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FIFA e CONMEBOL vão visitar CBF e reforçam ameaça de suspensão que pode afetar clubes

Bicampeão brasileiro, Palmeiras pode sofrer consequências de  suspensão aventada pela FIFA
Bicampeão brasileiro, Palmeiras pode sofrer consequências de suspensão aventada pela FIFAStaff Images / CBF
A crise vivida pela CBF pode afetar a presença dos clubes brasileiros nas competições continentais da próxima temporada e também a Seleção Brasileira, que terá a disputa da Copa América 2024 e a sequência das Eliminatórias Sul-Americanas. A FIFA e a CONMEBOL reforçaram a possibilidade em carta enviada à CBF neste domingo (24).

O portal Uol revelou o conteúdo do comunicado que FIFA e CONMEBOL enviaram à Confederação Brasileira. As duas entidades pedem que a CBF não realize eleições. A federação vem sendo gerida de forma interina por José Perdiz, presidente agora afastado do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). 

Caso a entidade realize eleições, a carta reforça a ameaça de que a CBF perderá todos os seus direitos, sendo suspensa de suas atividades e afetando os clubes brasileiros e a Seleção nacional

FIFA acompanha de perto movimentações na CBF
FIFA acompanha de perto movimentações na CBFFIFA/Divulgação

A entidade encontra-se sem presidente desde que Ednaldo Rodrigues foi destituído em decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. No entanto, a FIFA não aceita que as federações nacionais sofram interferências jurídicas que não sejam regidas por órgãos esportivos. 

No caso de Ednaldo, a decisão partiu da Justiça comum. Representantes da FIFA e da CONMEBOL farão uma visita à CBF no dia 8 de janeiro para  “examinar a atual situação e trabalhar juntamente para achar uma solução para o atual estado do tema com respeito a aplicação das regras da CBF e da sua autonomia”.

José Perdiz, interventor acionado pelo TJ do Rio para assumir a direção da CBF, afirmou que aguarda a visita da FIFA e da CONMEBOL e acredita que é possível, sim, que eleições sejam realizadas para definir o novo presidente da CBF. 

José Perdiz assumiu a presidência interina da CBF como interventor designado pelo TJRJ
José Perdiz assumiu a presidência interina da CBF como interventor designado pelo TJRJSTJD/Divulgação

"É com satisfação e respeito que recebemos esta nova carta da FIFA. Vejo como um sinal positivo termos a entidade acompanhando o processo eleitoral na CBF", declarou Perdiz, em comunicado. 

"Conforme determinação da Justiça brasileira, confirmada em todas as instâncias, incluindo o presidente do Superior Tribunal de Justiça e a Suprema Corte, devo convocar as eleições no prazo determinado, dentro da transparência e da lisura exigidas", acrescentou o interventor. 

"É dever conduzir essa etapa transitória observando rigorosamente os marcos legais com independência e imparcialidade, em consonância com o estatuto da própria entidade e da FIFA, tendo como único objetivo atender à determinação da Justiça brasileira", finalizou Perdiz. 

Entenda o caso Ednaldo

A ação foi movida pelo Ministério Público, em 2018. Ela questiona os critérios da eleição da CBF, que definiu pesos diferentes para os eleitores (clubes e federações estaduais).

Ednaldo em sua última aparição como presidente da CBF
Ednaldo em sua última aparição como presidente da CBFStaff Images / CBF

As federações ganharam peso 3, os times da Série A peso 2 e os da Série B, peso 1. Para o MP, essa decisão, realizada durante assembleia em março de 2017, quando Marco Polo Del Nero era o presidente, fere a Lei Pelé, uma vez que os clubes não foram convocados para o debate.

Foi sob essas regras eleitorais, contestadas pelo Ministério Público, que Rogério Caboclo foi eleito, em 2018, para um mandato que iria de abril de 2019 a abril de 2023. Em julho de 2021, Ednaldo foi eleito de forma interina, quando Caboclo se afastou da presidência após denúncias de assédio sexual. 

Ednaldo assumiu a presidência da CBF, de forma definitiva, em março de 2022, via Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre CBF e Ministério Público do Rio de Janeiro.

A decisão considera que o TAC é ilegal, pelo fato do MP não ter legitimidade para interferir nos assuntos da CBF, uma entidade privada. A decisão que destituiu Ednaldo Rodrigues foi unânime (3 a 0).