Copa 2026: FIFA sofre chuva de críticas por esquema de venda e preço de ingresso

A FIFA de Gianni Infantino vai fazer bastante dinheiro nos EUA
A FIFA de Gianni Infantino vai fazer bastante dinheiro nos EUARoberto SCHMIDT / AFP

O maior grupo de torcedores da Europa pediu à FIFA que suspenda imediatamente as vendas de ingressos para a Copa do Mundo, acusando a entidade de impor preços "extorsivos" que podem afastar os torcedores do torneio.

Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (11), o Football Supporters Europe (FSE) afirmou que os preços dos ingressos destinados às seleções atingiram níveis "astronômicos".

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Segundo a FSE, um torcedor que acompanhasse sua seleção desde o primeiro jogo da fase de grupos até a final, teria de desembolsar pelo menos US$ 6.900 (mais de R$ 37 mil), quase cinco vezes o valor cobrado na Copa do Mundo de 2022, no Catar.

A FSE afirmou que os torcedores são obrigados a pagar o valor total já no início de 2026 para garantir o direito de comprar ingressos até a final.

A categoria de preço mais baixa – Categoria 4 – não será disponibilizada aos torcedores mais fiéis por meio das seleções, já que a FIFA reservou esses ingressos para venda ao público geral, sujeitando-os à precificação dinâmica.

O grupo classificou essa decisão como uma "traição monumental" à tradição da Copa do Mundo e à contribuição dos torcedores que viajam para criar o clima do torneio.

Nesta semana, o preço das entradas subiu quase 2 mil dólares em relação a outubro.

 

Cambista de si mesma

A FIFA também inventou uma "taxa de retorno", cobrada quando seu time não avança de fase e você perde direito ao ingresso.

A entidade cobra 10 dólares de "taxa" para devolver o seu dinheiro. Essa prática não é nova – foi usada, por exemplo, no Mundial de Clubes do meio do ano.

Outra crítica é em cima do esquema de revenda de ingressos. Além de ter criado seu próprio mercado de cambismo, ao permitir que torcedores imediatamente repassem ingressos uma plataforma criada pela entidade, a FIFA cobra 30% do valor da revenda – sobre um ingresso que ela mesmo acabou de vender.

Ingressos mais caros da história

"É um pequeno grupo de pessoas tentando lucrar ao máximo com o torneio. E acreditamos que essa postura coloca em risco a própria essência da competição", disse o diretor executivo da FSE, Ronan Evain, à Reuters.

"Para a final, os ingressos estão chegando a cerca de US$ 4 mil. Você precisa dos torcedores, precisa da vida nas arquibancadas, das cores, do clima. Com esses preços, nada disso vai acontecer," acrescentou.

Pela primeira vez em uma Copa do Mundo, não haverá preços padronizados para todos os jogos da fase de grupos, já que a FIFA vai adotar preços variáveis baseados em critérios pouco claros, como a "atratividade" da partida.

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Isso significa que torcedores de diferentes seleções podem pagar valores distintos pelo mesmo tipo de ingresso na mesma fase, sem transparência sobre como os preços são definidos.

Evain afirmou que a nova estrutura vai impedir a viagem de muitos torcedoresr, especialmente famílias.

"Estamos falando de cerca de US$ 30 mil para uma família de quatro pessoas. A grande maioria dos torcedores de futebol não tem condições de pagar isso. Nem mesmo na Europa", garantiu.

A FSE pediu que a FIFA suspenda a venda de ingressos das PMAs e abra consultas com as associações membros, grupos de torcedores e outros envolvidos "até que se encontre uma solução que respeite a tradição, a universalidade e a importância cultural da Copa do Mundo".