Conheça mais abaixo a história deste clássico especial da LaLiga e confira os demais dérbis deste fim de semana no futebol internacional:
Premier League (Inglaterra)
• Dérbi do Oeste de Londres
• Sábado (13), às 9h30
Historicamente, o Chelsea é o maior clube do oeste de Londres, região mais chique da cidade. No entanto, na última temporada da Premier League, os Blues terminaram atrás de seus rivais locais, Fulham e Brentford.
No primeiro clássico dessa temporada, o Chelsea venceu o Fulham por 2 a 0. A aquipe de Mauricio Pochettino está na 10ª posição da tabela, 4 pontos acima do rival alvinegro.
Championship (2ª divisão da Inglaterra)
• Dérbi de East Midlands
• Sábado (13), às 9h30
O Leicester foi rebaixado da Premier League na última temporada, enquanto o Coventry não subiu por pouco, perdendo para o Luton na final da repescagem nos pênaltis. Portanto, as duas equipes do leste de Midlands, região central da Inglaterra, andam em pé de equilíbrio.
No momento, porém, o Leicester é o líder da segundona com 65 pontos. O Coventry é o oitavo, com 37.
Superliga (Grécia)
• Dérbi Ateniense
• Domingo (14), às 15h30
Apenas quatro dias após o clássico contra o Olympiakos (pela Copa da Grécia), o Panathinaikos vai jogar contra o AEK, seu segundo rival da capital Atenas.
O dérbi vale a liderança da liga grega.
Na primeira partida entre ambos nesta temporada, deu AEK 2 a 1. Como todas as outras partidas de futebol na Grécia até fevereiro, o duelo deste fim deste fim de semana será disputado com portões fechados.
Copa da Bélgica
• A Batalha de Flandres
• Terça-feira (16), às 16h45
Gent e Bruges são belas cidades históricas da região de Flandres, no norte da Bélgica. O Club Brugge é um dos melhores clubes do país da atualidade, tendo conquistado o título nacional três vezes nos últimos quatro anos - e no momento está empatado na terceira posição da liga com o Gent.
O clássico desta terça é válido pelas quartas da final da copa.
O dérbi do País Basco: um duelo diferente
LaLiga (Espanha)
Athletico Bilbao x Real Sociedad
• Dérbi Basco
• Sábado (13), às 14h30
Esta uma rivalidade única que reflete a singularidade do País Basco, que tem um status autônomo dentro da Espanha e uma cultura própria.
Os bascos são considerados os últimos habitantes originais da Península Ibérica e, talvez, da Europa como um todo. Embora sua região represente apenas 1,4% do território da Espanha e aproximadamente 4,5% de sua população, ela fornece regularmente pelo menos um quinto dos clubes da LaLiga.
Na temporada 2018/19, todos os clubes locais terminaram entre o 8º e o 12º lugar na tabela: o Bilbao ficou em oitavo, a Real Sociedad em nono, o Alavés em 11º e o Eibar em 12º.
Se o Osasuna, da região vizinha de Navarra, fosse adicionado ao grupo ("osasuna" significa "força" ou "saúde" em basco), a proporção de clubes bascos na primeira divisão saltaria para um quarto.
O mais amistoso dos clássicos
O maior jogo da região é o duelo entre Athletic Bilbao e Real Sociedad. Eles estão sediados em cidades com apenas 100 quilômetros de distância e são conectados pela rodovia AP-8. É por isso que o duelo é às vezes chamado de derby da AP-8.
Seu apelido mais usual é, porém, "Derby Basco".
No entanto, como toda a região, este é um duelo muito singular. Não espere briga, ódio ou insultos. Os torcedores de ambos os times participam juntos de eventos ou debates em cafés e bares antes dos jogos.
Tradicionalmente, há também uma passeata conjunta até o estádio, com os torcedores de ambos os times se misturando nas arquibancadas.
O chamado "Bertso Derbia", uma competição entre as duas torcidas na tradicional arte basca da bertsolaritza (rimas e cantos improvisados), é uma característica cultural única do jogo.
A grande maioria das partidas entre eles é, portanto, livre de confusão. Trata-se mais de uma rivalidade saudável e de brincadeiras mútuas entre as duas cidades, os clubes e seus torcedores.
Um exemplo da união é o clássico de 1976, que ocorreu logo após a queda da ditadura de Franco. O País Basco, assimo como outras regiões culturalmente distintas da Espanha, estavam sob forte opressão durante o regime.
Franco reprimiu as tentativas de autonomia dos povos basco, catalão e galego, proibindo o uso de seus idiomas e símbolos nacionais. Ele reprimiu seus oponentes políticos, a maioria dos quais acabou na prisão, em campos de concentração ou, na melhor das hipóteses, no exílio.
Foi durante o clássico basco de 1976 que os capitães de ambas as equipes juntaram a bandeira basca e a colocaram no círculo central quando entraram no campo de jogo.
