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Exclusivo: Azpilicueta fala sobre Mourinho e a concorrência com Filipe Luís no Chelsea

Azpilicueta marcou época em Stamford Bridge
Azpilicueta marcou época em Stamford BridgeJUSTIN TALLIS / AFP

O espanhol Cesar Azpilicueta construiu uma carreira de enorme sucesso no futebol, com a maior parte dos seus dias de glória acontecendo no antigo clube, o Chelsea. Em entrevista exclusiva ao Flashscore, o defensor conta sobre a competição com Filipe Luís no time inglês e como José Mourinho o transformou no melhor lateral da Premier League.

Hoje no Sevilla e eterno ídolo do Chelsea, Azpilicueta já está há 11 anos disputando títulos no futebol mundial.

Confira a seguir o papo exclusivo com o espanhol.

Entrevista com Azpilicueta
Flashscore

Flashscore: O técnico José Mourinho te transformou de lateral-direito para lateral-esquerdo. O que havia de especial no Special One?

Azpilicueta: Ele controlava tudo. Acho que a experiência dele, a forma como enxergava o futebol, como competia, dava para sentir que estava sempre um passo à frente. Essa é a verdade. Pessoalmente, aprendi muito com ele. No começo não foi fácil. Cheguei um pouco depois porque estava na Copa das Confederações com a Espanha, então o time já estava mais definido, tentei aprender, não fazia parte do grupo, mas sempre senti a confiança dele.

Ele sempre acreditou em mim. Me incentivou a continuar trabalhando e esperar pela minha oportunidade. Branislav Ivanovic era nosso lateral-direito. O que posso dizer? Ele era muito forte, muito bom. Ashley Cole era o lateral-esquerdo, uma lenda na Inglaterra e no Chelsea. Não foi fácil, mas tive a chance de aprender com eles e com o Jose, e aos poucos conquistei meu espaço como lateral-esquerdo.

Depois Filipe Luis chegou ao Chelsea, talvez o melhor lateral-esquerdo do momento. Isso trouxe competição, me fez buscar ajudar o time de outra forma, trazer algo diferente, e precisei me superar. Joguei bastante e aproveitei muito. Atuei ao lado de John Terry pelo lado esquerdo, que para mim foi uma verdadeira aula de como defender.

Sou muito, muito grato por ter tido essa oportunidade de aprender com ele.

 

Você teve muitos grandes treinadores, entre eles Antonio Conte. Como você descreveria o Conte e as mudanças que ele fez no elenco, no tempo em que esteve no Chelsea?

Ele era muito exigente e teve coragem de mudar o sistema logo que chegou. Queria jogar no 4-2-4, depois mudamos para o 4-3-3, mas os resultados não vieram. Então, na semana seguinte, ele planejou tudo para jogar no 3-4-3. E a partir daí, vencemos 13 jogos seguidos, sendo os seis primeiros sem sofrer gol.

Isso nos deu confiança e motivação, e terminamos vencendo 30 jogos na Premier League de 38, que era o recorde na época. Joguei em uma nova posição, como zagueiro pela direita, e gostei muito, foi ótimo.

Depois veio Thomas Tuchel, que chegou no meio da temporada, e poucos meses depois você levantou a Champions League. Qual foi a maior mudança que ele trouxe para o time?

Não é fácil trocar de treinador no meio da temporada. Não estávamos vivendo nosso melhor momento, mas quando ele chegou ao Chelsea, foi muito claro sobre como queria que jogássemos. Fomos ganhando confiança aos poucos.

Principalmente na defesa, ficamos muito sólidos, mas não trabalhávamos tanto defensivamente nos treinos. Jogávamos bastante, mas o jeito que ele queria que jogássemos com a bola nos permitia recuperar muitas bolas no campo de ataque e criar chances. Em cinco meses, conseguimos a vaga na Champions League, vencemos a Champions League e perdemos a final da FA Cup. E transformamos o mesmo grupo, porque éramos os mesmos jogadores. Foi realmente especial.

Você mencionou John Terry. O que aprendeu com ele e como se sentia jogando ao lado dele?

Aprendi muito com ele, e depois consegui repetir isso em 2017. Foi um grande exemplo. Me motivou, claro. Principalmente porque ele jogava todos os dias, sempre em alto nível. Era o capitão e dava para sentir que era muito forte, tinha papel fundamental no time. Quando tive a chance dois anos depois, tentei seguir o exemplo.

N'Golo Kante também foi um dos jogadores-chave daquele Chelsea. Por que ele era tão fundamental?

Ele comandava o meio-campo. Conseguia cobrir todos os espaços. Era muito bom com a bola, sempre buscando a melhor opção.

Às vezes passes simples, mas era muito inteligente nisso. E defensivamente, ele estava em todo lugar, recuperando bolas quando todos achavam que o meio-campista ou atacante já tinha passado; ele já estava lá. Então, foi muito importante para o time e para nós, defensores. Quando você tem ele na sua frente, sabe que vai estar ali te ajudando.