Torcedores dos dois clubes se atacaram com facas, paus e bombas de efeito moral dentro do estádio, em uma briga que deixou 19 feridos, dois dos quais continuam em estado grave. De acordo com o documento judicial acessado pela AFP, a ordem de libertação foi emitida à meia-noite de quinta-feira (21) e abrange os 104 chilenos presos.
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Os torcedores da Universidad do Chile poderão retornar imediatamente ao seu país, segundo informou uma fonte do consulado chileno em Buenos Aires. O presidente do país, Gabriel Boric, que enviou o ministro do Interior a Argentina para supervisionar o caso, também confirmou a libertação dos chilenos através do X.
“Continuaremos trabalhando para erradicar a violência nos estádios e, ao mesmo tempo, defendendo os direitos de nossos compatriotas”, acrescentou.
Gravidade do conflito
O confronto ocorreu durante a partida das oitavas de final da Sula, que estava sendo disputada em Avellaneda, sul de Buenos Aires, e foi cancelada aos 48 minutos. A Conmebol disse que encaminhará os relatórios à Comissão Disciplinar para eventuais sanções.
O ministro do Interior do Chile, Álvaro Elizalde, visitou na sexta-feira os feridos que ainda continuam internados no Hospital Fiorito de Avellaneda. Um deles, cujo quadro é o mais grave, é um chileno que sofreu um traumatismo craniano após se atirar da arquibancada quando foi encurralado por torcedores do Independiente.
Um telhado amorteceu a queda e o salvou da morte, segundo uma autoridade chilena. Os policiais “nos abandonaram, na verdade eles mesmos abriram as portas para que a torcida do Independiente entrasse no túnel e pudesse nos agredir”, disse Tomás González, um torcedor do Universidad, ao retornar a Santiago.
O estádio do Independiente foi fechado para todas as atividades até que sejam concluídas as perícias ordenadas pela justiça.
“O promotor pediu o fechamento (do estádio) porque há manchas hepáticas (sangue) nas arquibancadas e ainda faltam fazer as perícias”, informou nesta sexta-feira o ministro da Segurança de Buenos Aires, Javier Alonso, à Radio10.
As arquibancadas onde ocorreu a briga mostram restos de projéteis, pedras, assentos arrancados, ferros e restos de alvenaria que foram arrancados dos banheiros, onde até mesmo vasos sanitários foram removidos para serem jogados, mostras da ferocidade da briga.
“Ontem (quinta-feira) houve um trabalho muito importante de identificação. Há cerca de 20 processos judiciais. Há pessoas que têm de prestar contas porque havia uma empresa de segurança que deveria estar presente e não estava. O coordenador da Conmebol foi avisado três vezes que era necessário suspender o jogo, mas não quis”, disse o funcionário, sem fornecer mais detalhes.
O presidente Boric denunciou o “linchamento inaceitável de chilenos” e escreveu em X: “Vamos proteger os direitos dos nossos cidadãos, sem prejuízo das responsabilidades que a justiça possa estabelecer”.
“Sanções exemplares”
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, exigiu “sanções exemplares” para punir os atos de violência que mancham o futebol sul-americano. O caos começou quando torcedores da equipe chilena jogaram paus, garrafas, cadeiras e até vasos sanitários da arquibancada popular superior, onde estavam instalados, para a parte inferior, onde estavam os torcedores do Independiente.
“Eles tiravam os objetos do banheiro e os jogavam na arquibancada, uma violência inusitada”, acusou Néstor Grindetti, presidente do clube argentino.
O ministro da Segurança de Buenos Aires atribuiu a responsabilidade à organização do jogo, denunciou que “os protocolos foram descumpridos” e que a segurança privada não agiu imediatamente diante dos primeiros incidentes.
O Independiente se distanciou das acusações sobre falhas organizacionais, às quais Boric também aludiu e afirmou que dispôs de “uma operação que cumpriu todas as normas vigentes”.
Os incidentes ocorreram quando o jogo estava empatado em 1 a 1. Na partida de ida, os chilenos haviam vencido por 1 a 0.