Os números da Federação Internacional de Tênis (ITF), da Associação de Tênis Feminino (WTA) e da empresa de dados Signify mostram que cerca de 8 mil mensagens abusivas, violentas ou intimidadoras foram enviadas publicamente às tenistas ano passado.
Mais de um quarto de todos os abusos (26%) foi direcionado a cinco jogadoras, não identificadas pela reportagem da BBC.
"Recebi ameaças ontem, vou receber hoje, é todo dia", contou a alemã Eva Lys (62º do ranking) ao Flashscore. "Recebo-as mesmo quando venço".
"Não há medidas suficientes contra este abuso", disse ela, acrescentando que tenistas da ATP "sofrem com o mesmo problema" que as mulheres.
"As ameaças acontecem em sua marioria online, porque eles ficam escondidos, mas há também no mundo real", afirmou Lys.

O hater mais prolífico enviou 263 mensagens abusivas, e 15 contas foram encaminhadas às autoridades policiais.
Nove das 10 contas mais atuantes em xingar as tenistas foram suspensas ou tiveram seu conteúdo removido. A maioria delas é relacionada a apostadores, concluiu o relatório.
Pegula revela ameaças bizarras após derrota para zebra em Roland Garros
Os detalhes de outros 39 usuários foram compartilhados com as autoridades do tênis e com o setor de apostas para que medidas fossem tomadas contra eles.
Ao longo do ano, apostadores foram responsáveis por 40% de todos os abusos detectados. Suas mensagens “claramente” estavam relacionadas à apostas esportivas devido ao momento ou ao conteúdo do abuso, informou a BBC.
Na semana passada, Jessica Pegula publicou as ameaças de morte que recebeu após sua queda precoce em Roland Garros. A francesa Caroline Garcia, a britânica Katie Boulter e a polonesa Iga Swiatek também já revelaram receber constantes ameaças online. A britânica Emma Raducanu recentemente foi vítima de um stalker no WTA de Dubai.
Em entrevista à BBC nesta terça, Boulter acrescentou que o envio de "nudes" indevidos é outro problema que as tenistas enfrentam em suas redes.
A Signify tem trabalhado com os órgãos do tênis na detecção de abusos por meio de um sistema baseado em inteligência artificial chamado Threat Matrix, a as tenistas têm recebido auxílio da WTA para lidar com o problema.
“Desde a escalada da aplicação da lei e a intervenção da plataforma até a proibição de abusadores em nossos eventos, os agressores devem entender que sofrerão consequências por suas ações”, garantiu a WTA em nota.