Flavio Tunessi, traumatologista do clube argentino Gimnasia de La Plata desde 2002, prestou depoimento em San Isidro, perto da cidade de Tigre, onde o ídolo argentino morreu. O médico relatou que, em 30 de outubro, durante uma homenagem aos 60 anos do ídolo, quando ainda era técnico da equipe, viu Maradona caminhando sozinho em direção a uma ambulância.
Confira a classificação das Eliminatórias da Copa
"Cheguei perto dele e disse 'Diego, precisa de alguma coisa?' e ele me disse 'não, vou embora, não estou bem' e saiu", narrou.
O médico contou que neste dia viu o argentino "magro e abatido" e que outras pessoas que interagiram com o ídolo lhe disseram que "não o viam bem", incluindo o presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Claudio Tapia.
No dia seguinte, o médico pessoal de Maradona, Leopoldo Luque, levou o ex-jogador à clínica onde Tunessi trabalhava para interná-lo e realizar exames. Lá, detectaram que o argentino tinha um "hematoma subdural" na cabeça, embora os neurologistas da unidade médica, que também testemunharam nesta quinta-feira, consideraram que "não se tratava de uma emergência cirúrgica".
O chefe de neurologia da Ipensa, Guillermo Burry, considerou que "o quadro clínico do paciente não era devido ao hematoma subdural" e que, devido às comorbidades, "não era o momento certo" para uma operação. Entretanto, Luque, também neurocirurgião, considerou submetê-lo a um procedimento cirúrgico e transferi-lo para a Clínica Olivos, onde Maradona foi operado em 3 de novembro.
O julgamento
Maradona morreu de edema pulmonar causado por insuficiência cardíaca no dia 25 de novembro de 2020, enquanto estava internado em casa após uma neurocirurgia. Médicos, enfermeiros, um psiquiatra e um psicólogo são acusados de homicídio com dolo eventual, que implica que sabiam que suas ações poderiam resultar em morte.
A audiência desta quinta-feira continuou com o depoimento de um cardiologista que atendeu o ex-camisa 10 na clínica Ipensa. O julgamento seguirá pelo menos até julho, com o depoimento de dezenas de testemunhas. Os réus correm o risco de pegar entre 8 e 25 anos de prisão.