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Análise: Como o PSG superou um valente Tottenham e venceu a Supercopa da Europa

Os jogadores do PSG comemoram com o troféu no final da final da Supercopa de 2025 contra o Tottenham
Os jogadores do PSG comemoram com o troféu no final da final da Supercopa de 2025 contra o TottenhamCesare Purini/Zuma Press/Profimedia

Depois de esperar 17 anos pelo seu primeiro grande troféu de qualquer tipo, o Tottenham Hotspur teve a chance de fazer a dobradinha ao enfrentar o Paris Saint-Germain na final da Supercopa da UEFA, no Bluenergy Stadium.

 

Thomas Frank assumiu o comando da equipe do norte de Londres após a demissão de Ange Postecoglou, decidida por Daniel Levy ao término da última temporada.

Nos primeiros três minutos de jogo, o Spurs já havia finalizado duas vezes — embora ambas as tentativas tenham saído pela linha de fundo — e impôs seu ritmo contra os atuais campeões da Liga dos Campeões, de forma semelhante ao que o Chelsea fez na final do Mundial de Clubes.

Assim como em diversas partidas anteriores, o PSG controlou a posse de bola, mas encontrou dificuldade para superar a sólida defesa do Tottenham. Em seguida, os ingleses passaram a explorar lançamentos para Richarlison, estratégia que começou a gerar inúmeros problemas para os parisienses — seja através das finalizações do atacante brasileiro ou de jogadas inteligentes articuladas com seus companheiros de equipe.

PSG x Tottenham - escalações da final da Supercopa da UEFA
PSG x Tottenham - escalações da final da Supercopa da UEFAFlashscore

Tottenham assume a liderança

Quando Micky van de Ven abriu o placar aos 38 minutos, o lance teve origem em mais uma bola levantada na área — desta vez com destino a Cristian Romero. O argentino, que venceu dois de seus três duelos pelo alto, cabeceou para a zona de perigo. O goleiro estreante do PSG, Lucas Chevalier, até conseguiu defender a finalização de João Palhinha, mas o holandês estava atento e pronto para aproveitar a sobra.

Não foi mais do que o Spurs merecia, já que, apesar de todo o domínio de posse do PSG — impressionantes 74,1% durante a partida —, os franceses haviam produzido apenas três finalizações até então: duas para fora e uma bloqueada.

Como era de se esperar, Vitinha teve grande participação no setor ofensivo da equipe da Ligue 1, constantemente encontrando espaços entre as linhas e, em alguns momentos, deixando Pape Matar Sarr e João Palhinha em apuros com seu jogo ágil e habilidoso.

Uma montanha a ser escalada pelo PSG

Luis Enrique também percebeu com clareza uma fragilidade no lado esquerdo da defesa do Tottenham, explorada com frequência por Achraf Hakimi, que atacou insistentemente — ainda que, é preciso dizer, com pouco aproveitamento.

Ao fim da partida, Vitinha (109) e Hakimi (112) haviam superado a marca de cem passes, sendo os únicos jogadores, de ambas as equipes, a atingir esse feito.

Apenas dois minutos após o início do segundo tempo, o PSG já se via em apuros.

Mais uma bola foi alçada na área, dessa vez em cobrança de falta de Pedro Porro, e encontrou Romero livre no segundo poste. O zagueiro argentino subiu bem e testou firme para ampliar o placar para 2 a 0 a favor dos Lilywhites. Chevalier — escolhido por Luis Enrique para substituir Gianluigi Donnarumma — conseguiu tocar na bola, mas acabou apenas empurrando-a para o fundo das redes.

Se esse lance servir de amostra do que está por vir, o técnico pode acabar se arrependendo da escolha que fez.

Reservas mudaram o jogo

Após uma atuação bem abaixo de seu nível habitual, Khvicha Kvaratskhelia deixou o campo aos quatro minutos do segundo tempo.

Apesar de ter conseguido quatro toques dentro da área adversária enquanto o PSG pressionava, sua participação geral ficou muito aquém do que costuma apresentar. No total, foram apenas 30 toques na bola — número bem inferior ao de vários companheiros na noite.

Nos 15 minutos seguintes, mais três substituições acabariam alterando o rumo da partida, com o PSG passando a assumir o controle das ações.

Após ter um chute bloqueado pouco antes da marca de uma hora de jogo, Pedro Porro e o Tottenham passaram a ser empurrados cada vez mais para o seu campo defensivo.

Antes mesmo do primeiro gol — um belo arremate de fora da área do sul-coreano Lee Kang-in, aos 39 do segundo tempo — o PSG já havia feito cinco finalizações, deixando claro que o time de Thomas Frank precisaria se defender com unhas e dentes para tentar levar a partida até o apito final.

Com Porro e Djed Spence começando a perder a bola com frequência preocupante, o pouco controle que os Spurs ainda tinham sobre o jogo foi se desfazendo minuto a minuto.

PSG x Tottenham - Classificação dos jogadores na final da Supercopa da UEFA
PSG x Tottenham - Classificação dos jogadores na final da Supercopa da UEFAFlashscore

Com tantos cruzamentos — foram 25 do PSG até o apito final —, parecia apenas uma questão de tempo até que uma bola encontrasse o destino certo.

E foi exatamente o que aconteceu a dois minutos dos acréscimos: Hakimi recebeu e tocou para Ousmane Dembélé, que cruzou na medida para a cabeçada do também reserva Gonçalo Ramos.

Mesmo com o Tottenham postado com uma linha de cinco defensores dentro da área e outros quatro jogadores no espaço de 11 metros, ninguém conseguiu reagir rápido o suficiente para evitar o gol.

Pênaltis necessários

Com a decisão indo para as cobranças de pênaltis, foi o time da Premier League que tomou a dianteira após o erro inexplicável de Vitinha, que deslocou Guglielmo Vicario, mas mandou para fora.

Mas a vantagem durou pouco para os Spurs: van de Ven e Mathys Tel desperdiçaram suas cobranças, abrindo espaço para que Nuno Mendes tivesse a chance de selar a vitória. O lateral português não desperdiçou — bateu com calma e garantiu o triunfo.

Apesar da frustração por mais uma vez ter ficado no “quase”, o time do norte de Londres deixou alguns sinais animadores do que pode vir sob o comando de Thomas Frank.

Mesmo sabendo que teria de abrir mão da posse de bola, a equipe mostrou capacidade para colocar o PSG na defensiva com um jogo muito mais simples — um modelo que certamente pode servir de referência dentro do clube.

Além disso, o incansável Mo Kudus foi o jogador que mais criou chances para sua equipe (três), fez o maior número de cruzamentos (quatro) e ainda registrou a terceira melhor taxa de acerto de passes do time: 83,3%.

O registro final mostrará que eles saíram derrotados nesta ocasião. Ainda assim, foram mais do que um adversário à altura de uma das melhores equipes do mundo, mesmo passando longos períodos sob intensa pressão.

No mínimo, fica como um sinal animador e uma base sobre a qual poderão evoluir nos próximos meses.

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore