Quando decidiu explorar sua faceta de ator, Pelé apareceu no filme "Evasão ou Vitória", de 1981, ao lado de Sylvester Stallone e Bobby Moore, entre outros. Nele, o lendário jogador ajuda seus companheiros de prisão em um campo de concentração nazista a escapar por meio de uma partida de futebol organizada por um comandante alemão que, antes da guerra, havia sido jogador de futebol e até mesmo formado parte da equipe nacional alemã.
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Uma história de luta e sobrevivência em que um dos melhores jogadores de todos os tempos mostrou sua capacidade de sair vitorioso em uma situação comprometedora. Fora da ficção, agora, em pleno 2025, há um garoto de Taguatinga, que foi comparado ao mítico "10" do Santos e da Seleção, que, mantendo a distância, está passando por uma situação semelhante no Real Madrid.
O jovem é ninguém menos que o promissor Endrick, de apenas 18 anos. Com atuações sensacionais pelo Palmeiras desde os 16 anos de idade e um visual que lembra o falecido (em 2022) craque mineiro, o atacante merengue conquistou rapidamente uma passagem para a Europa. No entanto, na capital espanhola ele encontrou uma realidade, a de ter que competir todos os dias com estrelas mundiais por uma vaga, o que o fez praticamente sumir do mapa.
A pouca participação do "16" até agora nesta temporada já o levou a perder o lugar que havia conquistado na equipe principal do Brasil. E, se não quiser continuar nesta sequência negativa, ele tem duas opções: lutar para aumentar seu papel no Bernabéu ou começar a procurar um novo destino (por empréstimo) para a temporada 2025/26.
Preso por Ancelotti
Carlo Ancelotti quase nunca o leva para o campo, mas recentemente confirmou que o quer no elenco. "Endrick vai ficar, assim como Güler. Talvez eles precisem de mais minutos, mas não tenho preconceito contra ninguém", disse o italiano em 9 de dezembro, antes do jogo contra a Atalanta, em Bérgamo.
Uma contradição na qual seu companheiro de equipe turco vive desde sua chegada ao Madrid no verão de 2023, embora o otomano tenha assumido um humor completamente diferente do brasileiro. Pelo menos é isso que ambos transmitem com sua linguagem não verbal.
A impressão é que o "15" decidiu desde o início mostrar sua garra e aproveitar ao máximo cada momento à sua disposição. Isso o levou a ser relevante no final da campanha de 2023/24, com seis gols em 12 jogos. Mas quando o atacante sul-americano foi novamente deixado de fora do jogo contra o Sevilla, ele parecia cabisbaixo e sem esperança de sair do túnel escuro pelo qual está passando.
Não há mais nada, pelo menos na aparência, do cara que empolgou a torcida do Madrid com gols em sua estreia na LaLiga e na Liga dos Campeões. Agora, ele parece desorientado entre o banco de reservas e os 42 minutos que Carletto lhe deu nos últimos 10 jogos do campeonato nacional.
No rastro de Güler
Como dissemos, Endrick está próximo do exemplo de Arda Güler, de 19 anos, que é incapaz de desistir. O meio-campista tem trabalhado sem reclamar, o que lhe rendeu 21 partidas nesta temporada, marcando um gol e dando três assistências no processo.
A realidade é que Endrick, com dois gols e uma assistência em 160 minutos (uma contribuição a cada 53,34 minutos), demonstrou com argumentos que tem capacidade mais do que suficiente para ter sucesso no melhor clube do mundo. Para isso, no entanto, ele terá de melhorar sua atitude e motivação. "Trabalhar e trabalhar", postou em seu Instagram em 29 de dezembro, dizendo que não pretende desistir em 2025.
O roteiro é claro: evasão ou vitória, como Pelé. A segunda opção é, sem dúvida, mais atraente do que a primeira. Em seis meses, saberemos se o talentoso jogador brasileiro superou o desafio imposto por Ancelotti ou se será obrigado a buscar uma presença na Copa do Mundo de 2026 vestindo outras cores que não as do Real Madrid.