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UEFA desvaloriza decisão de tribunal sobre Superliga; Real Madrid quer compensação

Presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, ao lado do presidente do Barcelona, Joan Laporta
Presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, ao lado do presidente do Barcelona, Joan LaportaBURAK AKBULUT / ANADOLU / Anadolu via AFP / Profimedia

A UEFA desvalorizou a decisão de um Tribunal de Madri, na Espanha, que a acusou e à FIFA de “abuso de poder” para evitar a criação da Superliga da Europa, enquanto o Real Madrid exige ser compensado.

O organismo que rege o futebol europeu entende que a decisão do tribunal espanhol, passível de recurso, “não valida o projeto abandonado da Superliga anunciado em 2021, nem enfraquece as atuais regras de autorização da UEFA, adotadas em 2022 e atualizadas em 2024, que continuam plenamente em vigor”.

“A UEFA mantém o seu firme compromisso com o modelo desportivo europeu, baseado no mérito desportivo, no acesso aberto, na solidariedade e na proteção da pirâmide do futebol, e continuará a colaborar com federações, ligas, clubes, jogadores, adeptos e autoridades públicas para salvaguardar a unidade do futebol europeu”, destacou a entidade.

O organismo sediado em Nyon, Suíça, diz tomar nota da sentença, porém insiste que os seus regulamentos “garantem que qualquer competição transfronteiriça é avaliada com critérios objetivos, transparentes, não discriminatórios e proporcionais”.

Ao reforçar sua posição, a UEFA recordou que, este mês, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução histórica na qual reiterou explicitamente a sua oposição às “competições separatistas”, entendendo que estas podem “colocar em risco o ecossistema desportivo no seu conjunto”.

Retaliação do Real Madrid

A 32ª seção da Audiência Provincial de Madrid rejeitou os recursos interpostos pela UEFA, por LaLiga e pela Federação Espanhola de Futebol contra a decisão do Juízo do Comércio n.º 17 de Madrid, que concluiu que a FIFA e a UEFA abusaram da sua posição e, por isso, devem “cessar suas condutas anticoncorrenciais”, após uma denúncia da Superliga, apoiada pelo Real Madrid.

O clube reagiu de forma completamente oposta e já anunciou que vai pedir uma indenização à UEFA, por entender que a instituição violou a legislação da União Europeia, ao “infringir gravemente” as normas de livre concorrência e ao bloquear os seus planos para a criação de uma Superliga dissidente das competições em vigor.

Em comunicado, o Real Madrid disse estar “satisfeito” com a decisão, acrescentando que esta “abre o caminho para reclamar os danos substanciais sofridos pelo clube”.

“Além disso, o Real Madrid informa que, ao longo de 2025, manteve diversas conversas com a UEFA em busca de soluções, sem que fosse alcançado qualquer compromisso em relação a transparência, sustentabilidade financeira, proteção da saúde dos jogadores e melhorias na experiência da torcida, incluindo modelos de transmissão como os da Copa de Clubes”, escreveu.

LaLiga mantém apoio à UEFA

Já o presidente de LaLiga, Javier Tebas, que sempre esteve ao lado da UEFA nesta questão, entende que esta sentença não representa, de modo algum, uma aprovação da Superliga nem de qualquer outro formato competitivo, defendendo que a mesma se limita a recordar que “as normas devem ser aplicadas com transparência e objetividade”.

O dirigente assegurou que LaLiga continuará “a defender o modelo europeu baseado no mérito desportivo, na solidariedade e na sustentabilidade das competições nacionais”, pelo que analisará propostas que respeitem esses princípios, ao invés de dar “cheques em branco a projetos que ponham em risco o equilíbrio do futebol”.

O veredito do tribunal surge quatro anos e meio depois de o projeto da Superliga ter colapsado apenas 48 horas após o seu lançamento por 12 clubes de Espanha, Itália e Inglaterra, devido a uma forte reação negativa de torcedores e responsáveis políticos.

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) tinha decidido, em dezembro de 2023, que as regras em vigor em 2021, utilizadas pelos organismos que regem o futebol - a UEFA e a FIFA - para bloquear a Superliga, contrariavam o direito da União Europeia e constituíam um abuso de posição dominante no mercado.