A ideia, a curto e médio prazo, não está focada em resultados e contratações que chamem atenção e terminem com acessos e presença na elite do futebol estadual. O clube, recém transformado em SAF, quer se tornar a primeira “SAF start up” do futebol brasileiro.
A ideia é se tornar o precursor do desenvolvimento de tecnologias que serão testadas no dia a dia do clube, que será uma espécie de laboratório vivo para a Futstorm, empresa investidora, disposta a injetar R$ 25 milhões. O Yuracan, desta forma, servirá de pano de fundo para todos os testes, com as ferramentas criadas gerando patentes visando lucros.
A diferença para tantos clubes que já utilizam tecnologias é que os responsáveis pelo Yuracan vão ditar o direcionamento das pesquisas a serem desenvolvidas ao invés de simplesmente absorver alguma já existente. A inteligência artificial, naturalmente, estará presente em parte delas.
Os focos iniciais de inovação são: desempenho, estrutural e saúde. Ferramentas poderão ser criadas pensando desde a manutenção de um gramado ou do centro de treinamento, passando pelo vestuário do time até a decisão de escalar este ou aquele jogador, com um head de tecnologia dando importante suporte em todas estas operações.
“Queremos transformar a balança comercial do futebol em algo favorável, retendo cérebros, desenvolvendo patentes e oferecendo as ferramentas de qualidade provenientes do Brasil. Também queremos que estas tecnologias propulsionem o desempenho esportivo do Yuracan, trazendo a chance de competir com orçamentos maiores por meio de inteligência de gestão, tecnologia e inovação”, explica Luiz Kriwat, CEO do projeto.
Qualquer ideia ou assunto relacionado ao mundo da bola será válido no estudo a ser feito pela diretoria, sabendo que pequenas dores de torcedores, clubes de qualquer porte e outros envolvidos podem ser colocadas em prática.
O Yuracan prevê o início de sua operação até março de 2026, visando participar da Segunda Divisão, torneio que equivale à 3ª divisão do futebol mineiro. O trabalho diário já está presente nas categorias de base, que ainda operam em regime de escolinha. A proposta do clube é produzir discussões tecnológicas em ciclos de dois anos.
Ideias que podem ser úteis para uma realidade de menor porte, como é o caso do Yuracan, podem servir para ideias com uma projeção maior, que aumentarão o poder monetário e de validação das ferramentas, quem sabe chegando à Série A, em um patamar bem diferente de um clube de 3ª divisão estadual. “Quanto maior nosso calendário e mais difícil forem os enfrentamentos esportivos que tivermos, maior poder de validação nossa tecnologia terá”, reforça.
Em sua quase centenária história, o Yuracan já contou com jogadores como Dondinho, pai de Pelé, além de ter contribuído na formação de Diego Costa, atacante que defendeu a Espanha e do ex-lateral Élder Granja, ex-Inter e Atlético-MG.
Soccer Valley brasileira
A favor do Yuracan, está o ambiente de Itajubá, que poderá, quem sabe, ser chamada de “Soccer Valley” (Vale do Silício) do futebol, um polo nacional de desenvolvimento de tecnologia e inovação voltado ao esporte de alto rendimento.
A cidade é considerada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) a melhor hub de tecnologia do Brasil entre as de médio porte, tendo enorme aptidão para desenvolver projetos de tecnologia.
Este cenário favorável, com boa aceitação para o mundo de desenvolvimento de ferramentas, cercado por tentativas e erros, serviu de motivação para o empresário Vitor Colares, que assumiu o papel de investidor da SAF e idealizador do que pode ser algo transformador.
Os passos firmes do projeto podem fazer o Brasil ir além do seu talento nato de ser um já famoso exportador de “commodities” (atletas), apresentando ao cenário dentro e fora do país um grande potencial de sua propriedade intelectual e tecnologia de ponta. “Queremos ser retentores de cérebros e detentores de patentes”, resume Kriwat.
Parceiro fundamental
Por trás de todo o desenvolvimento de produtos de tecnologia e inovação para fomentar o mundo da bola, o Itajubá terá um parceiro de ponta, que pode ser uma das explicações para a cidade ter alto índice de sucesso em suas startups.
Os métodos de pesquisa terão participação de alunos e professores da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). O acordo prevê a construção do primeiro Centro de Treinamento e Pesquisa (CTP) de um clube profissional dentro de uma universidade pública federal, além da criação do primeiro Laboratório do Futebol do Brasil – o Y-35 Venture Soccer Builder.

"Queremos usar a tecnologia para mudar a indústria do futebol. Temos um ambiente favorável para a criação desta SAF start up, podendo tirar proveito do laboratório no parque da universidade para desenvolver estas linhas de fomento", comenta Kriwat, com passagens por Cruzeiro, América e Londrina.
A SAF realizará Investimentos da ordem de R$ 15 milhões no Campus da UNIFEI, incluindo reformas, benfeitorias e construções em todo o complexo esportivo.
A UNIFEI, além de receber uma estrutura esportiva totalmente reformada, passará a ser a primeira universidade do Brasil a ter um centro de treinamento voltado para a pesquisa no futebol.
