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John Textor terá difícil missão para evitar o rebaixamento do Lyon

John Textor vai correr atrás de segurar o Lyon na primeira divisão
John Textor vai correr atrás de segurar o Lyon na primeira divisãoOLIVIER CHASSIGNOLE / AFP
Venda das ações do Crystal Palace, empréstimo de jogadores e aporte de liquidez: o proprietário do Lyon, John Textor, também dono do Botafogo, terá que apresentar garantias financeiras mais sólidas no processo de apelação para evitar na última hora o rebaixamento do clube francês para a segunda divisão.

A Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG), autoridade financeira dos clubes da França, decidiu na terça-feira (24) rebaixar o histórico Lyon, sete vezes campeão da França (de 2002 a 2008), por onde passaram jogadores como Karim Benzema e os brasileiros Juninho Pernambucano e Fred, entre outros.

O clube, um dos grandes do futebol francês, pertence desde o final de 2022 a Textor por meio do Eagle Football Holdings (EFH), empresa que também controla o BotafogoO EFH anunciou que vai recorrer da decisão "irresponsável" da DNCG, mas para vencer o processo e manter o Lyon na elite do futebol francês, terá que apresentar contas que convençam as autoridades.

O clube lembrou que, desde janeiro, recebeu do EFH 83 milhões de euros (R$ 534 milhões na cotação atual) que permitiram um adiamento das dívidas.

Redução da folha salarial

Para reduzir a folha salarial, 100 funcionários do Lyon aderiram a um plano de demissões voluntárias. O clube também vai reduzir a folha salarial do elenco profissional em cerca de 30 milhões de euros (R$ 193 milhões) ao rescindir os maiores contratos. 

Além de não renovar com o atacante Alexandre Lacazette, o lateral Nicolás Tagliafico e o goleiro Anthony Lopes, o clube também vendeu o atacante Rayan Cherki (42,5 milhões de euros/R$ 273,6 milhões para o Manchester City) e o meia-atacante Maxence Caqueret (15 milhões de euros/R$ 96,5 milhões para o Como).

Textor foi alvo de protesto da torcida do Lyon
Textor foi alvo de protesto da torcida do LyonAlbin Bonnard / Hans Lucas via AFP

Todas as medidas foram consideradas insuficientes pela DNCG e o clube tem agora duas semanas para se adequar e cumprir as exigências das autoridades. O centro do problema seria a divisão dos valores nas contas, principalmente dos procedentes do EFH.

Por exemplo, a DNCG tem na mira o empréstimo gratuito em janeiro do argentino Thiago Almada do Botafogo para o Lyon, apesar do clube francês ter sido proibido de fazer contratações e ter que reduzir a folha salarial.

Na última segunda-feira (23), o Crystal Palace anunciou que Textor vendeu 43% das ações para o empresário Woody Johnson por US$ 225 milhões (R$ 1,2 bilhão). O EFH teria destinado apenas 40 milhões de euros (R$ 257 milhões) desse valor ao Lyon, enquanto a DNCG esperava o dobro.

O órgão também estuda o lucro que o Lyon pode obter com os direitos de três jogadores com passagem pelo Botafogo: Igor Jesus, Thiago Almada e Luiz Henrique.

Textor tem pouco tempo para impedir o rebaixamento do Lyon
Textor tem pouco tempo para impedir o rebaixamento do LyonMOURAD ALLILI / PsnewZ / Profimedia

Torcedores insatisfeitos com Textor

Luiz Henrique já foi vendido para o Zenit da Rússia por 33 milhões de euros (R$ 212,5 milhões) e Igor Jesus está negociado com o Nottingham Forest da Inglaterra por cerca de 20 milhões de euros (128,7 milhões).

A difícil situação econômica do Lyon, também na mira da Uefa e da Fifa, fragilizou a posição de John Textor, que nesta quarta-feira (25) foi alvo de protestos de torcedores do clube francês, que colocaram faixas pela cidade com frases como "Fora Textor" e "Guerra a Textor".

Todo este processo terá consequências esportivas. O Campeonato Francês começará no fim de semana do dia 15 de agosto, uma semana depois da Ligue 2 (segunda divisão), e o clube ainda não sabe em qual categoria vai jogar, nem com quais jogadores.

A conformação do rebaixamento pode significar até o desaparecimento do Lyon, já que orçamento de 250 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão) é um valor exagerado para a Ligue 2. Esta opção, no entanto, parece remota, considerando que geraria enormes prejuízos para os proprietários americanos, depois de já terem investido dezenas de milhões no projeto.