Naquela época, embora o ditador estivesse morto, a bandeira de sua região ainda era um símbolo proibido. Esse evento aproximou ainda mais os dois clubes - um ano depois, o uso da bandeira basca foi legalizado novamente.
Tradição de ter apenas jogadores bascos nos times
Muitos clubes de futebol foram fundados na Espanha no final do século XIX por britânicos que vieram para a Península Ibérica para trabalhar. Entre eles estava o Athletic Bilbao (o próprio nome do clube mostra a influência britânica).
Quando o time venceu a Copa del Rey em 1902, os artilheiros do torneio foram dois goleadores de cinco gols do time vencedor, os trabalhadores ingleses Walter Evans e William Dyer.
Nas edições seguintes da Copa, os jogadores britânicos também desempenharam um papel importante, e não apenas com a camisa do Bilbao. Houve vários protestos de clubes puramente espanhóis de que o uso de estrangeiros deveria ser proibido. A Associação Espanhola de Futebol de fato tomou essa medida e, a partir de 1912, a Copa del Rey passou a ter como regra que todos os jogadores fossem cidadãos espanhóis.
O Athletic Club teve de se despedir de seus astros britânicos e estabeleceu uma tradição de que somente jogadores bascos, puramente locais, poderiam jogar pelo clube.
A chamada política de cantera do Athletic tem como foco a longo prazo o desenvolvimento de seus próprios jogadores, que devem ser originários do território. Isso inclui a região de Navarra e as províncias bascas no sul da França - graças a isso, o zagueiro francês Bixente Lizarazu pôde vestir a camisa vermelha e branca na década de 1990.
É único no mundo o fato de a diretoria do Bilbao ainda aderir a essa política até hoje.
Se você olhar a escalação da equipe nesta temporada, vai ver Inaki Williams, jogador da seleção de Gana. Ele tem pais ganeses, mas nasceu em Bilbao e está no clube desde a adolescência (seu irmão e companheiro de equipe Nico representa a Espanha).
Kenan Kodro é um caso semelhante, tendo feito parte da equipe do Athletic em 2019-2021. O jogador da seleção da Bósnia e Herzegovina é natural de San Sebastián e foi formado na academia da Real Sociedad de lá.
Esta última instituiu uma política semelhante, recrutando apenas bascos, mas somente na década de 1960. Como o Athletic Bilbao era historicamente mais bem-sucedido e rico e, portanto, capaz de atrair os melhores jogadores da região, era muito difícil para os outros clubes locais seguirem a mesma filosofia em suas contratações.
O Eibar e o Alavés nem tentaram, pois sabiam que não tinham chance de formar equipes competitivas. A Real Sociedad seguiu esta política até 1989, quando, para seguir na elite do futebol espanhol, contratou o atacante irlandês John Aldridge, do Liverpool.
Os torcedores do Bilbao vira e mexe provocam os torcedores dos outros times da região, especialmente da Real Sociedad, por sua "incapacidade" de jogar apenas com seus próprios jogadores.
A Cantera, uma incubadora de talentos
O termo cantera pode ser traduzido como incubadora. Apesar do fato de a Real Sociedad ter adicionado reforços do exterior ao seu elenco, a grande maioria da equipe ainda é basca e o clube se concentra muito na formação de jovens jogadores em sua academia.
Provavelmente, sua cria mais famosa é Xabi Alonso, cuja carreira o levou da Real Sociedad para o Liverpool, depois para o Real Madrid e, em seguida, para o Bayern de Munique.
Outros jogadores conhecidos da incubadora de San Sebastián incluem Alvaro Odriozola (que se transferiu para o Real Madrid em 2018), enquanto o francês Antoine Griezmann também é um produto do clube.
A Cantera criou um dos zagueiros mais caros de todos os tempos, o basco francês Aymeric Laporte, que se transferiu para o Manchester City em 2018, bem como o atacante Fernando Llorente , que trocou o Bilbao pela Juventus, e o goleiro mais caro do mundo, Kepa Arrizabalaga, pelo qual o Chelsea pagou 80 milhões de euros ao Bilbao em 2018.
Apesar - ou talvez por causa - do fato de ambos os clubes terem aderido ou ainda aderirem a uma identidade basca, eles foram muito bem-sucedidos, tanto no cenário nacional quanto na Europa.
O Athletic é oito vezes campeão da LaLiga, enquanto a Real Sociedad conquistou o título duas vezes. Embora a última vez que ambos tenham conquistado o título tenha sido na década de 1980, eles ainda estão na primeira divisão dos clubes espanhóis, e há muito tempo.
O clássico basco deste fim de semana tem o Bilbao em quarto lugar (38 pontos) e a Sociedad em sexto (32).
Nos 190 encontros entre os rivais na história, o time da capital basca em mais vitórias que a equipe de San Sebastián: 78 contra 62.