Verratti iniciou sua carreira no clube da sua terra natal, o Pescara, antes de mudar para o PSG sem nunca ter jogado na Serie A italiana. Atualmente, ele está no Al-Duhail, do Catar, após duas épocas no Al-Arabi.
Confira nosso papo exclusivo com o jogador de 32 anos:

Maior jogador italiano que nunca jogou na Serie A
• Depois de sair do PSG, você está agora na sua 3ª temporada no Catar. Como descreveria a liga?
Aqui, o estilo de futebol é claramente diferente, mas no fim, futebol é sempre futebol. Dentro de campo, nos divertimos. Para mim, basta uma bola e alguns colegas, e já estou feliz. Sinto-me mesmo confortável aqui.
As diferenças são sobretudo culturais; o futebol aqui é mais tranquilo, enquanto na Europa é tudo ou nada: se perdes no domingo, no meio da semana já estás em apuros. Aqui é mais descontraído. Fora do campo, estou descobrindo uma nova cultura, um modo de vida diferente, mas sinto-me muito bem.
• Provavelmente é o maior jogador italiano que nunca jogou na Serie A da Itália. Acha que isso poderá mudar?
No futebol, nunca se sabe. Agora, tenho contrato aqui, estou feliz e a minha família também. Ainda sou relativamente jovem para o futebol, tenho mais alguns anos pela frente, nunca tive lesões, felizmente, por isso sinto-me bem e veremos no futuro se surge alguma oportunidade.

• Seu último jogo pela seleção foi em 2023. Pensa em regressar?
Não sei. Foi em parte uma decisão minha quando vim para o Catar. Os meus filhos ficaram em Paris, por isso o período da seleção é o único momento em que os posso ver. Como disse antes, o futebol é a minha maior paixão, mas os meus filhos vêm primeiro.
• Você é agora o maior acionista do Pescara. O que o levou a investir no clube da sua infância?
Para mim, foi uma forma de retribuir ao clube que me deu tudo. É um clube pequeno que também fez sacrifícios por mim, sempre me apoiou e ajudou a crescer da melhor forma. Foi um gesto de agradecimento por tudo o que fizeram por mim, e quero continuar a ajudar o Pescara a crescer, dando tudo aos jovens locais.

• Quais suas melhores recordações da conquista da Euro 2020 com a Itália durante a pandemia de COVID?
Para mim, foi talvez a maior satisfação e emoção que vivi no futebol. Vencer pela seleção é algo único, porque a Eurocopa disputa-se no verão e sabemos que toda a família, os filhos, os amigos estão juntos na praça da cidade a ver-nos.
É um torneio que junta toda a gente, sem Inter, Milan, Juve: só a seleção. Foi uma sensação incrível. E ganhar em Wembley contra Inglaterra foi fantástico, uma memória maravilhosa que levarei comigo para sempre.

O PSG me deu tudo
• Você tornou-se uma lenda no PSG, sendo o terceiro jogador com mais jogos na história do clube. Quais são as suas maiores recordações em Paris?
Passei 11 anos lá, dos 19 aos 31, que acho que são os melhores anos da vida de uma pessoa: adolescência, crescimento, tornar-se adulto. Conheci pessoas que me ensinaram que a vida deve ser vivida com respeito e educação. Para além dos troféus, foi a minha vida, onde cresci e me tornei homem. Os meus filhos nasceram lá e ainda vivem lá.
O PSG me deu tudo. Para mim, é um conjunto de memórias bonitas, só boas recordações, mesmo sem termos vencido a Liga dos Campeões. Houve momentos difíceis, mas para mim, é uma recordação incrível.
• Continua vendo os jogos do PSG?
Sempre, sim. Os meus filhos são grandes torcedores do PSG, ainda tenho muitos amigos lá e vejo sempre. Quero que ganhem. Conheço o Nasser (Al-Khelaifi, dono do clube); passamos muito tempo juntos aqui em Doha, por isso acompanho-os de perto.
Com os meus filhos, tenho mesmo de ver! Não pedi nada ao clube, comprei eu próprio as assinaturas para os meus filhos, por isso continuo a acompanhar com muito prazer.
Neymar vive a vida ao máximo
• Como foi jogar ao lado de Lionel Messi, Neymar e Kylian Mbappé?
Cada um tem uma personalidade diferente. Sempre me dei bem com todos porque tenho um caráter tranquilo, e tive uma ótima relação com todos eles. Mas cada um é diferente...
O Messi é incrivelmente simples. Você não sente que está jogando com o melhor do mundo. Para mim é também o melhor da história, mas é humilde, é sempre o primeiro a treinar, gosta dos treinos, é uma pessoa fantástica e tive e continuo a ter uma excelente relação com ele.
O Neymar vive a vida ao máximo, está sempre a sorrir e é contagiante. Quando estamos com ele, estamos sempre rindo. É muito generoso e partilhámos momentos incríveis.
O Kylian está sempre pronto; quer ser o melhor do mundo. Não tem a técnica do Messi, mas faz-me lembrar um pouco o Ronaldo Fenômeno, alguém capaz de decidir um jogo a partir do meio-campo num instante.
• Você foi assistir à final da Liga dos Campeões no ano passado?
Fui ver a final ao estádio com alguns amigos de Paris, e foi um alívio depois de tantos anos, especialmente para o clube e para o presidente. Fiquei genuinamente feliz por eles porque sei o que passaram.
Senti-me envolvido mesmo estando de fora, e sabia que todas as pessoas que lá trabalham há muitos anos queriam ganhar esta taça, por isso também foi um alívio para mim. Estou muito contente por terem conseguido.
