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Flamengo defende fim de gramados sintéticos e restrições a clubes em recuperação judicial

Registro do jogo entre Flamengo e Santos no gramado natural do Maracanã
Registro do jogo entre Flamengo e Santos no gramado natural do MaracanãGilvan de Souza/Flamengo

O Flamengo apresentou à CBF um conjunto de propostas para aprimorar o Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), modelo nacional inspirado no Fair Play Financeiro europeu. Entre os pontos defendidos, o Flamengo propõe medidas mais rígidas para clubes em recuperação judicial e a proibição imediata dos gramados sintéticos nas competições profissionais.

Em sua manifestação escrita, divulgada nas redes sociais nesta segunda-feira (10), o Flamengo argumenta que clubes em recuperação judicial (RJ ou REJ) não devem usar o período de suspensão de pagamentos de dívidas como vantagem desportiva. O clube sugere bloqueio de registro de novos atletas e perda de pontos para quem se beneficiar do intervalo entre o pedido e a homologação da recuperação.

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O texto ainda pede maior rigor contábil, defendendo que o controle financeiro vá além da folha CLT e inclua custos totais de elenco, como direitos de imagem, luvas, bônus e comissões de agentes. O objetivo seria coibir “maquiagens” e rateios fictícios que mascaram despesas do futebol profissional sob categorias de base ou futebol feminino.

Outro ponto de destaque é a proposta de limitar transações entre clubes e empresas ligadas aos mesmos proprietários, de modo a impedir que aportes de capital sejam contabilizados como receitas recorrentes, uma prática que, segundo o Flamengo, distorce a realidade financeira e compromete a competitividade do campeonato.

Ataque aos sintéticos

Entre as propostas de maior repercussão, o Flamengo pede que gramados artificiais sejam banidos de todos os torneios profissionais nacionais.

Segundo o clube, os chamados “gramados de plástico” geram desequilíbrios financeiros, já que os custos de manutenção são muito inferiores aos dos campos naturais, e ainda aumentam o risco de lesões em atletas.

Detalhe do gramado sintético do estádio Nilton Santos
Detalhe do gramado sintético do estádio Nilton SantosBotafogo/Flickr Oficial

A questão reacende o debate sobre a suposta vantagem competitiva de clubes que mandam jogos em estádios com gramado sintético: casos de Palmeiras, no Allianz Parque, o Botafogo, no Nilton Santos, e o Atlético-MG, na Arena MRV. Ambos defendem o uso do material como avanço tecnológico, mas enfrentam resistência de atletas e rivais, que apontam diferenças no quique da bola e desgaste físico maior.

Atlético-MG, de Hulk (foto), vem jogando no gramado sintético da Arena MRV
Atlético-MG, de Hulk (foto), vem jogando no gramado sintético da Arena MRVPedro Souza / Atlético-MG

Outras propostas

O Flamengo também propõe a criação do chamado “Teste de Proprietários e Dirigentes”, um filtro de governança inspirado em modelos aplicados no futebol inglês. O exame serviria para avaliar a idoneidade e capacidade financeira de novos gestores antes de assumirem cargos de comando.

O clube carioca defende, ainda, sanções automáticas e efetivas, especialmente a restrição em janelas de transferências, mesmo que o clube punido regularize sua situação durante o período. A ideia é evitar a procrastinação e reforçar o cumprimento integral das regras.