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Bruno Lage processa John Textor em R$ 46 milhões por descumprir promessa de emprego

John Textor com Bruno Lage na apresentação no Botafogo
John Textor com Bruno Lage na apresentação no BotafogoBotafogo
O ex-técnico do Botafogo e atual comandante do Benfica, Bruno Lage, deu entrada com um processo de indenização de 7 milhões de euros (R$ 46,5 milhões) contra o empresário John Textor. O dono da SAF do Alvinegro teria prometido, no contrato que vinculou o português ao clube carioca, escolher Lage para treinar o Crystal Palace ou o Lyon.

Segundo o jornal The Telegraph, Lage deu entrada com o processo no Tribunal Superior Inglês. O alegado acordo, que cobria o período entre 1º de janeiro e 15 de abril do ano passado, foi assinado pouco depois do técnico assumir o comando do Botafogo com um contrato de seis meses, em julho de 2023.

O português foi demitido após menos de três meses no cargo, naquele que foi o primeiro trabalho desde a demissão do Wolverhampton, em outubro de 2022. O Crystal Palace anunciou Olver Glasner em fevereiro de 2024 para permitir ao clube “antecipar os seus planos de nomeação de um novo treinador”.

Lage nunca foi publicamente associado ao cargo de treinador do Palace, mas estaria na mira do Lyon antes da demissão de Laurent Blanc, em setembro de 2023.

As promessas de Textor

Documentos citados pelo The Telegraph alegam que um “acordo de retenção” assinado por John Textor indicava que qualquer oferta de emprego feita ao português incluiria um contrato mínimo de dois anos e salário combinado, para o treinador e a comissão, de US$ 3,6 milhões (R$ 21,1 milhões) por ano, livre de impostos e contribuições para a segurança social.

O contrato, “juridicamente vinculativo”, estabelecia também que a Eagle Football Holdings, de John Textor, pagaria esse montante a Bruno Lage até 29 de abril do ano passado, caso não conseguisse garantir que o Crystal Palace ou o Lyon fizessem uma proposta semelhante ao treinador português durante o período acordado.

Bruno Lage calcula então que o total chegaria a US$ 7.659.574 (R$ 46,5 milhões), para além dos juros, custos e “outras medidas que o tribunal considere adequadas”. O processo também alega que o acordo incluía uma cláusula que obrigaria Lage a pagar a Textor os US$ 3,6 milhões se assumisse outro cargo, naquele período, que não fosse nos dois clubes.

Acordo descumprido

Depois de deixar o Botafogo, o português ficou desempregado durante o alegado “período de restrição” antes de assumir o cargo no Benfica, em setembro de 2024, substituindo Roger Schmidt. Em maio, Textor anunciou que estava tentando vender a sua participação de 45% no Palace, depois de declarar interesse em comprar o Everton.

A proposta de compra do clube de Merseyside dependia da Eagle Football Holdings se desfazer da participação em uma equipa rival, o que acabou sem sucesso. Oliver Glasner, ex-técnico do Eintracht Frankfurt, conduziu o Palace ao 10º lugar na Premier League na temporada passada, ocupando atualmente o 11º lugar da tabela, com um jogo a menos. 

A Eagle Football Holdings, entretanto, já emitiu um comunicado.

"A Eagle Football tem conhecimento de uma ação judicial apresentada contra si em nome de Bruno Silva do Nascimento (conhecido como ‘Bruno Lage’). A ação está relacionada com um litígio sobre a interpretação correta de um acordo histórico entre a Eagle e o Sr. Lage. A Eagle considera que o Sr. Lage não tem direito contratual aos montantes reclamados em seu nome.

Por conseguinte, a Águia defenderá vigorosamente a ação e procurará recuperar os seus custos junto do Sr. Lage", pode ler-se. A Eagle Football regista que a reclamação de Bruno Lage se refere a uma alegada falta de oferta de emprego num dos seus clubes.

A Eagle Football considera curioso que Bruno Lage se sinta lesado por este facto, uma vez que, como foi amplamente noticiado, abandonou efetivamente um dos clubes da Eagle Football, o Botafogo".