A parceria de longa data com a ESPN prossegue, mas a NFL foi clara sobre a chegada do Grupo Globo, apontada agora como a casa oficial da liga a partir desta temporada.
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O namoro entre as partes era antigo. E foi consumado de uma maneira veloz, inclusive surpreendendo colaboradores. O processo de montagem da equipe tem como um dos pilares Everaldo Marques, um velho conhecido e tido como um dos precursores do futebol americano no Brasil. Suas narrações emblemáticas ajudaram a formar uma geração de fanáticos. Um retorno, portanto, celebrado.
Pelo acordo estabelecido com a NFL, a Globo passou a ter exclusividade no conteúdo ao vivo da liga na TV paga, além de plataformas digitais selecionadas e trechos em TV aberta. A parceria inclui jogos da pré-temporada, partidas da temporada regular em primetime, o NFL São Paulo Game 2025, jogos selecionados de playoffs e o Super Bowl LX.
O futebol americano também é uma das grandes apostas da GETV, a nova plataforma de mídia do Grupo Globo, voltada para o YouTube.
Mais do que movimentos que mexem com a hierarquia das transmissões no Brasil, a NFL sabe o que deseja em termos de Brasil, um mercado extremamente lucrativo para a liga.

"Nós não vamos a muitos países. Mas, quando escolhemos o Brasil, foi com intenção. Foi com propósito. Sabíamos que o Brasil é um país em que queremos estar por muito, muito tempo", disse Gerrit Meier, diretor-geral e chefe da NFL Internacional, durante o NFL Media Summit, evento aberto à imprensa e que antecedeu às ativações e o jogo da próxima sexta-feira (5) entre Los Angeles Chargers e Kansas City Chiefs.
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Agressividade para ser Top 5 no Brasil
O nosso futebol, o da bola redonda, é uma paixão insuperável. A NFL tem total ciência. Mas essa concorrência desigual não é vista como um empecilho. Pelo contrário. É tida como uma oportunidade de prosperar e com um prazo estabelecido.
"Nós queremos chegar a ser, pelo menos menos, nos próximos cinco ou sete anos, top 5 esportes. É complicado? Sim. É agressivo? Sim. Podemos? Para mim, 100% que sim. Aqui estão os resultados. Um jogo. Agora temos um segundo. Seremos muito mais agressivos", promete Luís Martinez, gerente-geral da NFL Brasil.
A estimativa é que existam mais de 36 milhões de fanáticos pela liga no Brasil, o que faz do país o segundo maior mercado consumidor de futebol americano fora dos Estados Unidos.
"Existe uma ambição clara por parte dos nossos donos, os 32 clubes que formam a NFL, sobre quem queremos ser nos próximos cinco, dez, 15, 50, 100 anos da liga. E isso significa: queremos ser, de fato, um esporte global", estipulou Gerrit Meier.
"Escolhemos o Brasl porque era muito importante para nós mandar um recado ao mundo sobre o potencial desse esporte em uma parceria de longo prazo", acrescentou.
Um Mini Super Bowl com Taylor Swift?
Números da secretaria de turismo de São Paulo, a SPTuris, apontaram que a realização do primeiro jogo da NFL no país, a partida entre Philaldelphia Eagles e Green Bay Packers no ano passado, movimentou cerca de R$ 330 milhões (62 milhões de dólares) na cidade.
Um sucesso que também fomentou a geração de 12.500 empregos, além de impulsionar o turismo — 11,5% do público registrado no jogo era de fora do país. Mais da metade dos presentes na Neo Química Arena eram também de fora da cidade.
"O evento traz muita projeção para a cidade de São Paulo e o Brasil representa um mercado com potencial enorme para crescer no futebol americano", disse Gustavo Pires, presidente da SPTuris.
Para a liga é importante que o jogo no Brasil possua elementos que a experiência estadunidense oferece. Não à toa, o primeiro confronto teve ares de uma espécie de mini Super Bowl, com direito a Anitta.
Neste ano, os hinos de Brasil e Estados Unidos serão performados pela cantora sul-matogrossense Ana Castela e por Kamasi Washington, astro do jazz norte-americano e natural de Los Angeles. O show do intervalo será comandado pela estrela colombiana Karol G.
Além disso, há a expectativa que Taylor Swift compareça à Neo Química Arena para acompanhar a partida do agora noivo Travis Kelce, astro do Chiefs. Ela, no entanto, caso compareça, não participará de nenhum dos eventos musicais já programados.
