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Competidores de regata de volta ao mundo enfrentam Natal solitário

Um dos participantes acena para a câmera
Um dos participantes acena para a câmeraSEBASTIEN SALOM-GOMIS/AFP
Os velejadores da 10ª edição da Vendée Globe estão embarcando em uma regata de volta ao mundo solo, sem escalas, e estão se preparando para um Natal solitário no meio do oceano, mesmo que sempre possam entrar em contato com suas famílias para se sentirem um pouco mais próximos delas.

Vários desses aventureiros explicaram à AFP sua programação, festiva ou não, para comemorar o Natal sem atrapalhar a corrida.

Com três participações na Vendée Globe, a britânica Samantha Davies tem "lembranças muito boas" de seu Natal no mar.

"Embora as condições sejam muitas vezes difíceis, com tudo o que acontece a bordo, eu tento manter uma espécie de vida normal, caso contrário é muito cansativo. Ainda mais no Natal", explica a marinheira de 50 anos.

claro que vou ligar para meu filho, minha irmã e minha sobrinha", diz ela. Ocupando a 13ª posição na classificação provisória da regata, ela passará a virada do ano perto de Nemo Point, considerado o ponto mais isolado do planeta, no Pacífico Sul, mas planeja compensar a solidão assistindo a um filme ou ouvindo música... se as condições climáticas permitirem.

Colapso emocional

Para outros participantes, as festas de fim de ano serão mais amargas. "Quando vejo minha família reunida, corro o risco de ter um colapso emocional", admite a francesa Clarisse Crémer. Mãe de uma filha de dois anos, ela poderá ligar para seu companheiro, o navegador Tanguy le Turquais, que também está participando da corrida de volta ao mundo.

"É claro que estou ansiosa para ter notícias da minha filha, que estará nas montanhas", acrescenta Cremer, que, devido à falta de referências de tempo em alto mar, acha difícil pensar em pinheiros decorados e fogo na lareira.

O francês Damien Seguin (Apicil), por sua vez, se preparou bem este ano: "Vou passar meu segundo Réveillon no mar. Há quatro anos, percebi que não preparei coisas festivas suficientes e isso me deixou um pouco frustrado", diz o duas vezes medalhista paralímpico.

"Este ano vou preparar um jantar especial; não fui eu quem o preparou, mas vendo o que está na mala, não estou muito preocupado com isso", brinca ele. "Só espero me divertir e, acima de tudo, que as condições climáticas sejam boas na época", acrescenta.

Ceia de Natal

Sam Davies também terá uma refeição "especial", preparada por sua equipe. "No dia de Natal, vou comer um pot au feu (um ensopado típico francês) feito por um amigo chef e beber uma cerveja de que gosto muito, feita em uma brasserie perto da minha casa na Bretanha".

Foie-gras, galinha d'angola com castanhas, lagosta... vários skippers também recorreram a chefs com estrelas Michelin para preparar pratos um pouco mais refinados do que estão acostumados.

Mesmo com a barriga cheia, Romain Attanasio admite que o Natal no mar tem um sabor especial: "É realmente o que marca a solidão na Vendée Globe. Gostaríamos de estar com a família, ao lado da árvore decorada pelas crianças.

Para entrar no espírito natalino, vários marinheiros decoram seus barcos. Attanasio colocou um pequeno abeto em sua mesa, Damien Seguin colocou guirlandas e Sam Goodchild planeja se vestir com um moletom de Natal.

Sébastien Simon planejou uma videoconferência com seu cachorro Chiffon, de quem ele sente "muita falta" desde o início da corrida, em 10 de novembro, em Les Sables-d'Olonne (oeste da França). Para não esquecê-lo, ele vem descobrindo fotos de seu animal de estimação nas sacolas de comida preparada que carrega no barco nos últimos dias.

Liderando a Vendée Globe, o francês Yoann Richomme tem apenas a corrida em mente, embora queira um presente específico para o Natal. "Se eu pudesse passar pelo Cabo Horn, seria fantástico", diz ele. Richomme (Paprec Arkéa) realizou seu desejo na noite de segunda-feira.


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