Ewerthon, ex-Corinthians, exclusivo ao Flashscore: "Jogaria pela Argentina com o maior prazer"
Aos 43 anos, o hoje empresário prefere deixar a bola de lado, exceto em situações excepcionais como a que vai estar em breve, em Brasília, em duelo de lendas do Flamengo e do Dortmund. Quando pode, Ewerthon prefere atacar de boxeador, tenista e DJ, mantendo a personalidade que o faz ser bem lembrado, até hoje, nos times em que deixou sua marca.
Confira abaixo a entrevista exclusiva do ex-corintiano ao Flashscore.
Conte-nos como foi sua chegada ao Corinthians.
Foi inusitada. Eu jogava em um time de várzea chamado Roque de Moraes e um juiz apitava muitos dos jogos. Ele me viu jogar, me indicou para participar de um campeonato interno do Corinthians, pedindo para eu procurar um senhor de nome Miguel. Chegando lá, pedi informação a um roupeiro de nome Zé, que me falou que estava tendo uma peneira nos campos de cima. Fui até lá e, com minha mãe, esperamos por três horas. O teste estava para começar quando perceberam que eu era de uma categoria inferior, mas me deixaram jogar e acabei passando depois de 15 minutos. Nunca conheci o tal do Miguel...
Você foi campeão mundial com o Corinthians em 2000, com apenas 18 anos de idade. Você tinha noção do que estava acontecendo, participando de uma conquista histórica diante de times como Real Madrid e Manchester United?
A segurança já vinha de alguns meses, eu fazia parte de um grupo que tinha jogadores experientes que seguravam o piano para os mais jovens, como Marcelinho Carioca, Luizão, Vampeta, Edílson...Vínhamos do título da Copa São Paulo de Juniores de 1999, não foi algo do nada, já tinha uma caminhada no clube. Claro que os times chamavam atenção, e participar daquele torneio foi enriquecedor. Ganhamos tudo com aquele Corinthians, com exceção da Libertadores.
Você não deixou os estudos de lado mesmo fazendo parte do time de cima do Corinthians, certo?
Sim, eu troquei meu horário na escola para estudar à noite, nunca larguei os estudos, sempre fui bom aluno, gostava de estudar. Isso é pela base da minha família, que não me faz acreditar na sorte e sim em dedicação, competência e profissionalismo. Fui recompensado. Nos treinos, chegava 1h30 mais cedo, saía 1h30 mais tarde.
Vi uma entrevista em que você fala dos incessantes treinos de falta do Marcelinho Carioca. Qual sua opinião sobre os jogadores de hoje não terem este perfil de ficar após os treinos aprimorando suas habilidades?
Pra mim, é uma situação de causa e efeito. Tudo na vida é repetição e dedicação. Hoje existem as opiniões de muitos profissionais, que são graduados, mas nunca pisaram em um gramado e não entendem. A qualidade técnica hoje caiu muito por um problema nas categorias de base. A preferência hoje é por jogadores, ainda na base, com certa estatura e deste ou daquele empresário.
Não vemos hoje jogadores com recursos técnicos diferentes, uma exceção é o Estêvão. Não vemos jogadores dribladores, ousados, daqueles que gostam de pedalar, de dar uma caneta e fazer espetáculo. Hoje está tudo muito robotizado. Na base, tira-se isso dos jogadores. Quando ele chega no profissional, não existe tempo para trabalhar essas habilidades, são quase 90 jogos no ano. Jogadores não são máquinas. É preciso treinar e trabalhar. Eu chutava, no mínimo, 300 bolas por dia de finalização.
Chegava antes com 4 ou 5 companheiros, hoje não tem mais isso, não se consegue dar passes de 30 metros. Eu treinava com Valdir de Moraes (ex-preparador de goleiros), fazendo chutes de longa distância. A internet fez tudo ser imediato. Um grande profissional em qualquer área, se não for dedicado e não repetir ações, se não procurar conhecimento, ele para no tempo.
Como foi sua transferência do Corinthians para o Dortmund? O Betis mostrou interesse antes da sua saída, mas a negociação não avançou...
