Esta entrevista foi produzida como parte de “The Big Pete”, um projeto multimídia da Flashscore e da CANAL+ Sport, previsto para ser lançado na primavera europeia de 2026.
Terry, que conquistou a Champions League, a Premier League e diversas copas nacionais com o Blues, atuou 492 vezes ao longo de 19 temporadas em Stamford Bridge, sendo o pilar da defesa.
Desde que se aposentou em 2018, o ex-jogador da seleção inglesa trabalhou à beira do campo, assumindo um cargo de treinador no Aston Villa sob o comando de Dean Smith.
Após uma passagem pelo Leicester City, ele retornou ao Chelsea em regime parcial, atuando como analista de vídeo.
No entanto, já se passaram cinco anos desde sua experiência em Villa Park, e ele admitiu ao Livesport Daily que, no mundo competitivo do futebol, quem não avança acaba ficando para trás.
Falando sobre seu futuro no futebol, Terry explicou: "Passei cerca de três anos no Aston Villa, onde conseguimos o acesso de volta à Premier League, e depois comecei a buscar um emprego para mim, mas não tive a oportunidade de treinar ou comandar um time de futebol.
"Então, trabalhei duro por dois ou três anos depois que saí do Aston Villa, tentando encontrar esse cargo, mas não consegui uma vaga. Então, realmente, não há muito mais que eu possa fazer, além de tentar aproveitar minha vida agora. Acho que procurei por alguns anos uma função dentro do futebol, mas infelizmente nada apareceu que realmente me motivasse ou me deixasse feliz", conta.
"Provavelmente já estou afastado há tempo demais. Já fazem quatro anos desde que deixei o Aston Villa como treinador. E, para mim, se você quer ser um grande treinador ou um grande técnico, precisa estar sempre atento e acompanhando tudo. Tem que ser obcecado por isso", afirma.

"Meu sonho é comandar o Chelsea, mas sem todo o resto, esse sonho provavelmente não se realiza. Estou satisfeito com o que conquistei no Chelsea como jogador e capitão do clube, mas essa última meta provavelmente não vai acontecer", admite.
Apesar da situação atual, Terry ainda tem muito do que se orgulhar, e nada é tão grandioso no futebol de clubes quanto a Champions League.
Após perder o pênalti decisivo na disputa de 2008 contra o Manchester United, ele conseguiu superar esse trauma quatro anos depois, quando o Blues surpreendeu o Bayern de Munique em pleno estádio adversário.
Terry ficou fora da final por suspensão, mas isso não impediu que ele virasse notícia. "Eu estava com o uniforme completo. Você não lembra?", brinca.

Ele continuou: "É curioso, porque as pessoas me perguntam qual foi meu melhor momento com a camisa do Chelsea, ou na história do clube. Para mim, foi justamente o jogo que não joguei em 2012. E quando você está tanto tempo em um clube, entende o quanto isso significa para os torcedores, para quem trabalha no clube e para os jogadores também", revela.
"Trabalhamos muito ao longo dos anos para conquistar aquele troféu. Foi o troféu mais difícil que já tentei ganhar. E em um jogo em que éramos considerados azarões, estávamos em Munique, enfrentando o Bayern Munich, no estádio deles, na cidade deles", recorda.
"Pete (Petr Cech) defendeu um pênalti, as defesas que ele fez, Didier marcando no fim, quando já estávamos todos um pouco mais velhos também. Nas temporadas 2005/2006, 2009/2010, quando o Barcelona também marcou no final, éramos favoritos para vencer. No ano em que o elenco já estava envelhecido e nos aproximávamos do fim das carreiras, alguém decidiu que iríamos ganhar a Champions League", lembra.
"Tínhamos grandes jogadores no grupo, mas também é preciso um pouco de sorte no caminho, e acho que tivemos isso. Então, para mim, o melhor momento foi ver as pessoas com quem joguei e o quanto significou para os jogadores e para os torcedores", diz.
Sem o mesmo sucesso na Inglaterra
Apesar de uma carreira de clube cheia de conquistas, isso não se repetiu no cenário internacional. Terry fez parte da chamada 'geração de ouro' da Inglaterra, ao lado de nomes como Rio Ferdinand, Steven Gerrard, Paul Scholes e, claro, David Beckham.
Pelos Three Lions, ele nunca passou das quartas de final em grandes torneios, algo que ainda o incomoda até hoje. Questionado se sabia o motivo de não terem conquistado títulos, ele disse: "Não sei por quê. Ouvi outros jogadores falarem sobre seus motivos.
"Eu não sentia o mesmo que eles. Não sentia rivalidade nos vestiários, sentado ali com os jogadores do United, os jogadores do Liverpool. Eu tentava ser aquele... tentava unir todo mundo. Talvez a rivalidade entre Liverpool e United fosse forte demais", pondera.
Gerrard é um dos que já comentou sobre esse período, chamando o grupo de 'egocêntrico'. Respondendo a essas afirmações, Terry refletiu: "Na verdade, é interessante porque nunca conversamos sobre isso como jogadores. Não é como se sentássemos para debater, seja o Frank (Lampard) dando sua opinião, ou o Stevie, o Rio, ou outro, Paul Scholes dando sua opinião, e todos têm direito à sua opinião", afirma.
"(Isso) não significa que eu tenha que concordar. Só posso explicar como me senti naqueles momentos. E quando estava com a Inglaterra, eu era jogador da Inglaterra. Não era jogador do Chelsea", esclarece.
O grupo atual de jogadores da Inglaterra também ainda não conquistou títulos. No entanto, já chegaram a duas finais de Eurocopa e estão cada vez mais próximos de quebrar o jejum de quase 60 anos sem um grande troféu.
A hora da verdade
Falando após a classificação da Inglaterra para a Copa do Mundo de 2026 com campanha perfeita, Terry acrescentou: "Provavelmente é a melhor chance que vamos ter. Acho que atualmente temos um elenco muito bom, uma mistura de jovens, jogadores experientes como Harry Kane no grupo, Harry Maguire, John Stones, junto com esses jovens talentosos como Phil Foden, Cole Palmer, Jack Grealish e Jude Bellingham. Esses caras têm aquela ousadia de não sentir medo quando entram em campo. Então, acredito que temos uma grande oportunidade", projeta.
Durante a conversa completa com o Livesport Daily, Terry também falou sobre a pressão da Premier League, o melhor jogador que já enfrentou e sobre liderar um clube vencedor. Assista tudo no player acima.
