Bortoleto e Colapinto abrem horizontes para América Latina na Fórmula 1

Bortoleto volta ao Brasil para seu primeiro GP de São Paulo
Bortoleto volta ao Brasil para seu primeiro GP de São PauloSauber Group

O surgimento de Gabriel Bortoleto, que correrá em casa neste fim de semana no Grande Prêmio do Brasil, e do argentino Franco Colapinto deu um novo fôlego à América Latina na Fórmula 1.

Bortoleto, com a Sauber, e Colapinto, com a Alpine, despertam grandes expectativas quando os pilotos latino-americanos estavam perdendo destaque na F1, com os tempos de lendas como Juan Manuel Fangio ou Ayrton Senna cada vez mais distantes.

Além deles, este é um momento de boas notícias para a região. O mexicano Sergio 'Checo' Pérez voltará à F1 em 2026 com a Cadillac, que se tornará a 11ª equipe no grid da categoria máxima do automobilismo.

"Estrela do futuro"

Bortoleto e Colapinto vão competir no GP de São Paulo de domingo (9) no circuito de Interlagos, com o britânico Lando Norris, da McLaren, defendendo a liderança do campeonato mundial.

Bortoleto terminou cinco Grandes Prêmios em sua primeira temporada na F1, com o sexto lugar na Hungria em agosto como sua melhor posição. O brasileiro foi 10º na última corrida antes dessa, no México.

Embora seus 19 pontos estejam longe dos 97 do italiano Kimi Antonelli, da Mercedes, ou dos 39 de Isack Hadjar, da Racing Bulls, também estreantes na categoria, o piloto está sendo elogiado ao volante de um carro mais modesto da Sauber, equipe que competirá no próximo ano com o novo nome Audi.

Seu impacto na F1 depois de se tornar campeão da F3 em 2023 e da F2 em 2024 "pode impulsionar outros pilotos" e "abrir horizontes" para o Brasil e a América Latina, disse à AFP o jornalista Rodrigo Mattar, autor de livros como 'Le Mans e suas histórias".

Jonathan Wheatley, diretor esportivo da Sauber, aplaude a "fantástica ética de trabalho" de Bortoleto:"Ele mostra que será a futura estrela que esperamos que ele seja".

Já Colapinto foi uma sensação em 2024. Embora tenha começado 2025 fora do grid, retornou com a Alpine. O argentino revolucionou seu país, mas seu desempenho nesta temporada - na parte inferior da classificação de pilotos, sem nenhum ponto - deixou a desejar e seu futuro está em jogo.

A presença latino-americana aumentará em 2026 com o retorno de Checo Pérez, vice-campeão da F1 em 2023 e piloto de longa data.

"É um esporte em que há apenas 20 (vagas), super privilegiado (...), restam poucas vagas para nós. Ver que há cada vez mais de nós me enche de orgulho", disse Colapinto aos repórteres.

Promessas na fila

Há jovens promissores com aspirações de aumentar a lista no futuro, como os brasileiros Rafael Câmara e Felipe Drugovich, o paraguaio Joshua Dürksen e o colombiano Sebastián Montoya, filho do falecido Juan Pablo Montoya.

Câmara, de 20 anos, foi campeão da F3 este ano em sua temporada de estreia com a equipe Trident e, em 2026, correrá na F2 com a equipe inglesa Invicta Racing. Lá, fará parceria com Dürksen, de 21 anos, que vem tendo um bom desempenho na categoria. A Invicta conquistou os títulos de construtores em 2024 (então com Bortoleto) e 2025.

"Estou muito orgulhoso (...). Nos últimos anos, essa equipe se tornou o principal alvo de qualquer piloto que queira competir na F2 e provou repetidamente sua capacidade de desenvolver jovens talentos", disse Câmara.

O patrocínio é fundamental

"Muitos pilotos, no início de suas carreiras, 'pagam' para correr", destaca Mattar, ressaltando o enorme peso dos patrocinadores na F1.

A entrada desses atores latino-americanos, como o Mercado Livre ou a Claro, pode ser um trampolim, enfatiza. As cores do Mercado Livre apareceram pela primeira vez nos carros da Alpine de Colapinto e do francês Pierre Gasly no GP dos EUA, quando a empresa lançou a campanha "Unidos pela Velocidade", com a participação do jogador Neymar.

O Brasil (212 milhões de habitantes) e o México (130 milhões) são mercados enormes. A média de visitas mensais ao site oficial da F1 do Brasil é de mais de um milhão este ano, com Bortoleto no grid, contra cerca de 629 mil em 2024, de acordo com um estudo da consultoria Bites.

"Pode ser um divisor de águas", diz Joaquim Lo Prete, gerente da Absolut Sport, uma agência que comercializa pacotes para corridas no Brasil. A empresa informa que dobrou a venda de ingressos para o evento de Interlagos este ano.