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Bia Haddad se diz “pronta para ganhar um Grand Slam” e garante que Swiatek é inocente

Bia volta às quadras no fim de dezembro para defender o Brasil
Bia volta às quadras no fim de dezembro para defender o BrasilLuiz candido/CBT
Em entrevista ao podcast "New Balls, Please", publicado na noite desta segunda (2), Beatriz Haddad Maia "colocou a mão no fogo” por Iga Swiatek, suspensa por doping, e revelou que se "sente pronta” para conquistar um Grand Slam.

A tenista número 1 do Brasil (atual 17ª do ranking mundial) afirmou que “tem convicção” de que pode vencer um major na carreira. ”Se vou ganhar, eu não sei porque eu não tenho como ler o futuro, mas hoje eu me sinto pronta para isso, sinto que eu tenho as qualidades e eu faço o que o jogo precisa”, disse ela.

“Eu sou mais viva em relação a ser jogadora, já aprendi a ganhar jogo jogando mal", acrescentou.

Incômodo fora do Top 10

Bia também contou ao podcast do ex-tenista Fernando Meligeni que está “insatisfeita” por não pertencer ao top 10 do ranking no momento.

Agora ser número 15 para mim me incomoda", disse ela. “Hoje eu tô insatisfeita. Eu tô feliz, eu tive um bom ano, mas eu não tô satisfeita com o que eu fiz, eu tô é incomodada e tô babando para treinar e chegar da melhor forma possível na Austrália", revelou.

Bia terminou o ano como número 17 do mundo
Bia terminou o ano como número 17 do mundoCBT

Novo técnico

Na conversa, Bia Haddad abriu o jogo sobre a contratação de um segundo técnico para seu time. O francês Maxime Tchoutakian treinará a brasileira ao lado do atual técnico, Rafael Paciaroni.

A gente não tem ainda definido o que é o papel ou função de cada um. A diferença do Max é que ele é um cara que viveu mais do circuito profissional, então ele tem essa vivência que o Rafa, que já vem de uma parte acadêmica (não tem)”, explicou.

“Ele é um cara novo, é um cara ambicioso, é um cara que tá sonhando igual a gente, a gente sonha em ganhar Grand Slam”, acrescentou Bia.

Virada de chave

A brasileira também contou o que mudou do primeiro para o segundo semestre. Depois de maus resultados na primeira metade do ano, Bia engatou uma série de vitórias importantes após as Olimpíadas de Paris.

Uma Bia tava procurando um motivo para dar errado e a outra Bia tava procurando um motivo para dar certo", resumiu ela.

“Quando quando eu tô solta, quando eu tô realmente convicta ou acreditando no momento vitorioso, tudo vai fluindo. Quando a gente tá com pensamento mais negativo, eu fico um pouco mais travada e de fato eu fico mais lenta, parece que eu realmente mais dura na quadra, mas é muito do pensamento que eu tô naquele momento. Então eu acho que a maior diferença do ano, para resumir, eu acho que foi essa", analisou.

Ameaças de morte

A canhota paulistana contou ao podcast que continua sem ler comentários nas redes sociais: “Hoje quando vem críticas e pessoas querendo afetar, isso para mim diz muito sobre a frustração da pessoa, não é sobre mim”.

Bia também revelou que já recebeu ameaças de morte. “Não leio, mas eu sei que eu recebia porque eu lia antes. Hoje continuo recebendo, mas de pessoas que não só criticam o meu time, mas ameaçam a minha família de morte, falam que meu avião vai cair, falam que eu vou ficar tetraplégica, falam que sabem onde minha avó joga tênis de manhã e que vão sequestrar".

Bia fez um segundo semestre bem melhor que o primeiro
Bia fez um segundo semestre bem melhor que o primeiroProfimedia

“Se eu for realmente ficar lendo e acreditando naquilo, eu não vou sair de casa", disse a tenista, que acrescentou que as críticas atualmente “abalam zero".

“A minha escolha é não ouvir, assim como eu não quero ficar ouvindo que eu sou a melhor tenista da América Latina", concluiu.

Iga inocente e a "loucura” do doping

Durante o programa, Bia não bebeu a água que lhe foi oferecida. Ela tinha a própria garrafinha.

Eu não aceito água de ninguém. Eu sou uma pessoa que toma muito cuidado no dia a dia”, compartilhou a tenista.

“Quando a gente vai pra China, quando a gente vai pra Colômbia, para o México, a gente não pode comer carne vermelha porque os animais comem os anabolizantes no desenvolvimento deles, a gente come a carne deles e o anabolizante é comprovado no nosso teste", contou.

Bia afirmou que o sistema antidoping tem injustiças. Ela “compra coisas dobrado” para poder justificar qualquer alteração no exame de urina junto à agência antidoping. “Nem todo mundo pode (comprar produtos dobrados), porque é caro", sublinhou.

Bia Haddad chegou às quartas do US Open 2024
Bia Haddad chegou às quartas do US Open 2024AFP

Sobre o recente caso de doping de Iga Swiatek, número 2 do mundo, a brasileira afirmou que "ficou triste" com a notícia.

Tenho certeza que a Iga jamais tomaria alguma coisa para ter algum benefício de performance. Não só conheço ela, a índole e os valores dela, como o time dela é extremamente profissional”, cravou.

No entanto, Bia lembrou que a polonesa recebeu uma punição bem mais branda que a sua. “Eles tratam diferente cada caso, então isso é uma coisa muito triste porque é muito desigual. Demorei 11 meses para conseguir comprovar minha inocência e eu fui suspensa 11 meses", disse a paulistana.

“Por que esperei tantos meses para comprovar minha inocência? E voltei como número 1.300 do ranking", reclamou.

Por fim, Beatriz Haddad detalhou que a constante presença das agências antidopagem e o medo de se contaminar afetam também a vida pessoal dos atletas.

É um estresse mental absurdo todos os dias porque a gente tem que estar todo dia disponível para ser testado, inclusive em 25 de dezembro e todos os dias da minha vida. Eles têm um controle sobre a gente, por isso que  coloco minha mão no fogo pela pela Iga", afirmou ela, que foi testada 30 vezes em 2024.

Os tenistas da WTA e da ATP possuem um aplicativo no telefone no qual eles revelam seu paradeiro diário — assim os agentes podem achá-los para fazer testes dentro e fora dos torneios.

"Todos os dias, uma hora do seu dia você tem de ficar disponível. Durante o ano inteiro, você não pode ter três faltas, então você tem que estar com o telefone no alto. Eu tô sofrendo muito agora nesses dias porque tem muito trote no telefone. Meu sono às vezes é prejudicado porque recebo um trote e o trote pode ser a WADA (agência antidoping global)”, finalizou.

Quando Bia retorna às quadras?

Bia Haddad disputa seu primeiro torneio da próxima temporada ainda neste mês. Ela vai defender o Brasil na United Cup 2025, na Austrália. 

A brasileira estreia contra a chinesa Qinwen Zheng no dia 27 de dezembro, antes de encarar a alemã Laura Siegemund na 2ª rodada.

Confira a tabela da United Cup