Leia a seguir a conversa com o comandante da Argentina, que assumiu a equipe em 2018 e se prepara para jogar seu segundo Mundial.
Confira a tabela das Eliminatórias da Copa
• Você concorda que vive uma das épocas mais bem-sucedidas do futebol argentino?
Sim, sim, tivemos a sorte de fazer parte disso, graças aos jogadores que, no final das contas, foram os que nos deram essa maneira de jogar. Espero que possamos continuar. É sempre cada vez mais difícil, mas, bem, o importante é continuar tentando, não é?
• Você disse que a equipe está mais forte, independentemente da presença ou não de Lionel Messi. Como você conseguiu isso?
Bem, no final das contas, quando ele está em campo, sabemos como a equipe joga, mas a equipe também interpretou que, quando ele não está em campo, nossa linha de jogo tem de ser a mesma. Felizmente, temos jogadores que diminuem a ausência dele, e isso é o mais importante.
Sem jogadores é difícil, e é isso que essa equipe nacional tem, poder escolher entre os melhores e ter um grupo enorme de jogadores.
• O que você vai analisar nas duas últimas partidas das Eliminatórias?
Os jogos contra a Venezuela e o Equador, além do fato de serem eliminatórias, vamos aproveitá-los para tentar manter uma linha de jogo, dando o nosso melhor, mas também aproveitando o fato de já estarmos classificados, para dar a oportunidade a um jogador que esperamos e queremos ver em campo. Esperamos poder dar a chance a alguns jogadores que não tiveram oportunidade nesses dois jogos.
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• Você se imagina treinando a seleção nacional após a Copa do Mundo de 2026?
A verdade é que nunca pensei além do que estava por vir, nem mesmo estou pensando na Copa do Mundo, estou pensando nesses dois jogos que estão por vir, Venezuela e Equador, e depois na turnê pelos Estados Unidos.
No final das contas, não vale a pena pensar muito além, porque senão você se distrai do que está por vir. Nosso lema é sempre "pensar no imediato".
Lionel Messi
• Messi confirmou que jogará seu último jogo oficial em território argentina pela seleção. Como você vê a era pós-Messi?
Sim, bem, em princípio será. Vamos aproveitá-lo agora, vamos aproveitá-lo o máximo possível, o máximo de jogos que ele puder jogar, e veremos no futuro... É óbvio que em algum momento ele não estará aqui e a seleção argentina sempre continuará, mas no momento em que ele decidir não vir, a perda será enorme, não apenas para o futebol argentino, mas para o mundo do futebol, que quer vê-lo em campo. No final das contas, quem gosta de futebol gosta que ele esteja lá, então, por enquanto, vamos aproveitar.
Nós, como comissão técnica, temos de aproveitá-lo: o argentino sempre pensa no que vai acontecer sem aproveitar o presente, então, por enquanto, eu o aproveito nos treinos e é isso que farei.
• Existe um herdeiro de Messi no futebol argentino?
Não, não pode haver. Não haverá. Não haverá um herdeiro para Messi, com certeza.
• E no futebol mundial?
Não, vejamos, pode haver grandes jogadores que marcaram época, mas o que ele fez em um período tão longo, acho que será irrepetível.
O futebol tem muitas coisas impensáveis, mas nesse caso eu quase posso lhe garantir que será impossível ver algo parecido. Pelo menos pelo que vi, acho que o Leo é incomparável.
• O que Messi significa no vestiário?
Já sabemos muito bem o que Messi representa para o companheiro de equipe, tanto dentro quanto fora do campo, para o adversário, para o árbitro... todos querem ter algo dele.
O fato de Leo estar apenas em campo já tem um impacto, e seus companheiros de equipe no vestiário, imagine só, todos estão atentos ao que ele faz ou diz, e a verdade é que quem o conhece percebe que ele é apenas mais um.
• Algum momento inesquecível que você tenha vivido com Messi?
Com o Leo, tivemos muitos momentos em que percebi que estávamos falando de um jogador irrepetível. Conosco, ele jogou partidas que só ele poderia jogar, em condições físicas em que outros não teriam entrado em campo. Ele entrou em campo e ninguém percebeu o que estava acontecendo com ele. Vimos coisas nos treinos que são difíceis de ver em outro jogador. Então, bem, você os guarda e os leva com você para sempre.
Enzo Fernandez
• Em relação a Enzo Fernandez, como você o vê na Premier League e daqui até a Copa?
A adaptação dele à Premier League acabou, é isso, ele é um jogador pronto e mantém um dos melhores níveis na Premier League, que hoje é a liga mais competitiva do mundo. Felizmente, ele tem um técnico (Enzo Maresca) que entende como ele joga, como ele gosta de jogar, e ele está feliz pelo que vejo.
