Homem que atropelou torcedores em comemoração do título do Liverpool será sentenciado

Paul Doyle aparece chorando no banco dos réus
Paul Doyle aparece chorando no banco dos réus Julia Quenzler / SWNS / SWNS / Profimedia

A audiência de sentença para um britânico que avançou com seu carro sobre multidões de torcedores que comemoravam o título do Liverpool na Premier League, ferindo mais de 100 pessoas, está marcada para começar nesta segunda-feira (15).

Paul Doyle chorou no banco dos réus e mudou dramaticamente sua confissão durante o julgamento em novembro, admitindo ter dirigido intencionalmente seu carro contra a multidão no centro de Liverpool em maio.

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Doyle, que está preso desde sua detenção no local, deve ser sentenciado na Liverpool Crown Court ao longo de dois dias, segunda e terça-feira.

No mês passado, ele se declarou culpado de 31 acusações criminais, incluindo causar lesão corporal grave com intenção, ferimento com intenção, tumulto e direção perigosa.

O juiz Andrew Menary disse a Doyle para se preparar para "uma pena de prisão considerável." A pena máxima para os crimes mais graves é prisão perpétua.

Mudando de ideia

Doyle havia negado anteriormente as acusações criminais, e os promotores afirmaram que ele planejava contestá-las alegando que entrou em pânico ao dirigir em direção à multidão.

No entanto, ele surpreendeu ao mudar de ideia no segundo dia do julgamento, admitindo culpa em cada uma das 31 acusações, que envolvem 29 vítimas com idades entre seis meses e 77 anos.

O homem de 54 anos saiu do condomínio onde morava com a família, em um subúrbio de Liverpool, no dia 26 de maio, em seu Ford Galaxy Titanium.

Ele deveria buscar um amigo que estava entre as centenas de milhares de torcedores comemorando a conquista do Liverpool do 20º título inglês da elite, igualando o recorde.

Em um caso extremo de fúria no trânsito, ao longo de sete minutos, Doyle dirigiu seu veículo de quase duas toneladas aparentemente de forma indiscriminada contra pedestres, alguns dos quais foram arremessados contra o capô do carro.

Ele feriu 134 pessoas e, embora ninguém tenha morrido, 50 precisaram de atendimento hospitalar, segundo a Polícia de Merseyside.

"Comemoração virou caos"

Sua vítima mais jovem foi um bebê de seis meses, que foi lançado do carrinho, mas saiu ileso, de forma milagrosa.

A polícia rapidamente declarou que o incidente não se tratava de terrorismo. Mas as circunstâncias do suposto ataque permaneceram em grande parte obscuras até o julgamento.

A promotoria planejava apresentar imagens de uma câmera veicular mostrando Doyle perdendo a paciência, xingando repetidamente e buzinando para os pedestres enquanto se irritava com a presença deles nas ruas.

"Em vez de esperar que passassem, ele deliberadamente avançou com o carro, abrindo caminho à força", disse Sarah Hammond, do Crown Prosecution Service (CPS), após Doyle admitir culpa.

"Não foi um lapso momentâneo de Paul Doyle – foi uma escolha que ele fez naquele dia, transformando uma comemoração em caos", revela. 

Depois de atingir as primeiras vítimas, ele seguiu por outra rua e atropelou mais pessoas, dando ré em certo momento e colidindo com outros pedestres e até com uma ambulância.

Invasão de carro evitou o pior

O carro só parou depois que várias pessoas, incluindo crianças, ficaram presas embaixo do veículo, e um pedestre entrou no carro nos últimos 16 segundos da trajetória desastrosa, segundo os promotores.

Um homem que entrou no veículo colocou a marcha em ponto morto, ajudando a parar o carro.

Testemunhas descreveram cenas de carnificina, incluindo relatos de ouvir o carro passando por cima de pessoas e ver dezenas de vítimas caídas na rua.

O detetive-chefe John Fitzgerald, da Polícia de Merseyside, disse que era "difícil esquecer as cenas chocantes daquele dia". Ele acrescentou que "só por pura sorte ninguém morreu devido às ações imprudentes de Doyle".

Segundo reportagens, Doyle chegou a ingressar brevemente na Marinha Real após a escola, e depois trabalhou com TI e segurança cibernética.

Pessoas que o conheciam disseram à imprensa britânica que ele era um "homem de família", interessado em fitness e bem visto pelos vizinhos.

Ele era registrado como proprietário de uma empresa de bonés, a FarOut Caps, e aparentemente usava a conta da empresa nas redes sociais para postar sobre criptomoedas e videogames.