A sete vezes medalhista olímpica fez uma longa pausa para se concentrar em sua saúde mental, um desafio para os atletas de ponta que Biles conseguiu colocar sob os holofotes internacionais durante sua apresentação em Tóquio.
A prodígio da ginástica de 26 anos de Columbus, Ohio, chegou ao Japão como uma das grandes atrações dos Jogos, onde se esperava que ela coroasse seu legado com mais uma surpreendente conquista de medalhas como no Rio 2016, quando ganhou quatro ouros.
Sob o peso gigantesco dessas expectativas, a participação de Biles sofreu uma reviravolta dramática e inesperada que começou com uma série de erros incomuns durante as primeiras rodadas de qualificação.
Biles, que confessou sentir "o peso do mundo em meus ombros", ficou bloqueada, o que a levou a se retirar da maioria dos eventos no último minuto, apelando para sua saúde mental, mas também para sua segurança física.
Biles disse ter sido vítima de um fenômeno conhecido como "twisties", que faz com que os ginastas percam o senso de direção quando estão no ar e corram o risco de sofrer quedas graves e lesões.
"É a sensação mais louca de todas não ter um milímetro de controle sobre seu corpo", explicou Biles em 2021. "O que é ainda mais assustador é que, como não tenho ideia de onde estou no ar, também não sei como ou no que vou aterrissar."
Biles, considerada uma das melhores ginastas da história, teve de se contentar com uma medalha de prata na competição geral por equipes e uma medalha de bronze na trave de equilíbrio em Tóquio.
"Tudo está indo bem"
A decisão de fazer uma pausa prolongada, priorizando seu bem-estar em detrimento da competição, foi vista como um momento decisivo na luta contra o preconceito em torno da saúde mental no esporte de elite.
Durante esse período, Biles também se casou com o jogador de futebol americano Jonathan Owens, do Green Bay Packers.
Depois de confirmar seu retorno às competições no mês passado, Biles explicou que continua fazendo terapia para ajudá-la a "administrar o aspecto mental" de sua atividade.
"Muita terapia, vou uma vez por semana por quase duas horas", escreveu ela no Instagram. "Tive tantos traumas que poder trabalhar alguns deles e curá-los é uma bênção."
Histórico de superação
Em outro episódio doloroso de sua carreira, Biles estava entre as dezenas de ginastas de elite que foram abusadas sexualmente pelas mãos do médico da equipe americana Larry Nassar, que foi condenado a décadas de prisão pelos crimes.
Em uma entrevista com seus seguidores do Instagram no último fim de semana, Biles disse que havia deixado o medo das "curvas" para trás, embora tenha admitido que sofria de nervosismo quando voltava à academia.
"Quando os 'twisties' acontecem, você vai direto para a academia e trabalha nisso. Eu tirei mais de um ano de folga e então voltei.. Fiquei petrificada", lembrou ela. "Mas estou bem. Voltei a fazer spinning. Sem preocupações. Tudo está indo bem."
Depois deste fim de semana, o futuro de Biles continua incerto, pois ela ainda não confirmou se planeja competir nos Jogos Olímpicos de Paris no próximo ano.
O U.S. Classic em Chicago foi um evento frutífero para Biles no passado. Ela já usou a competição em 2018 para voltar à cena depois de uma longa pausa após os Jogos do Rio e, em seguida, ganhou duas medalhas de ouro nos Campeonatos Mundiais de 2018 e 2019.
A competição também receberá de volta Sunisa Lee, também campeã olímpica, que lutou contra um problema renal este ano.