Sou muito grato ao Corinthians, nasci corintiano. Não vou falar da entidade e sim das pessoas que comandavam o clube naquele momento. O treinador na época, o Luxemburgo, geria tudo. Eu estava na Seleção e recebi um telefonema falando que tinha sido vendido para o Betis sem saber valores. Não aceitei e tive represália.
Fiquei um mês e meio treinando afastado do elenco. Cheguei da Seleção da Copa América e fui afastado porque não aceitei essa proposta. Agradeço ao meu pai, batemos o pé naquela situação, foi algo que poderia ter acabado com minha carreira. Deus é brilhante na minha vida e abriu as portas do Borussia depois disso. Aí sim aconteceu como eu queria, fechamos concordando com tudo. Fui muito feliz por lá, sou ídolo até hoje.
Futebol é bacana, mas os bastidores...se os torcedores soubessem, ficariam tristes. Quando envolve o lado comercial, não existe muito respeito à sua familia, crenças, princípios e caráter. Nunca fui de jogar visando dinheiro. Jogava porque amava, sempre fui feliz dentro das quatro linhas. Quanto mais cheio estava o estádio, mais eu gostava de jogar. Minha carreira poderia ter acabado quando bati o pé, mas as portas da Alemanha se abriram para eu triunfar e ser feliz.
Seu pai sempre foi seu empresário?
Sim. O Juan Figger intermediou a primeira transação. Todas as outras tiveram a presença do meu pai. Fui criado no meio de muito amor e caráter. Existem pais e pais. O meu é meu maior amigo e maior crítico, convivência em família tem dessas coisas. Meu pai me gerenciou bem, me fez homem e cidadão. Sou pai solteiro, tenho a guarda do meu filho desde que ele tem 5 anos, hoje está com 12. Filho pode não entender que, naquele momento, ele está sendo preservado. Um pai nunca vai querer seu pior, nunca vai te roubar. Quando envolve dinheiro, o ser humano é corrompível. Meu pai nunca fez isso, prezou pelo caráter acima de qualquer coisa.
Alguma mágoa do Edílson depois que ele se recusou a ficar na sua reserva na Seleção?
Pelo contrário, quem deve ter mágoa de mim é ele, já que ele foi preterido. Ele é uma figura, tem a sua personalidade, às vezes fala demais em momento em que não deve, mas é uma pessoa boa, um bom cidadão, participamos muito do mesmo vestiário, jogamos contra também. Hoje somos colegas de futevôlei. Naquele episódio, quem ganhou fui eu. Eles me deixam famoso até hoje, todos contam esse incidente, inclusive o Vampeta, que troca o time a cada história.
Ficou chateado por não ter ido à Copa do Mundo de 2002?
Não fico. Quando o time ganha, não tem questionamento. Foi opção do treinador (Luiz Felipe Scolari) e ele optou por levar nomes como Edílson e Luizão, alguns ficaram de fora como eu, Amoroso, Élber, ele tinha muitas opções. Era uma época sem muita internet, as informações não eram como as de hoje. Pra saber como um jogador na Alemanha estava, era preciso ir até lá. Não sei se foi e o que viu. Eu tinha este sonho, em 2002 vivia um grande momento, mas a melhor fase da minha carreira era em 2006, quando estava no Zaragoza. Cheguei a ser convidado para jogar na Argentina. Sou grato a Deus por estas oportunidades, não questiono o que não aconteceu. Agradeço por estar no meio de tantos craques e meu nome ser lembrado até hoje.
Como foi este convite para jogar na Argentina?
Veio do José Pékerman, ex-técnico da Argentina. Eu defendia o Zaragoza e vencemos o Real Madrid por 6 a 1, fiz dois gols e o Diego Milito, quatro. Ele me chamou reservadamente depois do jogo e disse, na frente dos outros argentinos do time (Gabi Milito, Diego Milito e Leo Ponzio), que me convidaria para jogar pela Argentina se eu não tivesse defendido a Seleção Brasileira.
Ele disse que não tinha jogador com as minhas características para o Mundial que se aproximava. Não me opus à ideia, pelo contrário. Isso mostra a valorização do trabalho, o sonho de qualquer jogador é estar na Copa. Jogaria pela Argentina com o maior prazer, seria uma oportunidade única na minha vida.
Como foi sua passagem pelo Borussia?
No começo, em 2001, foi difícil, mas fiz minha parte, busquei aprender o alemão. Com um ano de clube, já dava entrevista e não tinha dificuldade para pedir chucrute no restaurante. Mas agradeço pela oportunidade, encerrei a temporada como campeão e fazendo o gol do título. O Amoroso foi o artilheiro do time, fomos vice da Copa UEFA, só tenho a agradecer pelo que vivi ali. O que importa não é o começo e o meio e sim como termina. As coisas aconteceram a meu favor por causa da minha personalidade. Sou lembrado por lá até hoje, isso não foi à toa. Podem se passar 50 anos que todos vão lembrar que, na temporada 2001/02, o Ewerthon tirou o Dortmund de uma fila de oito anos.
Fiz apenas cinco treinos antes de estreia. O Matthias Sammer (treinador) já me conhecia, ele quis que eu fosse pra lá. No meu primeiro jogo como titular, marquei gol e dei passe para outro com apenas 12 minutos. Foi uma aposta que deu certo para eles e para mim.
Dentro de campo, foi tranquilo, peguei um grupo bom, de bons jogadores, com três brasileiros (Dedê, Evanílson e Amoroso) que vou agradecer pelo resto da vida pela convivência. Eles estavam lá há mais tempo, são mais velhos, me abraçaram e fiz bem meu trabalho dentro de campo. Volto a Dortmund até hoje e sigo como ídolo. É algo gratificante depois de mais de 20 anos.
Como foi sua relação com Mathias Sammer?
Foi maravilhosa, mesmo com ele sendo uma pessoa muito fechada. Ele era da Alemanha Ocidental, era um cara fechado e focado. Aprendi com ele a cada jogo, ele brigava quando eu fazia gols e comemorava com dancinha. Ele ficava louco! Eu seguia com as dancinhas só para irritá-lo ainda mais. No começo, foi difícil, era uma outra cultura, um outro país. Demorou um tempo até aprender a cultura deles e entender que ela é 100% correta.
Temos nosso jeito brasileiro e latino, somos mais abertos. Lá eles são muito focados, 10h é 10h, não tem atraso, o lado profissional e de respeito fala muito alto. No começo, eu o achava um chato, mas depois a gente vai conhecendo e entendendo melhor as coisas, a postura das pessoas.
Lembro que eu era o mais novo do time, já cheguei como titular, fazendo gols e chamando atenção com minha habilidade e velocidade. Logo ganhei o carinho da torcida. Lembro de ser considerado o culpado quando as coisas não davam certo e o Sammer me dizia que precisava ser daquele jeito porque eu era o único que não poderia ser tirado de foco. Ele pegava no meu pé e aprendi muito, foi uma referência, uma espécie de segundo pai, que me educou de uma maneira profissional e pessoal.
O que dizer dos aprendizados com os técnicos estrangeiros? Lá é mais difícil trabalhar?
No Brasil, se trabalha mais, se treina mais e a pressão é maior, assim como a quantidade de jogos. No Brasil, o cenário é mais severo do que lá fora. No exterior, chega a ser tranquilo. É como ir ao escritório, fazer as coisas que estão planejadas, já se sabe o que vai acontecer. Aqui no Brasil, tem torneio de verão abrindo a temporada, Campeonato Estadual com pressão se não for bem e por aí vai. Jogar fora é muito mais suave.
Quais foram os técnicos mais marcantes para você?
Sammer foi um cara impressionante para mim, só tenho a agradecer. Depois dele, trabalhei com um holandês, o Bert van Marwijk, que gostava de jogadores habilidosos, trocas rápidas de passes, triângulações, tabelas, etc.
Na Espanha, encontrei um treinador que não ia muito com meu estilo de jogo, o Víctor Muñoz, ele queria que eu fosse ponta-direita. Falei com ele que o elenco contava com jogadores melhores para aquela função. Mostrei personalidade e confiança, mas fiquei três meses afastado, jogava muito pouco. Eu queria jogar de centroavante e o time já tinha o Milito nesta posição. Ele não queria jogar com dois homens de área.