Espero que ele mantenha esse nível, que é o mais importante: nós apreciamos muito o fato de ele ter ficado lá e de ser o jogador emblemático do Chelsea, que é um grande clube da Europa.
• Como você avalia o fato de ele jogar sob pressão no Chelsea? Isso o ajuda a jogar pela seleção argentina?
Só o fato de ter sido campeão da Copa do Mundo e ter recebido a braçadeira de capitão já é suficiente para mostrar que eles viram que ele é capaz de jogar sob pressão. Acho que ele é capaz de fazer isso. Eles são garotos que competem desde pequenos, e a pressão em um campo de futebol não é nada para eles, eles têm feito isso a vida toda e acho que até se movem bem nesse aspecto. Portanto, eu o vejo bem e com vontade.
• Você o vê como um líder depois de Leo Messi em termos de projeção na seleção?
A palavra líder tem muitas conotações. Você pode ser um líder sem falar, pode ser um líder falando, pode ser um líder com as palavras certas ou pode ser um líder jogando porque é bom no futebol. Há muitos jogadores de futebol aqui que têm esse papel. É claro que Enzo Fernandez, por causa de sua idade, está destinado a ser um jogador que deve permanecer por muitos anos.
Nico Paz
• Quanto a Nico Paz, como você vê a evolução e o crescimento dele sob a orientação de Cesc Fàbregas? Você conversa com o técnico sobre Nico?
Walter Samuel é muito próximo do Como e costuma ir aos treinos, está em contato com eles e, felizmente, Cesc Fabregas é um técnico que joga o tipo de futebol de que gostamos, que faz Nico Paz jogar da maneira que queremos que ele jogue e lhe dá a importância de que Nico precisa.
O futebol ofensivo do Como passa por seus pés, e estamos felizes com sua forma atual. Ele é um garoto que vai nos dar coisas. Tudo a seu tempo, como sempre dizemos: hoje temos uma equipe nacional consolidada, com uma base sólida, e os que estão chegando estão contribuindo com suas coisas, e Nico também está destinado a ser um daqueles que podem ficar conosco por muito tempo.
• Você vê alguma característica particular em relação a outro jogador em relação ao Nico Paz?
Não gosto muito de comparações. O Nico é um jogador que tem um gol, é forte fisicamente e também tem um trabalho defensivo importante. Ele é um jogador muito completo. E não vamos nos esquecer de que, como dizem, ele está apenas começando sua carreira e ainda tem muito a dar. Ele será um jogador completo.
Franco Mastantuono
• E em relação a Franco Mastantuono, que já estreou bem no Real Madrid? Como você viu de perto toda essa evolução?
A situação do Franco é um pouco parecida com a do Nico Paz. Ele é um garoto muito jovem, até mais jovem que o Nico, que deu um passo gigantesco em sua carreira, em um clube que é enorme, e tudo no tempo certo.
Felizmente, seu técnico o entende, ele sabe muito bem o que existe lá e eles vão levá-lo da maneira que acharem melhor. Não vamos nos esquecer da idade que ele tem, não vamos nos esquecer do passo que ele deu, e acho que o Real Madrid está ciente disso e vai levá-lo da maneira que achar que ele pode subir. Vamos entender que ele é um garoto jovem e que precisa se adaptar.
Nós, como comissão técnica, acreditamos em suas possibilidades e, na medida em que acharmos que é conveniente e que ele pode contribuir, nós o utilizaremos. E se acharmos que ainda não é o momento certo, faremos isso também... mas está claro que ele é um garoto que tem um grande futuro.
Cristian Romero
• Com relação a Cuti Romero, ele renovou com o Tottenham. Como você vê o presente dele e a decisão de ficar no Spurs, sabendo que ele tinha várias ofertas?
Bem, o Cuti está em um grande clube, um dos melhores da Europa, e acho que a renovação dele lhe trará tranquilidade, estabilidade e ele continuará na mesma linha em que tem estado. Ele teve alguns problemas físicos, mas felizmente agora eles parecem estar diminuindo, e ele está voltando a ser o jogador que acreditamos que ele pode ser. A renovação mostra a ele que o clube tem confiança em seu trabalho. A renovação mostra a ele que seu clube tem muita confiança nele.
Giuliano Simeone
• Muita gente compara o Simeone com o pai. Você concorda?
