Mais

Justiça argentina libera torcedores chilenos após briga violenta em jogo da Sula

Chilenos vão voltar para casa após briga na Sula
Chilenos vão voltar para casa após briga na SulaALEJANDRO PAGNI/AFP
A justiça liberou nesta sexta-feira (22) mais de uma centena de chilenos detidos após violentos confrontos com torcedores da Argentina durante uma partida da Copa Sul-Americana na última quarta-feira, entre Universidad de Chile e Independiente.

Torcedores dos dois clubes se atacaram com facas, paus e bombas de efeito moral dentro do estádio, em uma briga que deixou 19 feridos, dois dos quais continuam em estado grave. De acordo com o documento judicial acessado pela AFP, a ordem de libertação foi emitida à meia-noite de quinta-feira (21) e abrange os 104 chilenos presos.

Veja a classificação da Copa Sul-Americana

Os torcedores da Universidad do Chile poderão retornar imediatamente ao seu país, segundo informou uma fonte do consulado chileno em Buenos Aires. O presidente do país, Gabriel Boric, que enviou o ministro do Interior a Argentina para supervisionar o caso, também confirmou a libertação dos chilenos através do X.

“Continuaremos trabalhando para erradicar a violência nos estádios e, ao mesmo tempo, defendendo os direitos de nossos compatriotas”, acrescentou.

Gravidade do conflito

O confronto ocorreu durante a partida das oitavas de final da Sula, que estava sendo disputada em Avellaneda, sul de Buenos Aires, e foi cancelada aos 48 minutos. A Conmebol disse que encaminhará os relatórios à Comissão Disciplinar para eventuais sanções.

O ministro do Interior do Chile, Álvaro Elizalde, visitou na sexta-feira os feridos que ainda continuam internados no Hospital Fiorito de Avellaneda. Um deles, cujo quadro é o mais grave, é um chileno que sofreu um traumatismo craniano após se atirar da arquibancada quando foi encurralado por torcedores do Independiente.

Um telhado amorteceu a queda e o salvou da morte, segundo uma autoridade chilena. Os policiais “nos abandonaram, na verdade eles mesmos abriram as portas para que a torcida do Independiente entrasse no túnel e pudesse nos agredir”, disse Tomás González, um torcedor do Universidad, ao retornar a Santiago.

O estádio do Independiente foi fechado para todas as atividades até que sejam concluídas as perícias ordenadas pela justiça.

“O promotor pediu o fechamento (do estádio) porque há manchas hepáticas (sangue) nas arquibancadas e ainda faltam fazer as perícias”, informou nesta sexta-feira o ministro da Segurança de Buenos Aires, Javier Alonso, à Radio10.

As arquibancadas onde ocorreu a briga mostram restos de projéteis, pedras, assentos arrancados, ferros e restos de alvenaria que foram arrancados dos banheiros, onde até mesmo vasos sanitários foram removidos para serem jogados, mostras da ferocidade da briga.

“Ontem (quinta-feira) houve um trabalho muito importante de identificação. Há cerca de 20 processos judiciais. Há pessoas que têm de prestar contas porque havia uma empresa de segurança que deveria estar presente e não estava. O coordenador da Conmebol foi avisado três vezes que era necessário suspender o jogo, mas não quis”, disse o funcionário, sem fornecer mais detalhes.

O presidente Boric denunciou o “linchamento inaceitável de chilenos” e escreveu em X: “Vamos proteger os direitos dos nossos cidadãos, sem prejuízo das responsabilidades que a justiça possa estabelecer”.

“Sanções exemplares”

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, exigiu “sanções exemplares” para punir os atos de violência que mancham o futebol sul-americano. O caos começou quando torcedores da equipe chilena jogaram paus, garrafas, cadeiras e até vasos sanitários da arquibancada popular superior, onde estavam instalados, para a parte inferior, onde estavam os torcedores do Independiente.

“Eles tiravam os objetos do banheiro e os jogavam na arquibancada, uma violência inusitada”, acusou Néstor Grindetti, presidente do clube argentino.

O ministro da Segurança de Buenos Aires atribuiu a responsabilidade à organização do jogo, denunciou que “os protocolos foram descumpridos” e que a segurança privada não agiu imediatamente diante dos primeiros incidentes.

O Independiente se distanciou das acusações sobre falhas organizacionais, às quais Boric também aludiu e afirmou que dispôs de “uma operação que cumpriu todas as normas vigentes”.

Os incidentes ocorreram quando o jogo estava empatado em 1 a 1. Na partida de ida, os chilenos haviam vencido por 1 a 0.