Em longa entrevista ao podcast português "No Princípio Era a Bola", do jornal Tribuna Expresso, Boto garantiu que o elenco não passará por “grandes revoluções” para o ano que vem.
“Claramente, o mercado sul-americano é neste momento pequeno para aquilo que é a realidade do Flamengo e a cultura do Flamengo. Não quer dizer que não haja no Brasil, na Argentina, no Equador, jogadores com muito potencial. Mas no Flamengo tem que trazer jogadores prontos para jogar, pela pressão que é. Isso é outra coisa que influencia muito", contou ele.
Mentalidade "mais europeia"
“É óbvio que jogadores com mais bagagem, mais experiência, suportam isso melhor do que outros. Além dessa ideia, há também uma ideia de trazer uma cultura mais europeia para dentro do clube. E tendo essas referências que temos hoje, Danilo, Jorginho, Alex Sandro, que são referências da forma como encaram a profissão, acaba por influenciar todos os outros", continuou o diretor.
“Essa é uma das ideias que tivemos e que fez parte do padrão de contratações. Não eram só jogadores que precisávamos em termos técnicos ou táticos, mas também a nível de mentalidade que trouxessem um plus ao clube", acrescentou ele.
Ano mais difícil e preocupação com férias
José Boto espera um ano mais desafiador e garante que o Brasileirão será prioridade do Fla em 2026.
“A Libertadores, como toda competição eliminatória, é mais difícil de prever, por isso nosso objetivo sempre é sermos campeões do Brasileirão", disse ele.

“Acho que a temporada vai ser mais difícil porque não é fácil repetirmos o que fizemos. Conhecendo eu, a imprensa e a torcida, eles vão exigir o mesmo e mais ainda, mesmo que não exista mais para ganhar”, avaliou o cartola.
“A grande preocupação que tenho é a quantidade de férias que os jogadores vão ter para que eles limpem a cabeça. Temos tudo planejado para que o elenco seja melhor. Nunca existe um plantel perfeito, há sempre coisas a ajustar, mesmo quando achamos que está ótimo", afirmou.

Maior que o Palmeiras
Boto também comparou o uso de atletas da base rubro-negra com o rival Palmeiras.
Segundo o dirigente, o Alviverde “está mais à frente” em dar “conforto” aos jovens jogadores que chegam ao time principal. “Não em termos melhores jogadores na formação, é na transição que faz para o nível profissional. Nós vamos tentar caminhar nesse sentido", afirmou.
“O Palmeiras, apesar da grandeza que tem, não tem a grandeza do Flamengo. Vou dar um exemplo: nós tivemos que fazer dois jogos com um sub-17 (zagueiro João Victor) de defesa central, que não esteve mal, mas teve ali um deslize que mataram. Vai ser um zagueiro top, de Europa, em cinco, seis anos. Mas ali mataram, vai ser muito difícil voltar a jogar ali com o nível de confiança que um menino daquela idade precisa", contou Boto.

“A pressão no Palmeiras é diferente do Flamengo. Não estamos a falar de o jogador não estar pronto para jogar. Estamos a falar de irem à rede social do miúdo, da mãe, darem cabo dele, dizerem que fez de propósito. Coisas completamente loucas que não estamos habituados na Europa", finalizou.
O Flamengo abre a temporada 2026 contra o Bangu, no dia 14 de janeiro, pelo Cariocão.
