Embora não haja confirmação oficial, Wilson diz que ficaria surpreso se a Copa do Mundo de 2034 fosse para qualquer lugar que não a Arábia Saudita.
"A forma como a FIFA conduziu o processo de licitação – se você pode chamá-lo assim – foi basicamente dizendo aos países que têm um mês para preparar uma oferta sem aviso prévio", explicou.
"A Austrália foi a única concorrente séria, mas eles decidiram que não tinham tempo suficiente, compreensivelmente. Eles também reconheceram que havia um desejo dentro da FIFA para que a Arábia Saudita sediasse o torneio", acrescentou.

Wilson disse que "é assim que essas coisas funcionam", pois acordos foram feitos também dentro da UEFA para que Grã-Bretanha e Irlanda ficassem com a Euro 2028, "permitindo que Espanha e Portugal tivessem uma candidatura clara para 2030 e, em seguida, Itália e Turquia para 2032".
"O que é estranho sobre 2034 é que os concorrentes não tiveram a chance de apresentar uma oferta", disse ele.
Legado do Catar
Apesar de a FIFA ter anunciado que a Copa traria melhorias sociais, Wilson diz que não viu mudanças no Catar, país que sediou o Mundial em 2022 e foi criticado antes do torneio por seu histórico negativo de direitos humanos.
"As pessoas que voltaram ao Catar um ano depois encontraram exatamente o mesmo número de trabalhadores migrantes em condições terríveis. Não houve libertação dos direitos gays ou dos direitos das mulheres", contou.

Wilson acredita que a FIFA e a UEFA não se importam com o "sportswashing", contanto que seus bolsos estejam engordando.
"É um grande problema, mas eu não acho que eles se importam. Acho que estão felizes em ganhar o dinheiro", afirmou.
Infantino: um retrocesso
Gianni Infantino foi eleito presidente da FIFA em 2016, substituindo Joseph Blatter. Embora o reinado de Blatter tenha sido recheado de controvérsias e alegações de corrupção, Wilson acredita que Infantino é pior que seu antecessor.
"Ele é muito pior. Muito, muito pior que Blatter... Blatter não era bom, mas foi o melhor dos últimos quatro presidentes, talvez até antes disso. Blatter, pelo menos, em algum lugar, tinha algum senso de querer fazer o melhor pelo futebol", opinou o jornalista.

"Eu não acho que ele (Blatter) era corrupto, mas ele permitiu que a corrupção continuasse ao seu redor. Ele se pagava um grande salário, mas era um milhão de vezes melhor que Infantino. Meu problema com Infantino é que grandes decisões são apresentadas como se fossem fatos consumados, sem absolutamente nenhuma consulta", disse Wilson.
"De repente, ele vem e diz que a Copa do Mundo terá 48 times, com 16 grupos de três. Não houve discussão, nenhuma consulta. Ele fez isso com praticamente tudo, sem dar a oportunidade de se consultar, debater ou discutir", concluiu.