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Del Potro detalha seu calvário de lesões antes de encarar Djkovic: "Quero viver sem dor"

Dores perseguem Juan Martin del Potro mesmo após sua aposentadoria
Dores perseguem Juan Martin del Potro mesmo após sua aposentadoriaJared C. Tilton / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
O tenista argentino Juan Martín Del Potro falou sobre sua longa e dolorosa história com problemas físicos em um vídeo publicado no seu perfil no Instagram.

Já era sabido que as lesões sempre pesaram na carreira de Juan Martin del Potro. Tanto que o jogador teve que se aposentar das raquetes em 2022, aos 33 anos. No entanto, algumas palavras do próprio ex-jogador deixaram claro que a provação foi muito pior do que se supunha.

"Quando joguei a última partida com Delbonis, as pessoas não sabiam, mas no dia seguinte peguei um avião para a Suíça e operei meu joelho novamente. Foi minha quinta cirurgia. A partir de então, nunca mais tornei minhas cirurgias públicas.

"Quando eu disse na coletiva de imprensa, antes do meu jogo contra o Federico, que aquele provavelmente seria meu último jogo, encontrei um pouco de paz e cortei algo que acontecia comigo constantemente, que era: "Delpo, quando você vai jogar de novo?

"Quando vou ver você em um torneio?" Mas eu não aguentava mais a dor nas pernas. Então, preferi me manter discreto, em segredo, e se der certo eu volto", disse ele sobre os momentos finais de sua carreira profissional.

Em seguida, ele confessa que tentou de tudo para voltar, mas que nada deu certo e que seu corpo não queria mais o tênis. "Automaticamente, fui para a Suíça, fiquei lá uns dois meses trancado em um vilarejo perto da Basileia. Eles me operaram, fizeram reabilitações, mas não funcionou. Depois de dois meses e meio, eles me disseram que havia mais um pequeno problema, que eu teria que fazer outra operação, a sexta.

"Depois, fui para os Estados Unidos e continuei a reabilitação. Entre as cirurgias, tentei tratamentos, devo ter levado mais de 100 injeções na perna, no quadril e nas costas. 

"Eles me infiltraram, me tiraram, me analisaram, queimaram meus nervos, bloquearam meus tendões, foi um sofrimento diário. É assim que estou desde aquele dia com o Federico até hoje. Aquela partida foi para dizer adeus ao tênis, isso não existe mais, realmente não tenho mais ilusão de voltar a jogar porque o corpo não me permite", explica.

Uma vida condicionada

O problema que Del Potro tinha era não somente a dor de dentro da quadra, mas aquela que o perturbava em todos os momentos de sua vida diária. "Quando fiz a primeira operação, o médico me disse que em três meses eu voltaria a jogar, em junho de 2019.

"Eu havia me inscrito nos torneios de Estocolmo, Basileia e Paris porque o médico me disse que eu tinha tempo suficiente para jogar. Depois dessa primeira cirurgia, até hoje nunca consegui subir uma escada sem dor. Muitas vezes, dói quando durmo, quando me viro de lado ou quando acordo, pois sinto pontadas e agulhadas muito fortes.

"Tem sido como um pesadelo sem fim e eu continuo insistindo todos os dias para procurar soluções e alternativas, mas não consigo encontrá-las. Tudo começou com aquela primeira cirurgia. Toda vez que penso nisso, sinto muitas emoções ruins, fico com raiva, me sinto impotente, mas não consigo mudar isso", descreve.

"Sinto que tenho que contar como sou, porque é bom para mim, sempre tive uma conexão com o público e talvez essa mensagem possa inspirar ou ajudar outras pessoas.

"A maneira como conto minha vida cotidiana não é como eu gostaria que fosse. Eu era um cara muito ativo que gostava muito de praticar esportes, não apenas tênis.

"De repente, me convidam para jogar futebol e sou eu quem leva o mate e senta do lado de fora, ou vão jogar padel e sou eu quem faz os vídeos. Para mim é terrível. Além disso, do ponto de vista esportivo, eles me tiraram a ilusão de fazer o que eu sempre gostei de fazer, que era jogar tênis", acrescenta.

A grande dor de cabeça é que, dois anos depois de sua última partida, a vida continua igual ou pior para o argentino. "Às vezes, não tenho mais energia, me consome muito a perna, me consome emocionalmente tudo porque não estou só nessa busca de melhora, mas também sofro o dia a dia. Eu me levanto e tomo entre 6 e 8 comprimidos, entre um protetor gástrico, um anti-inflamatório, um analgésico e outro para ansiedade. A medicação me faz ganhar peso", diz. 

Futuro incerto

Como qualquer ser humano, Juan Martin del Potro está ficando cada vez mais velho e vê que sua velhice pode ser muito comprometida. "Eles me dizem que o problema é psicológico, mas não pode ser. Não sei por que estou com o pé atrás. Não sei por que estou envolvido nisso, às vezes não consigo mais suportar. É terrível e não sei quando isso vai acabar, porque agora tenho outra grande briga com o médico que me diz: 'Coloque uma prótese e pare de brincar'. Eu costumo dizer, bem, OK, o que a prótese me garante?

"Eles dizem que eu terei qualidade de vida. OK, perfeito, é isso que estou procurando, não estou mais querendo correr ou jogar tênis com meus amigos, mas aí vem outro médico e diz. 'Não dê ouvidos a ele, você é muito jovem para uma prótese, espere até os 50 anos'", lamenta.

"Não corro desde os 31 anos, não consigo subir escadas, não consigo chutar uma bola, nunca mais joguei tênis... Será que vou passar mais 15 anos da minha vida assim para que, aos 50 anos, eu possa colocar uma prótese e viver mais ou menos até os 60 anos?

"Então agora estou entrando nessa discussão e isso também é terrível, porque esses são os cenários e eu tenho que defini-los. Por que eu tenho que tomar essa decisão se você é o médico? Agora estou envolvido nisso e espero que um dia isso acabe, porque quero viver sem dor", continua ele.

Por fim, ele lembra que no dia 1º de dezembro, às 17 horas da Argentina, terá uma última dança contra Novak Djokovic. "Comecei de novo com a dieta, tenho perdido peso, comecei a treinar porque quero chegar o melhor possível para essa partida com Novak.

"É um evento para dizer adeus, não há como voltar atrás. O toque final é dado por Djokovic, que foi muito generoso em aceitar e vir. Além do meu momento pessoal, quero que, junto com as pessoas, demos muito amor a ele, que ele leve a melhor lembrança da Argentina.

"Se ele pudesse pelo menos ter um pouco de paz na minha perna por algumas horas, para poder retribuir em uma quadra de tênis, seria muito bom. Poder retribuir a eles todo aquele amor e carinho de dentro da quadra e, junto com Novak, que eles levem uma boa lembrança daquela noite", conclui.