A última final internacional do Racing foi há 32 anos, justamente o confronto contra o Cruzeiro na Supercopa da Libertadores de 1992. Naquela ocasião, o time mineiro levou a melhor sobre os argentinos, goleando por 4 a 0 no jogo de ida, no Mineirão.
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Na volta, a equipe argentina levou a melhor, vencendo por 1 a 0. Mas, pela larga vantagem construída na primeira partida, o Cruzeiro ficou com a taça.
A vitória celeste significou uma revanche, já que o Cruzeiro perdeu a Supercopa de 1988 para o mesmo Racing. No primeiro duelo, em Avellaneda, no El Cilindro, "La Academia" venceu por 2 a 1. Na volta, no Mineirão, o Cruzeiro não conseguiu superar o Racing, empatando em 1 a 1.
Esse, inclusive, foi o último título internacional da história do clube argentino, que seria vice-campeão da Supercopa do ano seguinte, quando perdeu para o Nacional, do Uruguai.
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Eles se recusaram a dizer que era o fim
Racing e Cruzeiro retornam ao cenário internacional depois de viverem praticamente o "fundo do poço". Em 1999, o Racing esteve à beira do abismo. A Justiça da Argentina decretou a falência do clube devido a uma crise financeira sem precedentes.
"La Academia" flertou com a extinção. A bem da verdade, o clube teve decretado seu fim, mas os torcedores do Racing não admitiram tal destino. Um momento simbólico aconteceu no dia 7 de março de 1999, quando os fanáticos do clube de Avellaneda comparecem ao estádio "El Cilindro" para a abertura do Torneio Clausura.
Como o time tinha sido "extinto", nenhum jogador entrou em campo naquele dia. Mas os 30 mil "hinchas" do Racing presentes no estádio conseguiram sensibilizar a Justiça do país, que dias depois reverteu a decisão inicial e concedeu uma nova oportunidade ao clube.
A memorável história de luta dos fanáticos torcedores argentinos ficou para sempre marcada, com o dia 7 de março se tornando oficialmente o "Día del Hincha de Racing".
Colapso, Fenômeno e os milhões de um apaixonado
O Cruzeiro, um dos maiores clubes do futebol brasileiro, viveu algo similar em 2019, quando uma crise institucional e financeira assolou as contas do clube. A má administração de seus gestores e até mesmo crimes fiscais viraram notícia em todo o país, com o time mineiro deixando as páginas esportivas para ocupar o noticiário policial e judiciário.
Sem força de reação e com o futuro comprometido, o Cruzeiro foi rebaixado à Série B pela primeira vez em sua história e viveu uma verdadeira via-crúcis, permanecendo na segunda divisão do futebol brasileiro por três temporadas, chegando a flertar com o rebaixamento à Série C.
Em sua primeira jornada na B, o Cruzeiro ainda acumulou punições administrativas aplicadas pela FIFA e iniciou a competição com menos seis pontos pelo não pagamento de uma transferência internacional.
A situação era tão calamitosa no centro de treinamentos, que funcionários do clube recebiam cestas com produtos básicos de alimentação, uma vez que seus vencimentos estavam em atraso e sem previsão de pagamento. Os jogadores também conviviam com salários atrasados.
O treinador Luiz Felipe Scolari, pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2002, precisou pagar passagens aéreas para contar com atletas em um jogo do clube, já que o Cruzeiro não tinha condições de arcar com os tíquetes. O ex-jogador Marcelo Moreno, maior artilheiro da seleção da Bolívia, chegou a emprestar R$ 25 milhões ao Cruzeiro, garantindo a existência do clube no período de vacas magras.
A história só começou a mudar em 2022, quando o clube transformou-se em uma Sociedade Anônima do Futebol, e o ex-jogador Ronaldo Fenômeno adquiriu 90% das ações. Foi naquele ano que o calvário cruzeirense se encerrou, com o time retornando à elite do futebol brasileiro e se estabelecendo na primeira divisão no ano passado.
Já na atual temporada, Ronaldo, bastante criticado pela baixa capacidade de investimento, vendeu as ações que possuía do Cruzeiro ao empresário Pedro Lourenço, um magnata do ramo varejista no Brasil e cruzeirense apaixonado. Ele sempre socorreu o clube nos momentos mais desesperadores, incluindo empréstimos à própria administração de Ronaldo.
No controle da SAF do Cruzeiro, Pedro Lourenço movimentou mais de R$ 200 milhões em reforços para o clube na última janela de transferências. O empresário planeja um 2025 ainda mais agressivo, com a possibilidade de oferecer a Gabriel Barbosa, do Flamengo, um contrato de quatro anos com um salário de R$ 2,5 milhões por mês, além de outros reforços de peso no mercado.