Bem, Giuliano, como você disse, tem o "DNA Simeone", tem o DNA competitivo que Cholo tinha quando jogava, e o que eu mais gosto é que ele está sempre atento às instruções do técnico. Ele sempre quer melhorar, com a comissão técnica ele analisa as situações, pede vídeos, relatórios... ele é um jogador de futebol interessante, ainda é muito jovem e ainda tem muito a melhorar.
Ele já faz parte do nosso elenco regularmente, então vai depender muito do que queremos ou do que achamos que podemos usar em cada jogo, mas ele é um jogador que também faz parte da nossa seleção nacional.
• Ele tem uma mentalidade competitiva, como Cholo tinha?
Sim, sim, é por isso que estou lhe dizendo, tanto ele quanto Giovanni, que também tivemos, são muito parecidos nesse aspecto, e treiná-los é um prazer, porque são caras que dão tudo de si e, para nós, isso é espetacular.
Rodrigo De Paul
• Como você vê a decisão de De Paul de deixar a Europa e se juntar ao Inter Miami na MLS? Você o aconselhou?
Rodrigo nos informou que estava indo para o Inter Miami e, como tantas outras transferências e mudanças no tempo em que estamos aqui, nunca interferimos. Acreditamos que uma transferência não se trata apenas de esporte, mas também de família e emoções. Há muitas coisas nas quais não precisamos nos envolver e avaliaremos o desempenho dele em campo. Não nos importamos com a liga em que ele joga, mas com o desempenho que ele tem e, se ele continuar no nível que conhecemos, ele continuará a ser, e isso é o mais importante. Veremos o que acontecerá no futuro, mas sabemos o que faremos no futuro.
Mas sabemos muito bem como ele é, como ele dá tudo de si e qual é seu aspecto competitivo, e não acho que isso mudará muito.
• Como você o viu nesses jogos do Inter?
Ele é um cara que sempre dá tudo de si. Ele se encaixou muito bem na equipe e é por isso que eu digo que não é importante onde ele joga, mas o que ele faz em campo. Depois, quando ele vier para cá, logicamente jogaremos do nosso jeito e avaliaremos se ele tem de jogar ou não. O Rodrigo sempre jogou quando esteve disponível, então vai depender muito dele, eu sempre digo a mesma coisa.
Franco Armani
• Com relação a Franco Armani, você se sente tentado a chamá-lo de volta para a seleção argentina?
Eu amo e aprecio Franco como se ele fosse meu irmão. O que ele fez por nós em termos de esporte e trabalho em equipe foi incrível. Não vamos nos esquecer de tudo o que ele nos deu. Ele disse o que queria com a equipe nacional, que seu tempo com a equipe nacional acabou, e nós respeitamos sua decisão. Acho que tem sido bom para ele: ele está totalmente concentrado no River e está realmente fazendo seu nome, estamos felizes e até animados por vê-lo assim. Quando um jogador de futebol toma uma decisão desse calibre, é difícil convencê-lo e é difícil fazê-lo mudar de ideia.
Copa do Mundo de 2022 e o sonho de 2026
• Qual imagem você mais se lembra da conquista no Catar?
O que acontece com o vestiário é que há momentos que ficam com você e há momentos dos quais você se lembrará 30, 40 anos depois. O que eu mais gosto foi quando estava sentado no banco dos suplentes e vi todo mundo... não foi no vestiário, mas no campo, vi todo mundo que fez parte daqueles dias no Catar, todo mundo correndo para um lado, correndo para o outro, se abraçando. São momentos únicos e eu, felizmente, tenho isso na minha memória, porque foram 30, 40 segundos em que eu estava sentado lá, vendo todo mundo correr. Acho que esse foi o momento, assim como foi para a America's Cup em 2021, que também fiz a mesma coisa, e ver todo mundo correndo, sem saber para onde ir. Esses são momentos únicos que, com certeza, ficarão comigo.
• Acha que o inchaço da Copa de 2026 vai funcionar?
Bem, além do fato de ter mais equipes, tem a particularidade de ser disputada em três países diferentes, com mudança de horário, com o calor, que acho que é uma questão importante a ser discutida, embora depois provavelmente não tenhamos muito o que fazer. Vai ser difícil, duro, como são todas as Copas do Mundo, e com a dificuldade adicional de jogar com o clima. Portanto, vamos aguardar o sorteio e ver onde jogaremos.
• E quanto ao seu futuro, quando você vai decidir? Depois da Copa do Mundo?
Não, a verdade é que não estou com a cabeça no lugar, como também não sabia depois do Catar. Não estou com a cabeça no lugar, isso me desgasta e não acho que seja importante hoje. Hoje é mais importante chegar bem e fazer as coisas direito para que a equipe chegue da melhor maneira possível.