Também no Zaragoza, trabalhei com o Marcelino García. Fiz um treino e ele se apaixonou por mim, temos amizade até hoje. Fiz 28 gols na temporada, ajudei o Zaragoza a subir para LaLiga e estou na história do clube. A vida é feita de desafios e conquistas, sempre me cobrei para ser melhor, às vezes não entendemos os desafios, mas, como eu disse, o que vale é o fim. Conquistei muitos objetivos, sou um privilegiado por tudo que vivi.
Fale mais desta batida de pé no Zaragoza...
Foram três meses complicados, mas eu tenho uma luz divina e uma personalidade que fizeram as coisas darem certo. Não acredito em sorte e azar, acredito em trabalho, em persistência, no acreditar 101% em você. Foi o que fiz. O Víctor Muñoz não me queria, ele tinha informações que o fizeram não mostrar interesse no meu futebol.
O time começou mal e ele resolveu me colocar. Terminei a temporada com 25 gols, com eu e Milito sendo uma das melhores duplas de ataque de LaLiga. Fomos vice-campeões da Copa do Rei, fui artilheiro da Copa do Rei, e foi aí que veio o convite do Pékerman. Jogador sul-americano acha que tudo vai se resolver na parte técnica, e não é assim. O europeu preza muito pela conduta, pela disciplina, pelo comprometimento. A parte técnica ganha jogo, grupos ganham torneios.
Como vê o momento do Zaragoza, há mais de 10 anos fora de LaLiga?
Acompanho o time, que pareceu perdido por muito tempo e agora está em um processo de reestruturação. Estão construindo um novo e lindo estádio, a cidade é maravilhosa e tenho um carinho e amor grande pelo clube. São duas cidades que, todos os anos, faço questão de voltar: Dortmund e Zaragoza. Tenho muita história e amigos por lá, a torcida do Zaragoza é fanática, só tenho a agradecer pelo que vivi lá.
Passou por casos de racismo?
Sim, bastante, principalmente na Espanha. Lembro de um episódio na temporada 2005/06 quando estávamos jogando contra o Barcelona, em casa, e o Eto'o quis deixar o campo depois de escutar gritos de macaco. Ele ficou muito bravo, tive a chance de falar algumas coisas com ele, como negro e cidadão. Falei com ele que, se saísse, seria um grande equívoco. Aquela não era a melhor forma de protestar. O melhor era ficar e responder dentro de campo, com gols. Ele sair seria uma fuga que não daria certo. Ele seguiu em campo, foi um caso de grande repercussão.
O negro, ao longo da história, foi escravizado, não teve voz. Os insultos não vinham da maioria, mas foram direcionados pra mim também. Ele voltou para Barcelona após o jogo e eu fiquei na cidade. Não faz sentido o pensamento que eu não estava sendo ofendido só porque vivia um bom momento. Se eu não estivesse jogando bem, seria apenas mais um negro sendo insultado?
É preciso que nos posicionemos, aproveitando que somos negros do meio do esporte e com voz. Precisamos enviar esta mensagem, passá-la adiante. Sou um privilegiado por ser aceito, mas sou um ex-jogador, tenho uma boa condição financeira. Mas e os Joãos, Pedros e Marias que acordam 5 da manhã e voltam pra casa às 10 da noite, ganhando um salário-mínimo?
A desigualdade social é enorme em nosso país, a humana também. O racismo é algo muito sério, julgar as pessoas pela cor, religião, sexo, etc, é algo muito sério. Precisamos respeitar as pessoas como elas são, caráter não tem a ver com dinheiro ou outras preferências. Não é porque vivemos de uma forma diferente que somos superiores, as pessoas perderam o sentido da vida, todos voltaremos ao pó, não levaremos nada desta vida, nem mesmo a roupa do corpo. O racismo é algo lamentável e vem de séculos. Todos podemos ser boas pessoas.
Acha que as punições podem ser mais severas?
