O brasileiro de 34 anos liderava em Imola no dia 1º de maio de 1994, quando saiu da pista na curva Tamburello e bateu em um muro de concreto. Foi a segunda morte do fim de semana.
Desde então, apenas um piloto, o francês Jules Bianchi no Japão em 2015, morreu em um acidente de Fórmula 1.
As investigações sobre a morte de Ayrton Senna atribuíram a culpa do acidente à coluna de direção de sua Williams. Na colisão, o pneu dianteiro direito se soltou e voou em sua cabeça. Um braço da suspensão também perfurou seu capacete.
No dia anterior, na classificação, o piloto austríaco Roland Ratzenberger havia morrido em um acidente. Senna pegou um carro da pista para correr para o local.
O médico da Fórmula 1, Sid Watkins, escreveu mais tarde em seu livro "Life at the Limit" que disse ao perturbado Senna: "Ayrton, por que você não desiste da corrida amanhã?"
"Na verdade, por que você não desiste completamente? O que mais você precisa fazer? Você já foi campeão mundial três vezes, é obviamente o piloto mais rápido. Desista e vamos pescar."
Watkins escreveu que Senna respondeu: "Sid, há certas coisas sobre as quais não temos controle. Não posso desistir, tenho que continuar".
Senna já havia socorrido um piloto ferido no dia anterior, quando seu jovem compatriota Rubens Barrichello bateu. Watkins evitou que o piloto se engasgasse com sua própria língua.
"Três grandes acidentes", disse Frederic Vasseur, atual chefe de equipe da Ferrari. "Acho que isso chocou a F1."
"Não sei se foi um gatilho, mas acho que é verdade que uma mudança acontece quando há um acidente. Depois de Jules, criamos o halo, por exemplo", disse ele, fazendo alusão ao aro acima do cockpit que agora protege a cabeça dos pilotos.
Embora a Fórmula 1 já tivesse começado a dar mais atenção à segurança, graças à iniciativa de pilotos como o tricampeão mundial Jackie Stewart, a morte de Senna motivou novos esforços para melhorar os carros, os equipamentos e os circuitos.
Lembranças de Schummi e Hamilton
Quando Senna se acidentou, Michael Schumacher, em sua terceira temporada, estava apenas alguns metros atrás.
Em 2000, quando perguntado sobre seus sentimentos após igualar o recorde de 41 vitórias de Senna em Grandes Prêmios, o alemão começou a chorar.
Lewis Hamilton também tem lembranças emocionantes do dia fatídico.
Ele disse que, aos nove anos de idade, estava ajudando seu pai Anthony a consertar seu kart em uma corrida de juniores na Inglaterra.
"Alguém lhe disse que Ayrton havia morrido", lembrou Hamilton em Imola, em 2020.
"E eu me lembro que tive que me afastar do meu pai porque ele nunca me deixaria chorar na frente dele, então tive que ir para um lugar diferente. Não foi fácil", contou o inglês.
"Lembro-me de tentar canalizar essa tristeza para minha pilotagem e acho que venci naquele fim de semana, mas as semanas seguintes foram muito difíceis", acrescentou.