O italiano Carlo Ancelotti será o quarto estrangeiro a assumir o comando da Seleção Brasileira mas, ao contrário dos antecessores de vida curta, o ainda treinador do Real Madrid assumirá o cargo com a ideia de mudar a maré e guiar os pentacampeões para uma Copa do Mundo bem-sucedida em 2026.
O primeiro gringo a treinar o Brasil foi o uruguaio Ramón Platero, na Copa América (então Campeonato Sul-Americano) de 1925. Embora Joaquim Guimarães tenha sido oficialmente apresentado para a competição, Platero era o técnico de fato enquanto o brasileiro assumia as funções gerenciais, segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2015.
O Brasil foi vice-campeão do torneio, disputado entre o final de novembro e dezembro em Buenos Aires com apenas duas outras seleções: Argentina, campeã, e Paraguai. Os números dos brasileiros na Copa? Duas vitórias, um empate e uma derrota. Após o término do torneio, ele deixou o cargo, que havia assumido depois de se destacar no futebol local.
Depois de vencer o Campeonato Sul-Americano com em 1917, Platero assumiu o Fluminense (1919) e foi o primeiro técnico do Flamengo (1921), que antes de sua chegada era dirigido por um comitê. Em 1922, foi protagonista de um fato curioso: treinou o Fla, na primeira divisão do Campeonato Carioca, e o Vasco, na segunda divisão.
Naquela temporada, foi vice com o Rubro-Negro Carioca e conseguiu a promoção do Vasco da Gama, onde permaneceu em 1923. Em seguida, foi técnico do Botafogo, Santos, Palmeiras e São Paulo.
Uma dupla de nações
Durante muitos anos, a passagem de Platero pela Amarelinha foi desconhecida, até mesmo pela CBF. Para alguns, o primeiro estrangeiro a assumir o comando da Seleção foi o português Jorge Gomes de Lima, conhecido como Joreca. O então técnico do São Paulo formou uma dupla de treinadores com o brasileiro Flávio Costa em 1944.
A dupla treinou o Brasil em dois amistosos contra o Uruguai: vitórias por 6 a 1 em 14 de maio no Rio e por 4 a 0, quatro dias depois, em São Paulo. Depois da experiência, Joreca continuou no São Paulo até 1947, dois anos antes de morrer de um ataque cardíaco, e ainda é considerado um dos melhores comandantes do Tricolor Paulista.
Costa foi o técnico da Seleção Brasileira durante o “Maracanaço”, quando o Uruguai venceu por 2 a 1 na final da Copa do Mundo de 1950. O treinador faleceu em 22 de novembro de 1999, aos 93 anos.
Seleção muito palmeirense
O último estrangeiro a treinar o Brasil foi o argentino Filpo Núñez, em 7 de setembro de 1965, quando a seleção já era bicampeã com as taças das Copas do Mundo da Suécia em 1958 e do Chile em 1962. Na época, o ex-jogador do San Lorenzo e do Independiente da Argentina comandava um grande time do Palmeiras, que ficou famoso por vencer o Santos de Pelé.
A Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF, pagou ao Verdão para representar a seleção em um único amistoso contra o Uruguai para comemorar a inauguração do estádio Mineirão, em Belo Horizonte.
Vestindo a Canarinha, o Palmeiras de Núñez venceu os uruguaios por 3 a 0 e depois retornou a São Paulo, onde o técnico, falecido em 6 de março de 1999 aos 78 anos, completou a consolidação da chamada “Academia Palmeirense” (1961-70), uma das eras mais gloriosas do time paulista.
