O título continua sendo uma realidade distante, aprofundado pela disparidade financeira perceptível e também pelo calendário sufocante. Mas, em termos regionais, o futebol brasileiro só confirmou o que tem sido — dominante em relação aos vizinhos.
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A pirâmide do futebol mundial, obviamente, apresenta a Europa no topo, mas o Brasil aparece com certa folga à frente dos demais competidores do continente sul-americano — Boca Juniors e River Plate, os gigantes argentinos, sequer passaram da primeira fase.

O clube xeneize fez ainda mais feio ao não conseguir vencer o modesto Auckland, da Nova Zelândia, um time semiprofissional.
O respirar dos técnicos brasileiros
Mas para além desta disputa doméstica, há quem até ache que o respeito foi devolvido ao futebol brasileiro, mesmo que os técnicos europeus, como Pep Guardiola e Enzo Maresca, apontassem que nunca houve descrédito ao Brasil — não à toa, o desejo do futebol do Velho Continente continua sendo ter jogadores brasileiros (aos montes).
Para Renato Portaluppi, a questão é ainda mais profunda. As performances do Fluminense e também de Filipe Luís à frente do Flamengo simbolizam uma vitória para os técnicos brasileiros, desprestigiados nos últimos anos por serem taxados como defasados em termos táticos.

"Eu acho que a credibilidade voltou bastante forte para o futebol brasileiro. Pelas grandes equipes, tanto o Flamengo, o Botafogo e o Palmeiras. O Fluminense chegando à semifinal. Em termos de Europa, não só o mundo, mas que o Brasil possa olhar com outros olhos o treinador brasileiro. Valorizar mais os treinadores brasileiros também", disse Renato após a derrota para o Chelsea na última terça-feira (8).
"Nada contra os estrangeiros, tem espaço para todo mundo, mas muita gente fala só dos estrangeiros e dão pouco interesse para os brasileiros. Acho que o mundial fez os brasileiros subirem na cotação. Que a gente tenha um pouco mais de respeito com os treinadores brasileiros. Sei que isso é difícil, mas espero que aconteça", acrescentou.
As lições do Mundial
O torneio nos Estados Unidos apontou ainda que o futebol brasileiro consegue competir com os times que estão em uma considerada segunda prateleira da Europa — caso do Porto, que foi ao Mundial e terminou por demitir o técnico argentino Martín Anselmi após uma eliminação traumática ainda na primeira fase.

Para romper a última barreira, no entanto, o processo ainda é penoso. Só que o Mundial deixou boas lições para as equipes do país pentacampeão mundial.
"Os times brasileiros sempre estiveram no seu limite, enquanto os europeus tinham margem para melhorar, como vimos nas fases mais agudas. O Fluminense chegou entre os quatro melhores da competição. Isso não é pouca coisa. Precisa ser destacado. Mesmo o Palmeiras nas quartas merece respeito", analisou o jornalista brasileiro Robson Morelli, da Rádio Eldorado e do The Football.
"Há um caminho para clubes brasileiros no Mundial. Fiquei com essa impressão. Existe uma diferença técnica grande entre os brasileiros e os europeus. Sempre soubemos disso. As lições que Fla, Flu, Botafogo e Palmeiras levam dos Estados Unidos é uma só: com tempo para treinar e recuperar seus jogadores, os times tendem a jogar mais e melhor, com mais intensidade", seguiu.

"Penso que os técnicos dos times brasileiros saem do Mundial com a certeza da necessidade de rodar elencos e maneiras de jogar. Todos eles montaram seus times de diferentes maneiras e de acordo com os adversários. A concepção de 11 titulares ficou para trás. O Mundial confirmou essa tendência para os brasileiros", concluiu Morelli.
Sem troféu "De igual para igual"
O jornalista André Avelar, da revista Placar, apontou para outro fator que sempre cercou o imaginário das disputas entre brasileiros e europeus — o termo "jogamos de igual para igual". Existe a diferença, mas o saldo da participação é positivo.
"O troféu jogamos de igual para igual não existe. Mas, ainda assim, é louvável o desempenho dos quatro times brasileiros que estiveram no Mundial de Clubes. Flamengo e Botafogo caíram ainda nas oitavas de final da para Bayern de Munique e Palmeiras, respectivamente. O Palmeiras parou na fase seguinte para o Chelsea. E o Fluminense, como o Renato Gaúcho disse, era o patinho feio nessa briga", comentou.

Avelar lembrou ainda do Mundial distópico que tomou forma nos Estados Unidos, com Renato Gaúcho, por exemplo, dedicando-se ao estudo do futebol, enquanto Guardiola curtia, de certo ponto, a praia com os jogadores de Manchester City.
No momento mais crucial da peleja, todavia, essa disparidade de realidades conflitou-se. João Pedro, um jovem talento brasileiro, obliterou o já veterano goleador do Fluminense.
"O Fluminense foi o elefante que subiu na árvore, ninguém sabia como chegou ali, mas era certo que caíria, natural nessa batalha de brasileiros contra europeus. O trunfo para o Fluminense ir longe na competição foi Renato Gaúcho que, olha só, agora um estudioso do futebol", analisou.

"Longe da praia, do futevôlei, o já folclórico treinador montou uma boa equipe, mas falou mais alto o poderio econômico. O Chelsea tinha jogador revelado em Xerém, João Pedro, de 23 anos, que marcou dois golaços na semifinal. Já o Flu jogou com um centroavante de 37 anos, voltando de lesão, Germán Cano", concluiu André Avelar.
Não importa onde, sempre vai ter um brasileiro
O futebol brasileiro foi o único que chegou à semifinal da Copa do Mundo de Clubes, metendo-se na disputa com os gigantes europeus. O país também acumula importantes marcas dentro da Copa do Mundo de Clubes, como a maior quantidade de jogadores de uma mesma nacionalidade e o número de gols somados.
Até o momento, 30 tentos foram marcados por jogadores brasileiros na competição, 11 a mais do que a segunda colocada Argentina, com 19. Só depois aparece o futebol francês, com 16 gols marcados por jogadores do país europeu.

O brasileiro Marcos Leonardo, do Al-Hilal, é um dos artilheiros da competição, com quatro gols, empatado com Di María, ex-Benfica, Gonzalo García, do Real Madrid, e Guirassy, do Borussia Dortmund.
Em termos de público, o jogo da semifinal entre Fluminense e Chelsea, no MetLife Stadium, foi o quarto maior do Mundial de Clubes — com 70.556 torcedores. Os brasileiros também foram os que mais adquiriram ingressos da competição intercontinental e fizeram festas memoráveis nos principais pontos turísticos das cidades-sede.

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