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Ex-Fluminense, Marlon Santos vive recomeço no Shakhtar: “Era o tempo de voltar”

Marlon Santos atuou em 22 jogos pelo Shakhtar em sua primeira passagem
Marlon Santos atuou em 22 jogos pelo Shakhtar em sua primeira passagem Divulgação/Shakhtar

Depois de presenciar a escalada da guerra na Ucrânia e passar por uma série de empréstimos, o zagueiro Marlon Santos está de volta ao Shakhtar. Campeão da Libertadores com o Fluminense, o defensor brasileiro revelou, em entrevista exclusiva ao Flashscore, que retornar ao clube europeu era um desejo antigo. O time ucraniano luta por uma vaga na fase principal da Liga Europa.

Marlon sentia que sua história no Shakhtar permanecia incompleta. Na temporada 2021/22, com a escalada do conflito militar entre Rússia e Ucrânia, o zagueiro brasileiro viu sua passagem pelo clube ser interrompida de forma abrupta. 

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Mas, desde o início, o zagueiro brasileiro sabia que precisava voltar ao clube ucraniano. Algo que estava não apenas em sua mente. Era um sentimento compartilhado com a família. 

Marlon Santos retornou ao Shakhtar depois de passagem pela MLS
Marlon Santos retornou ao Shakhtar depois de passagem pela MLSDivulgação/Shakhtar

"Desde o início, eu via a bandeira da Ucrânia o tempo todo, e quando a gente falava do Shakhtar, eu e minha esposa, por mais que tivesse todo esse cenário externo, de guerra, sentíamos paz, sentíamos esse desejo de voltar. Era o tempo de voltar. Aqui estamos, e estamos muito felizes e realizados", contou Marlon Santos ao Flashscore

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"Eu até falei com o meu empresário: 'Cara, por mais que a gente converse com outros clubes, o nosso interesse, o nosso desejo, a nossa prioridade sempre é o Shakhtar'". 

"É muito prazeroso poder voltar ao clube onde você esteve por pouco tempo e que tem uma história de grandes jogadores brasileiros, de ser esta porta de entrada para o futebol europeu", reforçou. 

Marlon Santos na retomada de suas atividades como jogador do Shakhtar
Marlon Santos na retomada de suas atividades como jogador do ShakhtarDivulgação/Shakhtar

Resiliência para escrever nova página

Marlon Santos entrou em campo apenas 22 vezes em sua primeira passagem pelo Shakhtar. As lembranças do momento que mudou para sempre sua trajetória recente ainda são vívidas. 

"Nós, brasileiros, estivemos juntos todo o tempo e, graças a Deus, saímos sem nenhum tipo de problema. O clube nos ajudou com hospedagem. Permanecemos em um hotel durante quatro dias e dormimos ali. Tivemos o que comer, o que beber, claro. Mas, em um cenário de guerra, quatro dias é como se fosse um mês", recordou.

"No primeiro dia tinha bastante comida. No segundo, os suprimentos foram reduzindo. Já no terceiro, os mantimentos ficaram ainda mais escassos. E, no quarto, o Júnior Moraes (ex-jogador do Shakhtar) teve que ir na rua comprar coisa para as crianças. Foi um momento bem delicado. Mas o clube vive hoje uma página nova e tenta, por meio do futebol, trazer um pouco de alívio a este cenário ainda muito difícil", destacou o brasileiro ao Flashscore

Para Marlon, uma característica da comunidade ucraniana que chama atenção em tempos tão sombrios é a resiliência, perceptível dos atletas ao staff do Shakhtar. 

"Um jogador me mostrou um vídeo de uma bomba que estava caindo a 200 metros do apartamento do irmão dele. Só que nessa conversa, ele estava esboçando ainda um sorriso, porque ele tem certeza de que esse cenário vai mudar. Qualquer um que ver aquela imagem vai se comover", disse.

"A gente também sente essa dor junto com eles, quando acontece algum ataque, quando a gente sabe que houve morte de pessoas. Mas eu creio e acredito que o futebol, neste momento, ajuda também de uma certa forma, porque traz um pouco de paz, de alegria, de sorriso", ressaltou o zagueiro brasileiro. 

Polônia como base e sonho continental via Liga Europa 

Com o território ucraniano ainda sob ataque, o futebol do país foi forçado a tornar-se nômade. Neste momento, a base é a vizinha Polônia. Marlon contou um pouco desta experiência, exaltando a grande recepção da comunidade da Cracóvia.

"É muito bom poder encontrar essa tranquilidade na Polônia. No ano passado, por exemplo, a equipe estava na Alemanha. Acredito que a nível de logística ficou ainda um pouco mais pesado. Mas ter encontrado um país que tem fronteira com o seu e que provavelmente entende melhor a sua cultura e tem uma sintonia maior com o seu país, contribui bastante". 

"Claro, não é a mesma coisa de jogar em casa. Mas devido a esse contratempo momentâneo, a gente acredita que esta é a melhor possibilidade. Estamos recebendo o carinho e o calor também dos nossos torcedores. Vamos sempre fazer todo o tipo de esforço para poder estar perto dos nossos fãs e jogar o nosso futebol", complementou o defensor. 

Além da disputa do Campeonato Ucraniano, em que ocupa a terceira posição, o Shakhtar vive o sonho de ingressar na Liga Europa. A equipe está na terceira fase pré-eliminatória, contra o Panathinaikos. O primeiro jogo, fora de casa, ficou 0 a 0

Na próxima quinta-feira (14), às 15h (de Brasília), o Shakhtar recebe o oponente grego na luta para seguir no torneio. Caso avance, o time da Ucrânia precisará passar ainda por mais um mata-mata antes de garantir sua vaga na fase de liga.

"É importante para nós essa sequência. Ter essa participação em uma competição continental. É um time muito novo, que ainda está conhecendo a filosofia do treinador (o ex-jogador turco Arda Turan), que ainda está assimilando, absorvendo todo o conteúdo que ele transmite. Dentro disso, até aqui o time tem mostrado uma personalidade e um impacto muito legal. E isso cria em nós uma expectativa muito positiva", projetou. 

Marlon Santos jogou ao lado de Arda Turan, seu técnico, na época de Barcelona
Marlon Santos jogou ao lado de Arda Turan, seu técnico, na época de BarcelonaDivulgação/Shakhtar Donetsk