Quatro gols e quatro bolas traves são algumas das memórias do confronto entre Udinese e do Napoli, que vai se repetir - agora em outro contexto - neste sábado (14), pela 16ª rodada da Serie A. Em 1985, um empate em 2 a 2 teve Zico e Maradona como protagonistas indiscutíveis.
Agora em 2024, os novos confrontos são entre atletas do mesmo país. Os compatriotas Brenner e Neres e os argentinos Giannetti, Payero e Simeone serão adversários de um jogo que pode, quem sabe, ter fortes emoções, como em 1985, quando o empate de tanto tempo atrás segue sendo difícil de esquecer para os mais nostálgicos.
Maradona debilitado
O eterno craque argentino não estava na sua melhor condição neste confronto. O Pibe de Oro chegou à Itália depois de uma viagem intercontinental, sem reunir a forma ideal para uma partida da Serie A, válida pela penúltima rodada. Naquela temporada, o título ficou nas mãos do Verona, fazendo Udinese e Napoli se enfrentar com certa leveza, com muito pouco sendo almejado pelas equipes naquela reta final de campeonato.
De acordo com La Gazzetta dello Sport, "Diego apareceu na sala de café da manhã e toda a equipe já estava sentada à mesa. Ele estava cambaleante e teve dificuldades para se levantar, ainda tentando se recuperar da diferença de fuso horário". O jeito foi tirar um cochilo para recuperar o máximo de força possível para o duelo com o brasileiro.
O desenrolar da partida
Depois de um breve aquecimento, o argentino fez 1 a 0 aos quatro minutos com uma cobrança de falta, colocando a bola no ângulo superior, onde Brini não conseguiu alcançá-la com um chute magistral de pé esquerdo.
Foi Zico quem participou do gol de empate, dando assistência para Galparoli fazer 1 a 1. O Napoli parecia perdido no início do segundo tempo, sofrendo o 2 a 1 com De Agostini.
Mas a alegria dos anfitriões, que acabaram acertando a trave quatro vezes, foi destruída antes do apito final, quando, mais uma vez, Maradona conseguiu selar o tão necessário empate em 2 a 2, acertando com a mão o rebote do chute de Bertoni no travessão. A jogada foi rápida demais para ser considerada uma infração em um tempo sem VAR.
Foi uma prévia do que Diego conseguiria fazer pouco mais de um ano depois, na Copa do Mundo de 1986, em 22 de junho, nas quartas de final contra a Inglaterra, diante dos olhos do mundo inteiro.
Zico se irrita
No final da partida, a última de sua carreira na Itália (terminou com 30 gols em 53 jogos), Zico não reagiu bem e encontrou no árbitro o alvo de suas explosões pelos pontos perdidos e, acima de tudo, por perder o duelo com o outro astro sul-americano.
As acusações contra o árbitro Pirandola custaram ao brasileiro uma punição que o impediu de voltar a jogar pela Udinese. Zico se revoltou ao dizer que "é impossível suar a semana inteira, trabalhar duro para que, no domingo, um incompetente venha e roube pontos de você, é uma coisa terrível".