Nesta semana, o basquete nacional ganhou um sopro de esperança em termos de NBA com o anúncio de Gui Santos oficialmente fechando um contrato de três anos com o Golden State Warriors, do astro Stephen Curry.

Gui Santos tornou-se, portanto, o 19º jogador brasileiro a atuar na maior liga de basquete do planeta e pode trilhar os passos de grandes nomes brasileiros, dentre eles Thiago Splitter, Leandrinho e Anderson Varejão, campeões da NBA.

Uma história de amor ao basquete 

A chegada de Gui Santos à NBA é a realização máxima de um sonho que se sonhou junto e que traz o basquete no DNA. Afinal de contas, Guilherme Carvalho dos Santos, nascido em 22 de junho de 2002, em Brasília, é filho de Deivisson Santos e Lucineide Santos, ex-atletas de basquete. 

Deivisson atuou por cinco temporadas no NBB, o Novo Basquete Brasil, e acumulou passagens por Franca, Araraquara e São José, chegando inclusive a atuar em um Jogo das Estrelas da liga brasileira em 2010. 

O basquete, desde muito novo, esteve sempre na vida de Gui Santos, que cresceu tendo os exemplos dos pais e apaixonou-se pela modalidade. Incentivado por sua família, o jovem garoto brasiliense foi se desenvolvendo e encontrou no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, o cenário ideal para se formar como atleta. 

Celeiro de talentos 

O Minas Tênis Clube é uma das equipes fundadoras do NBB e ostenta participações múltiplas nos playoffs da liga, incluindo a conquista recente da Copa Super 8 em 2022, onde Gui Santos foi um dos principais destaques. 

A equipe mineira, reconhecida por seu trabalho na base, já tinha formado outro prospecto de NBA, o armador Raulzinho, dono de uma trajetória de oito anos no melhor basquete do mundo. Passou também pelo clube o pivô Cristiano Felício, que atuou na liga norte-americana pelo Chicago Bulls.

Foi neste ambiente que Gui Santos também profissionalizou-se, chegando ao clube com 15 anos de idade. Ele já dava mostras desde a base que conseguiria grandes feitos, como em um vídeo publicado pelo Minas (logo acima) onde aparece em um Camp da NBA no México, em 2018. 

Era só o início de um sonho que transformou-se em realidade. 

Trajetória meteórica

Com o desempenho no Minas e também nas seleções de base, Gui Santos recebeu sua primeira chance no time principal do Brasil em 2020, quando foi convocado para as Eliminatórias da AmeriCup. 

Já na temporada 2020/2021 do NBB e também na LDB, a liga de desenvolvimento, Gui Santos realmente encheu os olhos do público nacional ao ser eleito o “Destaque Jovem” e “Jogador de Maior Evolução”. Uma jornada que ainda o levou para o Nike Hoops Summit como o único jogador da América Latina. 

Consolidado no time principal do Minas, Gui Santos abocanhou grandes performances e prêmios individuais. Foi campeão da Copa Super 8; 2x integrante do time top 3 das Américas pela BCLA e eleito o “Melhor Sexto Homem” do NBB.

Escolhido no daft da NBA

Em 2022, o garoto brasiliense chegou à NBA. Foi selecionado pelo Golden State Warriors como a escolha 55 do draft. Ele se tornou o 16º jogador brasileiro a ser escolhido na seleção dos melhores prospectos da liga norte-americana.

Abaixo a lista com todos eles:

2022 – Gui Santos (Golden State Warriors – 55ª posição)

2019 – Didi Louzada (Atlanta Hawks – 35ª posição)

2014 – Bruno Caboclo (Toronto Raptors – 20ª posição)

2013 – Raul Neto (Atlanta Hawks – 47ª posição)

2013 – Lucas Nogueira (Boston Celtics – 16ª posição)

2012 – Fab Melo (Boston Celtics – 22ª posição)

2010 – Paulão Prestes (Minnesota Timberwolves – 45ª posição)

2007 – Tiago Splitter (San Antonio Spurs – 28ª posição)

2006 – Marcus Vinícius (New Orleans/Oklahoma City Hornets – 43ª posição)

2004 – Anderson Varejão (Orlando Magic – 30ª posição)

2004 – Rafael Araújo (Toronto Raptors – 8ª posição)

2003 – Leandro Barbosa (San Antonio Spurs – 28ª posição)

2002 – Nenê Hilário (New York Knicks – 7ª posição)

1988 – Rolando Ferreira (Portland Trail Blazers – 26ª posição)

1984 – Oscar Schmidt (New Jersey Nets – 131ª posição)

1976 – Marquinhos Abdala (Portland Trail Blazers – 162ª posição)

Gui Santos não recebeu de cara uma oportunidade nos Warriors. Precisou ser moldado na G-League, que é uma espécie de liga secundária da NBA. Mas também destacou-se, chamando a atenção dos scouts do time principal dos Warriors. 

Nesta semana, aconteceu o chamado que o atleta brasileiro esperava e que deu tanto orgulho ao seu pai. 

"Quem trabalha, colhe. Não tem jeito. Isso é o segredo da vida", disse Deivisson, celebrando o momento do filho. 

Inicialmente, Gui poderá ser utilizado por Steve Kerr, técnico principal dos Warriors a partir da próxima semana, mas ele deverá continuar seu processo de maturação em jogos na G-League, um caminho natural para vários atletas da NBA.

Provando o seu valor a cada partida, seja ao lado de feras como Curry, Klay Thompson e Draymond Green, ou na intensidade da liga secundária, ele poderá trilhar um caminho de sucesso, tornando-se um dos valores da NBA nas próximas temporadas. 

“Eu estou muito feliz, antes de tudo. É difícil encontrar palavras para dizer o que estou sentindo. É a realização de um sonho não só meu, mas da minha família e dos meus amigos. Trabalhei duro para que esse dia chegasse, mas muita gente também me ajudou para que isso fosse possível. É um sentimento muito bom”, comemorou o atleta, de apenas 21 anos.