O Botafogo, pela tradição e maior investimento naquele ano, era amplo favorito ao título. Apesar de toda a expectativa em cima do título do Glorioso, o Juventude surpreendeu a todos e calou um Maracanã lotado por 100 mil alvinegros - maior público da história do torneio - para confirmar presença na edição de 2000 na Copa Libertadores, um feito histórico para o clube gaúcho.
Aquele foi - e segue sendo - o único título do Ju da Copa do Brasil, com o time entrando no torneio continental como franco atirador também pela primeira vez.
Indo contra todas as previsões, o Juventude foi campeão para delírio dos mais de 1.100 torcedores do clube que se dispuseram a ir ao Rio de Janeiro antes de voltar para casa com o sonho realizado.
Na caminhada da Copa do Brasil, eliminações sobre Fluminense (vitória de 6 a 0 em casa), Corinthians, Bahia e Inter, com direito a um 4 a 0 no Beira-Rio, para fazer o que viesse na decisão ser lucro. O saldo foi extremamente positivo contra uma potência do cenário nacional, que amargou o vice diante do seu torcedor para ratificar o estigma de "morrer na praia".
Depois de ter vencido o jogo de ida, em casa, por 2 a 1, o Juventude soube segurar o ímpeto do Glorioso em empate sem gols para frustrar as pretensões dos cariocas de estar na maior competição do continente no ano seguinte.
Salvador da pátria
O goleiro Emerson se tornou um dos grandes personagens daquele duelo, indo bem nas finalizações no alvo do Botafogo e levando sorte, até mesmo, em cobrança de escanteio, que acertou a trave e quase virou um gol olímpico do tetracampeão mundial Bebeto.
Seu companheiro de posição Vágner se atreveu a ir para a área nos acréscimos do segundo tempo buscando um gol histórico que acabou não acontecendo.
O Botafogo parou na defesa alviverde, que fez muito bem sua parte para manter a vantagem do jogo de ida e colocar seu nome na história do clube e do futebol brasileiro.
Foi de Bebeto o gol do Botafogo na partida no Sul do país, com o time da estrela solitária tendo atuação pouco inspirada na volta, quando precisava vencer por um único gol de diferença.
Arbitragem contra e infiltração no sacrifício
O Glorioso saiu de Caxias do Sul reclamando da atuação do árbitro Márcio Rezende de Freitas, responsável por anular dois gols dos visitantes. No Rio, Bebeto jogou no sacrifício, tomando infiltração para ter condições mínimas de jogo, sendo substituído no segundo tempo para volta dos torcedores alvinegros.
"Aquela foi uma das maiores decepções que tive no mundo do futebol. Depois que fui substituído, tivemos duas chances claras. Se fosse eu em campo, o gol tinha saído. O técnico Gilson Nunes chegou a me pedir desculpas por ter me tirado do jogo", lembra Bebeto em entrevista ao podcast Flow Sport Club.

O empate coroou a campanha perfeita do Ju, que fez alguns nomes como o zagueiro Capone, o volante e capitão Flávio e os atacantes Maurílio e Márcio Mixirica colocarem seu nome na memória e no coração dos torcedores da Serra Gaúcha.
O mundo da bola pode dar quantas voltas quiser, com os dois times tendo tudo para seguir com metas diferentes a cada temporada. No entanto, nada vai apagar uma das maiores zebras da final da Copa do Brasil, com o Juventude seguindo sendo lembrado por ser o responsável de um proeza que poucos conseguirão em um dos estádios mais míticos do futebol mundial.