A reportagem do ge apresentou recibos que mostram o gasto para fins pessoais. O relatório de despesas data de 26 de setembro a 31 de outubro do referido ano. A veracidade dos recibos foi atestada junto à Secretaria da Fazenda.
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Quem assinou o documentou foi Denilson Grillo, vulgo Carioca, motorista do ex-presidente do Corinthians. Questionado pela reportagem, o ex-funcionário do clube afirmou que não tem conhecimento da planilha e muito menos de sua assinatura no documento.

Apesar disso, em documento apresentado na Junta Comercial de São Paulo para abertura de empresa, a assinatura de Denilson está presente.
Grande parte dos comprovantes anexados à planilha não possui comprador identificado, mas há cupons fiscais que possuem o nome de Duilio, de Denilson e seus respectivos endereços residenciais.
Em 36 dias de prestação de contas, o montante gasto em 176 compras declaradas chegou a R$ 86.524,62. O documento aponta ainda que R$ 80 mil foram repassados diretamente à presidência em três vezes, com Denilson tendo direito a um reembolso de R$ 6.524,62.
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De buffet "fantasma" a Cialis
A apuração do ge apontou que a maior parte dos valores foram direcionados ao fornecedor "Oliveira Minimercado". Foram R$ 32.850 gastos em sete notas fiscais entre os dias 18 e 31 de outubro. O serviço oferecido, de acordo com o detalhamento, foi o de buffet.
Mas, no local indicado da nota, vizinhos afirmaram que nunca houve qualquer estabelecimento comercial. Curiosamente, nove dias antes da emissão da primeira nota, o "Oliveira Minimercado" era na verdade o "Oliveira Obras de Alvenaria".
Chama atenção ainda as 38 compras realizadas no "Oba Hortifruti", onde foram adquiridos produtos como cerveja, sorvete, legumes, frutas e picanha. As notas não parecem ter nenhum tipo de relação com o Corinthians e a finalidade futebol, com Duilio sendo identificado em alguns dos comprovantes como o comprador de dois aparelhos de barbear no valor de R$ 3 mil, além de serviços de lavanderia, manicure, pedicure e etc.
Já em nome de Denilson Grillo, as notas apontam para compra de flores, ornamento e até mesmo medicamentos para disfunção erétil: tadalafila e Cialis. Os gastos chegam ainda até Sidney Balbino dos Santos, que foi assessor parlamentar de Andrés Sanchez, ex-presidente do clube, entre 2015 e 2017. Ele teria comprado uma calça e uma camisa social no valor de R$ 339,98.
Procurado pela reportagem, Duilio emitiu uma nota oficial onde disse que está sendo vítima de ataques fraudulentos gerados pela manipulação de notas e planilhas de sua gestão. Ele denunciou o caso na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE/DOPE).
"Numa rápida averiguação, já detectamos uma fatura de cartão de crédito falsa e dois documentos incluídos na suposta planilha identificados como inexistentes em apuração realizada pelo clube junto a diretoria financeira da gestão Augusto Melo, em denúncia anterior", disse o ex-presidente em comunicado.
"Também já formalizei um pedido ao Conselho Deliberativo para que sejam apuradas todas as circunstâncias que envolvem este episódio, tanto em relação à veracidade dos documentos e à tentativa de vinculá-los à minha pessoa, quanto à conduta de todos os envolvidos".
"É evidente que essas ações possuem motivações políticas claras, visando comprometer minha imagem, reputação e a própria estabilidade do Sport Club Corinthians Paulista".
"Em relação à matéria veiculada pelo portal ge.globo, reafirmo que não reconheço a veracidade da planilha divulgada. Nunca tive acesso direto a esse documento, apenas o vi através de imagens compartilhadas em redes sociais e por terceiros. Durante toda a minha gestão, jamais recebi ou aprovei pagamentos naquele formato, muito menos fui informado sobre os supostos pagamentos que agora tentam me vincular", concluiu o ex-dirigente.
Wesley Melo, diretor financeiro no mandato de Duilio Monteiro Alves, e João de Oliveira, presidente do Conselho Fiscal na época, não reconhecem o relatório divulgado.
Gestão Andrés Sanchez na mira
O Conselho Deliberativo dará prosseguimentos às investigações sobre o uso do dinheiro do Corinthians para fins pessoais na gestão Andrés Sanchez em 2020. Na época, o cartão do clube foi acionado para gastos no réveillon em Tibau do Sul, no Rio Grande do Sul, de R$ 9.416, além de quase R$ 7 mil em Fernando de Noronha.
