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Planos para expansão de Wimbledon têm semana decisiva fora das quadras

Quadra central de Wimbledon.
Quadra central de Wimbledon.KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP
Enquanto os tenistas se degladiam em quadra na última semana de torneio, os organizados de Wimbledon têm disputa importante na Corte Real de Justiça de Londres.

De um lado está o grupo "Salve o Parque de Wimbledon". Do outro, o All England Lawn Tennis and Croquet Club (AELTC), que pretende expandir o complexo do mais famoso torneio de tênis do mundo.

Os dois grupos vão se enfrentar nesta terça e quarta-feira no último estágio de uma batalha judicial que se arrasta há anos.

O bairro do sudoeste de Londres, que abriga o campeonato desde 1877, está dividido sobre o projeto.

Em setembro do ano passado, o AELTC obteve permissão da prefeitura para triplicar o tamanho de Wimbledon e construir 39 novas quadras, incluindo uma arena para 8 mil torcedores no lugar de um antigo campo de golfe em terreno que já é de sua propriedade.

A expansão de 200 milhões de libras tem como objetivo aumentar a capacidade diária para 50 mil espectadores em relação aos 42 mil atuais, melhorar as instalações e transferir as rodadas de qualificação para Wimbledon – assim como acontece nos Abertos da Austrália, da França e dos EUA.

Os planos têm o apoio de vários jogadores importantes, incluindo Novak Djokovic, e 62% dos 10 mil residentes locais, de acordo com a AELTC.

"Para que o campeonato continue na posição em que está e para proporcionar todos os benefícios às partes interessadas, incluindo a comunidade local, é vital que possamos realizar o torneio em um único local e reunir todas as áreas", disse Jamie Baker, diretor do torneio de Wimbledon, à agênia Reuters.

No entanto, a revisão judicial desta semana precisa decidir se a concessão da prefeitura foi legal ou ilegal.

O que alegam os críticos

Os oponentes do empreendimento incluem Thelma Ruby, uma ex-atriz de 100 anos de idade que mora em um apartamento com vista para o parque, e Malcolm Grimston, conselheiro do distrito de West Hill. Ambos afirmam que os planos do clube causarão danos ambientais e grandes transtornos à área.

"É extremamente importante que isso não vá adiante, não apenas para mim, mas para todo o planeta e para as gerações futuras", disse Ruby à Reuters.

"O pessoal do tênis admite que cortarão todas essas árvores gloriosas, o que prejudicará a vida selvagem. Estão usando concreto, construindo estradas, terão caminhões poluindo e passando pela minha janela a cada 10 minutos. Toda a área ficará um caos, pois estão fechando as ruas", acrescentou ela.

O Save Wimbledon Park afirma que a prefeitura não levou em consideração as restrições ao redesenvolvimento do terreno, impostas quando o All England Club comprou o campo de golfe de Wimbledon Park em 1993 por 5,2 milhões de libras.

"Não é a antipatia pela AELTC que está motivando isso", afirmou Grimston à Reuters.

"O problema é que isso triplicará a área ocupada pelo atual Championship e transformará o que atualmente tem muito a sensação de ser a Inglaterra rural e um ritmo de vida tranquilo em um complexo industrial", acrescentou ele.

A AELTC retruca que os planos melhorarão a biodiversidade do parque, além de trazer partes dele de volta ao uso público.

"O London Wildlife Trust endossou os planos, passou muitas horas examinando nossa análise e nossas opiniões de especialistas", disse Dominic Foster, diretor de assuntos corporativos da AELTC.

"Sabemos que essa expansão trará um benefício muito significativo para a biodiversidade, enquanto os campos de golfe não são bons para a biodiversidade", concluiu.