Invasão da NFL em São Paulo
Na noite dessa quarta-feira (4), projeções da NFL na Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, davam mostra da mobilização da cidade em torno do jogo da próxima sexta.

Três murais de arte de rua elaborados por artistas brasileiros renomados — Eduardo Kobra, Crica Monteiro e Leonardo Santos — também colorem a paisagem da selva de concreto com obras alusivas ao futebol americano.
Essas são apenas duas das várias ativações propostas pela liga na capital paulista antes, durante e depois de a bola oval voar na Neo Química Arena.
O calendário foi aberto com o Media Summit, no dia 2 de setembro. Nos dias 4 e 5, os torcedores do Kansas City Chiefs terão um ponto de encontro especial: a Chiefs House toma conta da GT House, em Alto de Pinheiros, São Paulo.
Por lá, o clima será 100% Kansas City, com churrasco típico, apresentações das cheerleaders oficiais, presença do mascote KC Wolf, do ex-jogador Mitch Morse, DJs animando o espaço e até um convidado surpresa para completar o lineup.
Enquanto isso, os fãs dos Chargers poderão viver uma verdadeira imersão com o Chargers Takeover, também nos dias 4 e 5. O evento será realizado nos bares Posto 6 e Omadá, na Vila Madalena, e contará com ídolos da franquia, brindes exclusivos e a exibição do jogo ao vivo.
Já na sexta-feira, dia 5, a partir das 13h, é hora de esquentar os motores para a partida com o Tailgate Brazil Experience 2025. A festa acontece no estacionamento do Shopping Metrô Itaquera, bem em frente à Neo Química Arena, com muita música ao vivo, gastronomia variada e lendas dos dois times interagindo com o público.
Para quem gosta de movimentar o corpo, o domingo (7/9) começa cedo com a NFL Run, no Parque Villa Lobos. Os participantes poderão optar entre uma caminhada de 2 km ou uma corrida de 5 km, em um ambiente todo temático para os fãs da bola oval.
Durante toda a semana, quem passar pela Avenida Paulista poderá conferir uma bola gigante da NFL, instalada em frente ao Shopping Cidade São Paulo, chamando atenção para o clima esportivo que tomou conta da cidade.
No dia 5, também será aberta ao público a exposição fotográfica “A gente também joga”, da renomada fotógrafa Luisa Dorr. A mostra ficará em cartaz até o dia 14 de setembro, no Espaço Alto, no Centro de São Paulo, com visitação gratuita das 10h às 18h.
Outra atração imperdível é a Experiência de Gameday, no entorno da Neo Química Arena, também no dia 5. Ali, os fãs poderão ver de perto os 59 anéis de campeões do Super Bowl, o Troféu Vince Lombardi e diversas ativações interativas — acesso exclusivo para quem tiver ingresso para o São Paulo Game.
Por fim, a NFL Shop já está funcionando no Shopping Morumbi, trazendo uma linha completa de produtos oficiais da liga, incluindo coleções especiais e colaborações exclusivas.
Mas as ativações não contemplam apenas as equipes envolvidas no jogo da próxima sexta-feira. A NFL tem se debruçado no mercado de licenciamento e marketing para possibilitar que mais franquias explorem o mercado brasileiro. Por isso, Detroit Lions, Miami Dolphins e Philadelphia Eagles possuem também eventos marcados em São Paulo no período. Outra franquia bastante popular no Brasil, o New England Patriots, realizou um desafio de Field Goal no Rio de Janeiro com o bicampeão do Super Bowl, Ken Walter.
O impulso final
É impossível ignorar o quão bem planejado e audacioso tem sido o movimento da NFL no Brasil. O que antes era apenas uma aposta em um nicho fiel, hoje se consolida como uma operação de mercado com metas agressivas, parcerias robustas e um apelo cultural cada vez mais afinado com o público brasileiro.
A chegada da Globo ao jogo, com todo seu alcance e poder de mobilização, pode ser o empurrão definitivo que faltava para o futebol americano romper de vez a bolha e cravar seu lugar entre os grandes esportes nacionais.
Se a liga mantiver esse ritmo, unindo espetáculo, experiência e inteligência de mercado, o Top 5 não parece uma realidade tão distante assim. E, convenhamos, o Brasil já mostrou que sabe abraçar paixões estrangeiras como ninguém.