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Victoria Mboko mostra como torneios da ITF podem ajudar a despertar uma jovem estrela

Victoria Mboko em busca de uma nova conquista
Victoria Mboko em busca de uma nova conquistaMinas Panagiotakis / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Com a classificação para a semifinal contra Elena Rybakina no WTA 1000 em Montreal, a jovem tenista Victoria Mboko, de 18 anos, se elevou a um novo patamar e estabeleceu-se como uma futura estrela do tênis feminino. E tudo isso no circuito da ITF, a Federação Internacional de Tênis.

É um nome sobre o qual se tem falado desde o início da temporada. No circuito da ITF, a ascensão de Mboko tem sido nada menos que incrível. A canadense ganhou cinco títulos, quatro consecutivos - um total de 3 W35s e 2 W75s - para começar a subir no ranking.

Confira a classificaçõ do WTA de Montreal

O entusiasmo logo levou a convites para que a tenista se testasse no WTA Tour e ela esteve perto de acertar em cheio na primeira participação no WTA 1000, em Miami. Depois de derrotar Camila Osorio, Mboko jogou contra Paula Badosa, e a espanhola teve o prazer de escapar com um tie-break no terceiro set - sem poupar elogios à adversária.

Depois de diminuir o ritmo, a canadense passou pelas eliminatórias em Roma, eliminou a local Arianna Zucchini para dar a si mesma o maior teste da carreira em ascensão: um confronto com Coco Gauff, uma das melhores jogadoras do mundo. Em horário nobre, na quadra central do Aberto de Roma.

De frente para uma das melhores

Após um set, estávamos esfregando os olhos. Mboko havia perdido os dois primeiros games, claramente tensa com o que estava em jogo. Mas assim que essa tensão passou, dominou a americana.

Armada com um saque sólido, a tenista mostrou o magnífico controle nas trocas de golpes, venceu cinco games seguidos e acabou derrubando o saque de Gauff quatro vezes seguidas. É claro que o resto não foi tão animador. Uma derrota em três sets, mas uma certidão de nascimento estava registrada.

Mas a coisa mais difícil é sempre se afirmar. Quando se espera que você tenha um bom desempenho e se cria esperanças, é preciso de um desempenho excepcional para explodir de vez. Mboko não decepcionou, saiu das rodadas de qualificação em Roland Garros e Wimbledon e venceu pelo menos uma partida em cada sorteio principal.

Mas, no final das contas, existe melhor maneira de explodir do que em casa? Foi isso que a canadense acabou de fazer. E contra quem ela fez isso? Coco Gauff, para fechar o círculo. Uma partida que foi impressionante em todos os sentidos.

Um primeiro set ardente, no qual acumulou uma série de golpes vencedores e um segundo no qual mostrou sua solidez e seu talento, com a vantagem adicional de conseguir finalizar o saque da adversária, que tentava se manter na partida. Uma disputa para uma jogadora experiente. E um registro nos livros de história.

Elogio de Coco Gauff

Victoria Mboko tornou-se a quinta jogadora mais jovem da história a derrotar a cabeça de chave número 1 em um torneio WTA 1000. Quem domina esse ranking? Coco Gauff. Há modelos piores. O abraço no final da partida das oitavas de final sugere uma proximidade. Mentoria? Na verdade, não, mas a vencedora do Aberto da França teceu muitos elogios na coletiva de imprensa.

"Ela é muito atlética. É uma excelente atacante e parece muito positiva na quadra. Eu não a conheço muito bem, mas tive a chance de conversar um pouco com ela desde Roma", contou Gauff.

"Acho que ela tem um bom sistema de apoio ao seu redor, e acho que isso é importante quando se é jovem e está no circuito. Espero que tenhamos muitas outras batalhas e estou ansiosa para encontrá-la novamente no futuro", completou a tenista.

No entanto, Victoria Mboko não deve ser vista como a nova Coco Gauff. "Ela é uma jogadora e uma pessoa completamente diferente. Nunca fui de me comparar com outras, seja Serena ou Venus, e não acho justo fazer isso com ela. Vejo alguém que terá um futuro muito brilhante, isso é certo", declarou.

Esse futuro segue nesta quarta-feira (6) com uma semifinal do WTA 1000, sua primeira no WTA Tour. E não contra qualquer uma, mas contra Elena Rybakina, uma jogadora com tendência à inconsistência mas que, apesar disso, é vencedora de um Grand Slam. Além disso, ela é a última jogadora a derrotar Mboko, há 10 dias, nas quartas de final do WTA 500 em Washington.

Uma partida que a canadense poderia ter levado para o terceiro set, mas não importa. O caminho que percorreu nos últimos 10 dias e o fato de ter vencido a número 2 do mundo significam que Mboko não terá medo da cazaque. No entanto, como Rybakina estará de volta ao Top 10 se vencer, continuará sendo a favorita.

Torneios da ITF servem de preparação

De volta onde tudo começou, será que uma série de vitórias no circuito da ITF é tudo o que é preciso para lançar uma carreira? O caso de Victoria Mboko é semelhante ao de Lois Boisson.

Na primavera de 2024, a francesa acumulou 18 vitórias e três títulos consecutivos (dois W35 e um W75), depois aumentou a aposta ao triunfar em um 125K - antes de romper os ligamentos do joelho. Um ano depois, de volta ao topo de seu jogo, explodiu em Roland Garros e chegou às semifinais.

Solana Sierra, que chegou a uma surpreendente oitavas de final de Wimbledon, acumulou oito títulos da ITF desde janeiro de 2024. Ou mesmo Emma Navarro, que ganhou cinco em 2023, antes de mudar para o circuito da WTA em tempo integral no início de 2024, e agora está entre as 10 melhores do mundo. Três exemplos sem nem mesmo olhar muito para as estatísticas.

Muitas jogadoras jovens, inclusive as campeãs juniores de Grand Slam, chegam ao circuito da WTA com ambições e reputação. Mas aquelas que se destacam diretamente são as exceções. Coco Gauff e Mirra Andreeva são as mais famosas dos últimos tempos. Mas a vitória não pode ser comprada.

Competir com afinco no circuito da ITF contra as 200 melhores jogadoras e vencer torneios é a maneira perfeita de iniciar uma carreira. De qualquer forma, para Victoria Mboko, essa é uma fórmula que tem funcionado.