"Não me arrependo de nada. Eu poderia ter ganho mais, mas não estaria mais feliz de qualquer forma", disse uma das jogadoras tchecas mais bem-sucedidas de todos os tempos em entrevista ao The Guardian.
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Houve um tempo em que se falava que Kvitova tinha mais a ganhar e que estaria apta a sentar-se no topo do esporte. Por exemplo, a lendária Martina Navratilova disse que esperava cinco triunfos em Wimbledon da gigante tcheca.
"Provavelmente é por causa da minha personalidade. É por isso que não ganhei mais. Acho que eu tinha talento. Talvez eu pudesse ter trabalhado um pouco mais mas, por outro lado, posso ter matado meu talento e minha cabeça", admitiu.
A atleta também relembrou a final do Aberto da Austrália de 2019 contra Naomi Osaka.
"Ela jogou um set decisivo surreal na época. Eu adoraria ser a número 1 do mundo. Sinto falta disso. Eu poderia ter vencido mais mas, ainda assim, não estaria mais feliz", contou.
Para Kvitova, foi a derrota mais dolorosa da carreira. Talvez porque estivesse a um set de se tornar a número um do mundo. "Mas se alguém tivesse me dito que eu jogaria a final, eu teria aceitado na hora"
A vencedora de Wimbledon em 2011 e 2014 poderia facilmente ter encerrado a carreira muito antes. No final de 2016, ela foi atacada no seu apartamento em Prostejov e o ladrão cortou gravemente a mão esquerda da tenista, justamente a que ela segura a raquete. Kvitova teve que se submeter imediatamente a uma cirurgia complicada e não se sabia se voltaria a jogar.
Na época, os médicos deram a ela 10% de chance de voltar às quadras. No entanto, mesmo esse incidente não deteve Kvitova. Ela voltou a jogar no final de maio no Aberto da França e ganhou mais 12 títulos.
"Eu tinha pesadelos. Não foi fácil superar isso. Mas agora não é mais. Considero o período após a emboscada como uma segunda parte incrível de minha carreira", afirmou.
Kvitova poderia ter desistido, mas insistiu
A carreira de Kvitova está inevitavelmente chegando ao fim. Em julho passado, ela deu à luz um filho, Peter, com seu marido e técnico Jiri Vanek. Em fevereiro deste ano, a tenista surpreendeu com o anúncio de que tentaria recomeçar a carreira. No entanto, não deu certo. Kvitova venceu apenas um dos oito confrontos.
"Não consigo mais lidar com o tênis mental ou fisicamente. Estou absolutamente pronta para encerrar minha carreira. Não me arrependo de nada. Ainda amo o tênis, mas todas as coisas associadas a ele estão ficando cansativas. E com meu filho, tenho uma vida completamente diferente e quero passar mais tempo com ele", explicou.
Kvitova estava em sua melhor forma e era difícil pará-la. Isso é especialmente verdadeiro para as finais, nas quais a tcheca tem um excelente recorde de 31 vitórias e 11 derrotas. Especialmente memorável é a final de Wimbledon de 2014, na qual destruiu Eugenie Bouchard de forma absoluta. Além disso, entre 2011 e 2019, a tenista ganhou pelo menos um título em cada temporada.
E isso não é tudo. Kvitova esteve presente em seis dos triunfos da equipe tcheca na Billie Jean King Cup, ganhou o bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 e foi a única campeã tcheca no Miami Open no ano retrasado.