O vencedor do nosso prêmio de Jogador do Ano é Ousmane Dembélé, que levou o Paris Saint-Germain ao seu primeiro título de Champions League em 2025.
Como líder exemplar de um PSG que finalmente conquistou a Europa, Dembélé transformou seu futebol sob o comando de Luis Enrique. Goleador, garçom, incansável na pressão, ele aproveitou todo seu potencial para se tornar um jogador completo no último ano. Por isso, recebe este prêmio, que se soma à sua Bola de Ouro.
Da final da Champions League em Munique ao Théâtre du Châtelet em Paris, o coro foi crescendo ao longo dos meses, até que Dembélé finalmente recebeu o cobiçado troféu individual, coroando uma temporada 2024/25 incrível, que esteve longe de ser simples.
Voltando a novembro de 2024, contra o Bayern, o PSG desmoronou como time e perdeu por um placar que foi bem mais amplo do que o 1 a 0 indicou. Dembélé foi expulso e Luis Enrique não hesitou em puní-lo, deixando-o no banco contra Nantes e Auxerre.
Se o treinador foi rígido, é porque via em Dembélé a peça central do time que queria construir.
O fim da era de Kylian Mbappé no PSG começou durante clássico contra o Olympique de Marselha, em 31 de março de 2024. Debaixo de muita chuva, a futura estrela do Real Madrid sumiu em campo, enquanto Dembélé brilhou como falso 9, função que estava começando a conhecer. Ali, os alicerces de sua transformação foram lançados.
A falta de frieza do atacante na frente do gol já virou quase uma lenda. Capaz de desequilibrar qualquer defensor, Dembélé muitas vezes pecava na hora de finalizar. Ainda assim, quando estava no Barcelona, Xavi Hernández dizia a quem quisesse ouvir: Dembélé tinha tudo para ser o melhor do mundo.
Muitos riram dessa previsão. Mas o catalão estava certo. Dembélé se tornou o número um sob o comando de uma das mentes mais exigentes do futebol: Luis Enrique.
A cena do documentário que viralizou – "no tienes ni p*** idea" (você não faz a menor ideia) – em que o técnico espanhol diz a Mbappé o que é preciso para ser líder, ganhou novo significado quando Dembélé foi coroado. Afinal, ele também ouviu esse mesmo discurso do treinador, e seguiu à risca as orientações do comandante.
De ponta talentoso a máquina de gols do PSG
O resultado: uma Champions League e uma Bola de Ouro. Enquanto isso, Mbappé ainda persegue ambos. É impossível não comparar os caminhos dos dois.
Essa transformação foi tão inesperada quanto improvável. Dembélé, artilheiro? Sem dúvida. Foi como se tudo tivesse se encaixado na segunda metade da temporada, quando os destinos são decididos.
Acostumado a fracassar na Europa desde a chegada dos cataris, o PSG finalmente ergueu a Champions League. E não foi de qualquer jeito: eliminou três clubes da Premier League antes de atropelar a Inter por 5 a 0 na final, que havia deixado o Barça pelo caminho. Decisivo e imponente.
E além das qualidades ofensivas, Dembélé se destacou pelo compromisso defensivo. Sempre o primeiro a pressionar, sempre colocando as necessidades do time acima das suas. Ser líder vai além dos números – é uma questão de postura.
Mas será que sua posição na seleção francesa realmente mudou? Na prática, não. Nos pôsteres e vídeos promocionais dos Bleus, ele continua à margem, deixando o protagonismo para Mbappé, o rei sem coroa. Nem está claro se Didier Deschamps passou a dar mais atenção a ele.
O triunfo de Dembélé não mudou sua personalidade reservada. As lágrimas sinceras ao receber a Bola de Ouro mostraram que nada ali foi encenado ou calculado.
O início da temporada 2025/26 foi atrapalhado por lesões, o que não surpreende, considerando a maratona que ele enfrentou em um clube que ainda não atingiu seu auge – mas que está em situação melhor do que há um ano.
Mas, aconteça o que acontecer, enquanto todos esperavam que Antoine Griezmann, Paul Pogba ou Mbappé chegassem ao topo do futebol, foi Dembele, campeão mundial em 2018 com a França, quem escreveu seu nome para sempre na história do esporte graças a um ano épico dentro de campo.