O portal Uol revelou o conteúdo do comunicado que FIFA e CONMEBOL enviaram à Confederação Brasileira. As duas entidades pedem que a CBF não realize eleições. A federação vem sendo gerida de forma interina por José Perdiz, presidente agora afastado do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Caso a entidade realize eleições, a carta reforça a ameaça de que a CBF perderá todos os seus direitos, sendo suspensa de suas atividades e afetando os clubes brasileiros e a Seleção nacional.

A entidade encontra-se sem presidente desde que Ednaldo Rodrigues foi destituído em decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. No entanto, a FIFA não aceita que as federações nacionais sofram interferências jurídicas que não sejam regidas por órgãos esportivos.
No caso de Ednaldo, a decisão partiu da Justiça comum. Representantes da FIFA e da CONMEBOL farão uma visita à CBF no dia 8 de janeiro para “examinar a atual situação e trabalhar juntamente para achar uma solução para o atual estado do tema com respeito a aplicação das regras da CBF e da sua autonomia”.
José Perdiz, interventor acionado pelo TJ do Rio para assumir a direção da CBF, afirmou que aguarda a visita da FIFA e da CONMEBOL e acredita que é possível, sim, que eleições sejam realizadas para definir o novo presidente da CBF.

"É com satisfação e respeito que recebemos esta nova carta da FIFA. Vejo como um sinal positivo termos a entidade acompanhando o processo eleitoral na CBF", declarou Perdiz, em comunicado.
"Conforme determinação da Justiça brasileira, confirmada em todas as instâncias, incluindo o presidente do Superior Tribunal de Justiça e a Suprema Corte, devo convocar as eleições no prazo determinado, dentro da transparência e da lisura exigidas", acrescentou o interventor.
"É dever conduzir essa etapa transitória observando rigorosamente os marcos legais com independência e imparcialidade, em consonância com o estatuto da própria entidade e da FIFA, tendo como único objetivo atender à determinação da Justiça brasileira", finalizou Perdiz.
Entenda o caso Ednaldo
A ação foi movida pelo Ministério Público, em 2018. Ela questiona os critérios da eleição da CBF, que definiu pesos diferentes para os eleitores (clubes e federações estaduais).

As federações ganharam peso 3, os times da Série A peso 2 e os da Série B, peso 1. Para o MP, essa decisão, realizada durante assembleia em março de 2017, quando Marco Polo Del Nero era o presidente, fere a Lei Pelé, uma vez que os clubes não foram convocados para o debate.
Foi sob essas regras eleitorais, contestadas pelo Ministério Público, que Rogério Caboclo foi eleito, em 2018, para um mandato que iria de abril de 2019 a abril de 2023. Em julho de 2021, Ednaldo foi eleito de forma interina, quando Caboclo se afastou da presidência após denúncias de assédio sexual.
Ednaldo assumiu a presidência da CBF, de forma definitiva, em março de 2022, via Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre CBF e Ministério Público do Rio de Janeiro.
A decisão considera que o TAC é ilegal, pelo fato do MP não ter legitimidade para interferir nos assuntos da CBF, uma entidade privada. A decisão que destituiu Ednaldo Rodrigues foi unânime (3 a 0).