Sim, o cerco precisa apertar, está muito brando. A bola da vez é o Vini Jr. Para acontecer algo sério com ele, não custa. Falo, até mesmo, de uma fatalidade, está perto de acontecer algo. Foi um absurdo pendurarem um boneco dele enforcado, estamos em vias de acontecer algo sério. Existem loucos por aí sem nada a perder. FIFA, LaLiga, UEFA, Conmebol, CBF, todos precisam ser mais exigentes com isso. É uma grande pobreza de espírito imitar um macaco para ofender alguém.
A pressão que os jogadores vivem hoje é bem diferente da sua época?
Muito. Fora do país, existe mais educação, as pessoas te respeitam. Mas sabemos que o fanatismo pode levar a situações extremas. As ameaças hoje vêm da rede social, é muito fácil ameaçar assim. Na minha época, a torcida pulava dentro do campo e do vestiário para agredir, ligava na sua casa fazendo ameaças. Hoje a internet permite ameaças quaisquer, a pressão de torcida não é a mesma. Até porque o perfil da torcida mudou. Os corintianos que vão à Neo Química Arena são elitizados, não é mais o povão, até pelo preço dos ingressos. Itaquera também é longe pra muita gente. Hoje não se vê jogador dando entrevista como antigamente, quem fala mais são as mulheres, que ficam em brigas sem contexto pelas redes sociais.
Foi tranquila a decisão de jogar no Palmeiras, em 2010, depois de ser ídolo no Corinthians?
Muito, foi puro profissionalismo. Fui para o Palmeiras por uma questão pessoal, tinha propostas de clubes de dentro e fora do Brasil. Voltei pra São Paulo para ficar perto da minha mãe, que estava encerrando a vida. Sou grato ao Palmeiras pela boa condição que me deu de voltar ao Brasil pra ficar com meu amor maior. Nunca tive problemas com as duas torcidas porque nunca fui de polemizar, de comemorar gols provocando. Isso é coisa de torcedor. Sempre vesti a camisa dos clubes por onde passei.
Você também teve uma passagem pelo América-MG...
Sim, fui muito bem recebido, o vestiário era engraçadíssimo com Geovane, Marquinhos Paraná, Gilberto, Fábio Júnior...o Rodriguinho estava começando. No ano seguinte, quiseram diminuir meu salário em 50%, não valia a pena ficar fora de casa, voltei para São Paulo. Fui jogar no Atlético Sorocaba, já tinha uma outra visão da vida e não tive dor para tomar a decisão de me aposentar. Não tenho arrependimentos, jogar futebol hoje não me dá mais prazer. Hoje estou mais jogando tênis e praticando boxe, além de brincar de ser DJ.
E como foram as experiências na Rússia (Terek Grozny) e Catar (Al-Ahli)?
Foram válidas, cada país tem sua cultura. Na Rússia, o time fazia parte da região da Chechênia, tinha muita coisa militar envolvida, íamos para os jogos com barreiras, vendo fuzis e tanques de guerra. Depois do jogo, pagava-se muito, tudo em dinheiro vivo, nunca tinha visto aquilo, a contagem das cédulas não terminava nunca. O estádio era para 35 mil pessoas e tinha 200 torcedores. No Catar, era tranquilo. Tão tranquilo que enchia o saco, o tempo não passa, todos os dias parecem iguais.
Pra fechar, fale com a gente do seu projeto da Ewerthon Academy.
O foco está na família, vejo muitos pais deixando as crianças com babás e no celular. Esta educação está errada, falta mais respeito. As crianças não respeitam os pais, tem sempre um conselho tutelar no meio, psicólogos, muitas famílias estão destruídas.
Eu pensava em algo que podia fazer no pós-carreira e me veio esta ideia de uma ação que podia integrar as famílias. Temos opções para diárias e o camp, que é um projeto de três dias, sempre integrando a família por meio do esporte. As clínicas permitem que as crianças conheçam a história do Ewerthon, que eles também alimentem o mesmo sonho que tive e consegui realizar. Sou, hoje, amigo de nomes como Neto e do ex-goleiro Ronaldo. Nas nossas atividades, oferecemos entretenimento e foco no esporte, que salva vidas e dá direcionamento, afasta das coisas ruins da vida.