fazem a diferença, profissionais dispostos a viver para o jogador. Acredito muito na concorrência sadia entre as arenas, são pessoas que vestem a camisa do esporte e estão voltadas para ele. Tudo isso vai fazer o beach tennis crescer cada vez mais. Não é preciso estar na praia para praticar este esporte. Estamos vendo a modalidade explodir no interior do Brasil como Goiás, Amazonas, Tocantins, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O beach tennis está crescendo por todos os lados. 

Em que mais a modalidade pode crescer no território nacional?

Acho que teremos uma evolução grande quando entrar nas escolas. Sabemos do alto custo do esporte, mas existe uma modalidade chamada gym racket, que tem tudo para ser incorporada. É exatamente como o beach tennis, mas praticada em outras superfícies como cimento, asfalto, grama e piso sintético. Sabemos a força que uma modalidade praticada dentro das escolas possui, temos o grande exemplo do futsal e do handebol. O alcance do beach tennis vai ser ainda maior quando ele tiver uma aceitação por parte das escolas. 

Prefere ser jogador ou treinador?

Gosto muito das duas funções. Como jogador, meu problema tem sido as contusões. Se eu jogar três ou quatro torneios, em sequência, no período de um mês, meu braço começa a doer e as lesões aparecem. Isso já me fez parar por um tempo, não sou mais nenhum menino. Preciso escolher os torneios que for disputar para ter uma vida saudável como jogador.

Beach tennis tem grande margem para crescer nos próximos anos
Beach tennis tem grande margem para crescer nos próximos anosTxai Guerreiro

Ainda estou dentro da quadra e preciso cuidar do físico pra ter longevidade, inclusive como treinador. Como treinador, é muito legal lapidar e ver resultados de alunos. Eu me emociono muito com eles, quando vêm me agradecer após uma vitória ou um jogo difícil. Eles choram e eu choro junto. Tenho essa armadura mas eu desabo quando um aluno meu, principalmente criança ou adolescente, me olha com alegria e satisfação, com aquele sentimento de dever cumprido. É muito bom ser treinador também. 

Um caminho para o beach tennis ganhar mais força no Brasil é um trabalho também nas categorias de base?

A base é a reciclagem do esporte. Mas, no beach tennis, já tivemos atletas mais velhos, muitos ex-atletas de modalidades que migraram para a modalidade. Hoje, temos uma geração de crianças que estão começando neste esporte.

Muitos adultos também estão se encontrando no beach tennis, mulheres sedentárias que começam a praticar e mudam seu estilo de vida, sua alimentação, sua preparação física. O beach tennis é um esporte democrático, vai dos 8 aos 80 anos. O público feminino tem se interessado bastante, temos visto mulheres se capacitando para dar aulas, isso tem crescido no mercado. Espero que o crescimento siga não somente na base. 

Quais os principais avanços do beach tennis nos últimos anos?

Acho que a tecnologia veio para ajudar. Tivemos evoluções nas raquetes e bolas, nos materiais mais leves, nas formas de treino. Antes, tínha como referência somente a escola italiana. Hoje, a espanhola também é um suporte e já temos a presença da escola brasileira. A tecnologia nos ajudou em inovações de materiais didáticos, a saber usar as estatísticas, a ter mais acesso à literatura para melhor conhecimento do esporte. Antes, jogávamos têns na areia, hoje praticamos o beach tennis na sua essência. 

Brasil e Itália estão entre as maiores potências do beach tennis
Brasil e Itália estão entre as maiores potências do beach tennisDivulgação

Em que o beach tennis ainda pode crescer nos próximos anos?

Pode crescer muito, principalmente em número de alunos. A curva de crescimento é enorme. Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Beach Tennis apontou que o número de praticantes vai crescer sete vez em cinco anos. O lugar que estamos não é nem um milésimo de onde podemos chegar, se formos analisar as cidades do Brasil onde a modalidade pode estar presente. 

Por que o Brasil pode ser considerado uma referência?

As condições de trabalho são muito boas, temos ótimos professores. Vários atletas estão se mudando para o Brasil para dar aula por aqui, a demanda tem sido grande. As empresas estão conhecendo melhor a modalidade, começando a investir e liberando patrocínios, temos torneios sendo transmitidos em TV fechada com SporTV e Band Sports, algo que não acontece no exterior, onde a transmissão é somente via streaming. 

Algum país serve de exemplo para inspirar futuras ações?

Nossa primeira referência foi a Itália em termos de tática e técnica. Mas hoje as coisas estão muito globalizadas e o Brasil se tornou uma referência mundial para atuar na parte comercial e no alto rendimento. Temos academia, empresas de vestuário e produtos especializados. Muitos estão se espelhando no Brasil, a exemplo de Portugal, que está começando a fazer este caminho de crescimento. Muitos estão indo para Miami e Orlando para dar aulas por lá e fazer a "febre" do Brasil aparecer em outros locais. O Brasil dominou o cenário e ainda tem muito pra crescer, nossa metodologia ainda vai chegar longe e atingir muitas pessoas ao redor do mundo. 

Confira os principais títulos de Luiz Basile:

Campeão Brasileiro CBT de Simples 2015

Vice-campeão Mundial ITF de Simples - Etapa Garopaba 2017

Campeão Brasileiro CBBT Dupla e Simples 2018

Campeão Pan-Americano por Equipes IFBT 2018

Campeão Sul-Americano de Duplas IFBT 2019

Campeão Sul-Americano IFBT de Simples 2019

Bicampeão Pan-Americano IFBT por Equipe 2019

Campeão Mundial IFBT de Simples 2022