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Vitesse, da Holanda, perde licença e deve encerrar atividades após 133 anos

Torcedores do Vitesse se reuniram em frente ao tribunal holandês antes do processo sumário de quinta-feira
Torcedores do Vitesse se reuniram em frente ao tribunal holandês antes do processo sumário de quinta-feiraKoen van Weel / ANP MAG / ANP via AFP

O Vitesse Arnhem, da segunda divisão holandesa, perdeu oficialmente a licença profissional da Real Associação Neerlandesa de Futebol (KNVB), após revogação de um tribunal civil. Com isso, o Vitesse desaparecerá definitivamente do futebol profissional do país depois de 133 anos de história.

A KNVB revogou provisoriamente a licença do Vitesse em maio, depois que o comitê independente de licenciamento determinou que o clube “evadiu estruturalmente o sistema de licenciamento” em anos anteriores.

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O comitê de apelações da Associação rejeitou um recurso oficial em 31 de julho. O relatório do comitê declarou que “houve um padrão de engano, evasão e enfraquecimento do sistema de licenciamento ao longo de vários anos, bem como uma falta de transparência”. O comitê decidiu que a revogação da licença do clube era justificada.

Torcedores do Vitesse se reuniram em frente ao estádio GelreDome, formando um
Torcedores do Vitesse se reuniram em frente ao estádio GelreDome, formando um VINCENT JANNINK / ANP MAG / ANP via AFP

Com a revogação permanente da licença, é altamente provável que o Vitesse deixe de existir oficialmente. O clube pode optar por continuar como um clube amador recém-fundado, mas isso também marcará o fim dos 133 anos de existência do segundo time mais antigo da Holanda.

Tribunal civil

Em um último esforço para salvar seu futuro, o Vitesse decidiu levar o caso ao tribunal civil, em que o juiz determinaria se a KNVB tomou uma decisão justa e consciente ao revogar a licença do clube.

Na última quinta-feira (7), um juiz decidiu a favor da KNVB e declarou que a Associação aplicou corretamente as regras de licenciamento. O processo judicial foi a última tentativa do Vitesse de começar a temporada 2025/26 na segunda divisão holandesa.

Uma declaração no site do clube afirma que o Vitesse reagiu à notícia com profunda decepção.

“Fizemos todos os esforços nos últimos meses para cumprir as condições estabelecidas, em colaboração com os investidores e outras partes interessadas. Estamos decepcionados com o fato de isso ter sido considerado insuficiente. Acima de tudo, pelos nossos torcedores, funcionários e pela cidade de Arnhem", disse Michel Schaay, presidente do Sterkhouders.

"O clube recebeu uma decisão do tribunal. O Vitesse estudará cuidadosamente essa decisão e considerará seus próximos passos. O clube comunicará sua decisão em breve”, completou no comunicado.

Torcida foi ao tribunal prestar apoio ao Vitesse
Torcida foi ao tribunal prestar apoio ao VitesseDivulgação/ Vitesse Arnhem

Queda do clube

O Vitesse, anteriormente famoso por ser um clube parceiro do Chelsea, jogou na Eredivisie ininterruptamente de 1990 a 2024 e foi uma equipe estável de sub-topo, participando da Liga Europa ou da Liga Conferência seis vezes entre 2012 e 2021.

Depois que o proprietário russo, Valeri Oyf, foi forçado a vender o clube por ter sido incluído na lista de sanções europeias contra oligarcas russos, o Vitesse entrou em uma espiral financeira. As propostas de aquisição do americano Coley Parry e do empresário local Guus Franke fracassaram depois de não serem aceitas pelo comitê de licenciamento da KNVB.

Um novo grupo de donos, formado pelos americanos Dane Murphy e Flint Reilly, pelos alemães Timo Braasch e Leon Muller, e pelo ítalo-americano Bryan Mornaghi, assumiu o controle em janeiro de 2025, mas teve problemas com a KNVB em relação à conclusão da compra.

A Associação não estava convencida de que Coley Parry, proprietário do Common Group, que já havia tentado uma aquisição sem sucesso e foi rejeitado pela comissão de licenciamento, havia sido efetivamente excluído dos negócios do Vitesse. A KNVB se preocupados com o fato do americano ainda ter influência no Vitesse.

Segundo consta, o próprio Parry reuniu os cinco proprietários em uma tentativa de manter o controle do clube.

Os heróis chegaram tarde demais

Um consórcio formado por investidores locais anunciou a aquisição do clube em junho. O grupo, que se autodenominou "Sterkhouders" (traduzido como "detentores da força"), prometeu manter a licença profissional do Vitesse em Arnhem, discutindo um plano sustentável com a KNVB.

Na resposta ao apelo do Vitesse, a Associação disse que os esforços dos Sterkhouders chegaram tarde demais para o Vitesse.

"Suas iniciativas estão cercadas de incertezas que não podem ser resolvidas antes do início da temporada 2025/26. Muitos aspectos de seus planos ainda precisam ser mais desenvolvidos e avaliados pelo comitê de licenciamento", declarou.