No papel a ideia parece muito boa e, se você é fã do game Football Manager, pode achar que já viu isso antes.

É uma grande aposta para a UEFA, que quer acabar de vez com a Superliga com uma ideia que é tipo uma Superliga light.

A maioria dos clubes provavelmente ficará feliz e, por clubes, entenda-se os grandes chefões do futebol europeu que tentaram se separar da UEFA há alguns anos.

O Real Madrid, o Barcelona e a uventus - os grandes líderes do "golpe" - ficarão felizes com a perspectiva de dois jogos extras garantidos antes do mata-mata, com o bônus adicional de dois desses jogos acontecerem contra clubes de alto nível.

No entanto, eles ainda precisam se classificar e conquistar vagas com base no mérito esportivo, o que pode irritá-los um pouco, a julgar pelos planos da liga bandida.

Ainda mais jogos

Se os clubes ingleses ficarão tão felizes é outra questão.

Sim, as receitas de bilheteria, especialmente as provenientes de preços mais altos para os jogos da Liga dos Campeões, ajudarão a engordar ainda mais seus cofres.

Mas para times como Manchester City, Liverpool e Arsenal, mais datas de jogos provavelmente não estão no topo da lista de seus desejos.

O ponto principal para os clubes que ainda estão interessados na ideia da Superliga era gerar muito mais receita, e não apenas incrementos pequenos.

Clubes como Inter, Milan e Atletico de Madrid estão sendo derrotados no mercado de transferências por clubes como Bournemouth, Brighton e Crystal Palace.

As potências tradicionais da Europa precisam ter a garantia de muito dinheiro proveniente dos ingressos e da receita da televisão contra outros times de ponta para gerar um fluxo de caixa adicional suficiente para competir financeiramente com a Superliga real que já existe: a Premier League.

Dar a eles dois jogos a mais na Europa - caso participem da competição - ajudará. Mas não nos esqueçamos de que os clubes ingleses também serão beneficiados e, portanto, pode não acabar com o problema.

O novo formato vale a pena?

Além do dinheiro, o aspecto competitivo das novas mudanças - que também afetarão a Liga Europa e a Liga da Conferência - parece de fato bastante interessante.

Em vez de uma fase de grupos, todas as equipes serão distribuídas em quatro potes (na Conferência haverá seis potes) e entrarão em uma liga de 36 níveis, com cada equipe jogando oito partidas (quatro em casa e quatro fora) contra duas equipes de cada pote, o que significa que haverá movimentação para cima e para baixo na tabela.

As oito melhores equipes da liga passarão para as oitavas de final de cada uma das competições, enquanto as equipes classificadas da nona à 16ª posição enfrentarão as equipes que terminaram da 17ª à 24ª posição em uma repescagem.

Os oito clubes que passarem pela repescagem se classificam para as oitavas de final, onde enfrentarão os oito primeiros colocados.

As equipes que terminarem fora dos 24 primeiros colocados serão eliminadas de todas as competições europeias, portanto, não haverá uma rede de segurança para o terceiro colocado da Champions, que hoje "cai" para a Liga Europa.

Menos jogos sem sentido

Resumindo, o novo formato significa que os torcedores poderão evitar o potencial de incompatibilidade das atuais fases de grupos, em que algumas das equipes mais fortes de cada competição europeia geralmente se encontram jogando duas ou quatro partidas em que o resultado é quase inevitável e, muitas vezes, até sem sentido.

Isso também ajudará a evitar o cenário muito comum de jogos sem graça nas semanas cinco e seis, em que uma equipe como o Manchester City ou o Real Madrid já está classificada há muito tempo e simplesmente aparece para vencer o Celtic ou o Rangers por 2 a 0. 

Portanto, o novo formato nos permite apostar em partidas que (idealmente) serão realmente importantes antes de entrarmos em uma fase eliminatória tradicional que absolutamente não precisa ser alterada, mas sem dúvida a UEFA encontrará uma maneira de fazer isso.

As mudanças entrarão em vigor a partir da próxima temporada, portanto, veremos se haverá alguma diferença já em setembro.

E se o Real Madrid não conseguir se classificar na nova fase da liga, podemos esperar que as mudanças sejam revertidas no início da temporada 2025/26, sem dúvida.