Talvez não tenha sido o melhor dia para se despedir, pois o PSG goleou o Real Madrid por 4 a 0 na semifinal da Copa do Mundo de Clubes, mas a mancha não apaga os feitos de Modric, lenda viva do clube espanhol e do futebol mundial.
Mais ninguém pode se orgulhar (e provavelmente jamais poderá) de ter chegado tão tarde ao time (em 2012, com quase 27 anos) e sido peça fundamental durante 13 anos. De quebra, Modric fez parte da fase mais gloriosa do clube mais vitorioso da história, ao lado do time das cinco primeiras Ligas dos Campeões.
O croata chegou ao Real Madrid como um reforço de qualidade na última temporada de José Mourinho no comando, mas ninguém poderia imaginar no que ele se transformaria com diferentes técnicos, especialmente sob o comando de Carlo Ancelotti e Zinédine Zidane, que viram em Modric um treinador em campo.
O ex-jogador do Tottenham dava sentido ao jogo, pedia a bola, comandava as bolas paradas e ditava o ritmo da equipe. Era o início e o fim da criação ofensiva do Real Madrid.
Quase 600 jogos, 28 títulos e uma Bola de Ouro
O jogo contra o PSG foi o 597º de Modric com a camisa branca. Durante esse período, o croata ergueu vários troféus e se tornou o maior campeão da história do Real Madrid:
• 5 Mundiais de Clubes (2014, 2016, 2017, 2018 e 2022)
• 1 Copa Intercontinental (2024)
• 6 Ligas dos Campeões (2013/14, 2015/16, 2016/17, 2017/18, 2021/22 e 2023/24)
• 5 Supercopas da UEFA (2014, 2016, 2017, 2022 e 2024)
• 4 LaLigas (2016/17, 2019/20, 2021/22 e 2023-24)
• 2 Copas do Rei (2013/14 e 2022/23)
• 5 Supercopas da Espanha (2012, 2017, 2020, 2022 e 2024)
Foram 28 títulos no total, com uma média de um troféu a cada 21,32 jogos pelo Real. Um fenômeno coletivo que também se refletiu individualmente.
Modric foi incluído três vezes no Equipe do Ano de LaLiga, seis na seleção da temporada da FIFPro, outras seis no time ideal da Champions e, claro, conquistou a Bola de Ouro em 2018, além do prêmio The Best da FIFA.
O prêmio dourado do croata, que quebrou a hegemonia de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo (de 2008 a 2021), foi o ápice de uma carreira no Real Madrid com desempenho excepcional, especialmente na temporada 2021/22, quando o gênio de Zadar, com quase 37 anos, voltou a brilhar no cenário global.
Parte do trio CKM
Ao entrar para a história do Real Madrid, o nome de Modric sempre estará ligado ao de outros dois jogadores com quem compartilhou glórias e sofrimentos: Casemiro e Toni Kroos. Juntos, formaram o famoso trio de meio-campo CKM, que deixou muitas saudades no Santiago Bernabéu.
Apesar dos investimentos do clube, é impossível substituir um trio que atuou em nível extraordinário por tantos anos e que é considerado um dos melhores da história no setor.
A saída deles foi gradativa: Casemiro deixou o Real no início de 2022/23; Kroos, ao fim de 2023/24; e Modric agora, após 2024/25. Seus possíveis substitutos, como Valverde, Arda Güler, Bellingham e Camavinga, são jovens e talentosos, mas nenhum é Luka. Talvez o turco seja o mais parecido.
Vale lembrar que Modric chegou como meia-atacante e se reinventou com sucesso. A trajetória do croata traz um fio de esperança para preencher o vazio que ele deixa, tanto em campo quanto na liderança do elenco.
Copa do Mundo de 2026: o fim de um sonho maravilhoso
Aos 39 anos e 303 dias, Modric se tornou o jogador mais velho a atuar pelo Real Madrid. Ele se despede do clube, mas parece ter gás para encantar um pouco mais os fãs de futebol.
Ainda sem confirmação oficial, tudo indica que Luka dará seus últimos recitais no San Siro, pelo Milan, que ofereceu o que ele buscava: contrato de um ano e minutos para chegar em boa forma à Copa do Mundo de 2026, que deve ser o palco perfeito para sua aposentadoria.
Por enquanto, a única certeza é que não veremos mais Modric com a camisa branca. Ele deixa o clube, mas também um legado eterno: mais de 40 gols e quase 100 assistências que permanecerão para sempre na memória do Real Madrid, que inicia nesta quinta-feira (10) uma nova era — que pode ser boa, mas dificilmente melhor que a do croata.