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Reforço mais caro da liga catari, Claudinho conta por que trocou o Zenit pelo Al-Sadd

O meia brasileiro é o maior destaque da liga do Catar
O meia brasileiro é o maior destaque da liga do CatarAl-Sadd

O meia brasileiro Claudinho, de 28 anos, é o atleta mais valioso da liga do Catar no momento – com preço estimado em 15 milhões de euros. Ele poderia ter ficado no Zenit ou ter escolhido qualquer grande time do Brasil, mas preferiu o Al-Sadd.

Em entrevista exclusiva ao Flashscore, o medalhista de ouro em Tóquio 2020 conta bastidores de suas negociações, fala sobre a chegada de Firmino ao Al-Sadd e revela por que deixou a Rússia, onde era ídolo.

Leia aqui a 1ª parte da entrevista: Por que Palmeiras e Flamengo não conseguiram Claudinho?

Confira a 2ª parte do papo com o sorridente Claudinho a seguir.

Números das últimas temporadas de Claudinho
Números das últimas temporadas de ClaudinhoFlashscore

Guerra muda cenário no Zenit

Claudinho chegou ao futebol russo em 2021, logo após ganhar o prêmio de melhor jogador do Brasileirão atuando pelo Red Bull Bragantino.

O meia recebeu propostas do Flamengo e do Corinthians, mas seu sonho era disputar a Champions League.

Eu fui para o Zenit para jogar a Champions League, porque o primeiro ano que eu fui para lá ainda não tinha guerra, ainda era um país muito tranquilo e disputava a Champions League, que era meu sonho", contou ele.

Eu achei que ali era um time que eu poderia chegar rapidamente e continuar tendo minutagem, (seria melhor) do que eu ir para a Europa e talvez acabar perdendo essa confiança, essa sequência que eu estava tendo no Red Bull. Fui para lá e fui muito feliz. Meu primeiro ano, eu cheguei, conseguimos ser campeão do campeonato russo, consegui disputar a Champions League, fui muito bem nos jogos, consegui também uma convocação para a Seleção Brasileira", lembrou Claudinho

O que mais me assustou um pouco na Rússia foi o frio", ponderou.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, o brasileiro resolveu deixar o Zenit.

Quando estourou a guerra, deu uma mudada nas coisas, porque tinha alguns amigos que jogavam na Ucrânia, aí acabava havendo o sofrimento deles lá", relembrou Claudinho, citando seus ex-companheiros da base do Corinthians que atuavam pelo Shakhtar Donetsk: Pedrinho e Maycon.

“Eu senti muito isso, e aí começou a pesar um pouco, sabe? Aí tive algumas propostas para voltar para o Brasil, mas o Zenit não liberava. Eu queria mesmo ter ido embora, não por nada com o clube, mas eu queria também ter mais visibilidade. Antes já o pessoal não olhava muito para lá, e quando estourou a guerra, piorou", afirmou.

Eles sabiam que eu queria ir embora, mas não me liberavam. Quando eu fechava a janela, eles vinham e renovavam contrato. Eu pensava, pô, já vou ficar, então eu vou renovar meu contrato, porque é uma melhora para mim e para minha família, claro.

Eu queria muito voltar ao Brasil. Primeiro foi o Flamengo que me procurou, a gente tinha quase tudo certo, mas o clube não conseguiu acertar com o Zenit. E a do Palmeiras também aconteceu agora, antes de eu vir para o Al-Sadd. Estava quase tudo certo para eu voltar, só que o Palmeiras também acabou enrolando, eles estavam na dúvida acho que entre Andrés Pereira e eu, e acabaram esperando um pouco, ficaram uns dias sem falar nada, e acabou chegando a proposta do Al-Sadd. Então, o Zenit aproveitou. Não fui eu que eu dei para trás", disse Claudinho.

Do frio russo ao calor extremo do Catar

Claudinho se mudou de São Petersburgo, onde o recorde de temperatura baixa é -35 ºC, para Doha, onde os termômetros já bateram 50º positivos.

O calor aqui é diferente, às vezes não é fácil jogar”, contou o meia.

“O Catar é um país muito diferente, mas muito bom. Me adaptei muito rápido aqui. Melhor do que eu esperava", acrescentou.

Jogos da Champions da Ásia aqui é muito legal, a torcida enche mesmo o estádio, canta e tudo. O futebol está crescendo também aqui", disse Claudinho, que revelou não carregar o peso de ser o atleta mais valioso da liga.

Eu acho que é muito legal ser o jogador mais caro, muito gratificante isso, mas não fica muito na cabeça, não", confessou.

Mãe tirou o meia do gol

Natural de São Vicente, no litoral de São Paulo, Claudinho começou a jogar bola no futsal do Santos – e sua posição preferida era a de goleiro.

“O treinador chegou na minha mãe e falou que eu tinha de decidir se continuava na linha ou ia para o gol. Eu disse ‘mãe, eu quero ser goleiro’, mas minha mãe respondeu ‘filho, pelo amor de Deus, se você quiser jogar futebol, vai pra linha, olha o meu tamanho, olha o tamanho do teu pai, você não vai crescer, você não vai ter tamanho de goleiro’. Eu segui os conselhos dela e acho que deu certo", lembrou Claudinho, abrindo um sorriso enorme.  

Eu tive uma família que sempre tentou tirar alguma coisa boa mesmo em situação ruim. A minha infância foi bem difícil, eu vim de uma família muito humilde, muito humilde mesmo. Eu vim de uma favela de São Vicente chamada Jockey Club. Uma realidade muito difícil, mas a gente sempre tentava tirar uma felicidade de algum lugar. Eu sempre fui um cara muito feliz, uma criança muito feliz. Eu brincava mais na rua mesmo, jogando futebol com os meus amigos desde os meus quatro anos de idade", contou ele.

Foi uma realidade que eu vivi que eu precisei passar para hoje em dia dá valor também as coisas que eu tenho", completou.

Claudinho ganhou todos os prêmios de Melhor do Brasileirão em 2020
Claudinho ganhou todos os prêmios de Melhor do Brasileirão em 2020Bragantino

O que muda com a chegada de Firmino

Ex-atacante do Liverpool, Roberto Firmino trocou o Ettifaq, da Arábia Saudita, pelo Al-Sadd de Claudinho nesta temporada.

Claudinho afirmou que o colega brasileiro o surpreendeu pela simplicidade, e entende que ele vai “ajudar bastante” o time catari. 

O Firmino é um cara muito leve e muito tranquilo. A pessoa que ele é, pela grandeza que ele tem no futebol… tem atletas profissionais que não são assim, normal, mas ele é um caso à parte. É uma estrela mesmo, é um cara muito bacana”, contou o meia de 28 anos.

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