A volta de Neymar ao futebol brasileiro, vestindo novamente a camisa do Santos, mexeu com o imaginário do torcedor, movimentou a mídia e o setor financeiro, principalmente do clube paulista, e agora terá seu principal palco: a Série A do Campeonato Brasileiro.
Confira a tabela completa do Brasileirão
Com 33 anos, Neymar reúne várias das credenciais para ser a grande estrela do torneio nacional: status global, experiência internacional, currículo vitorioso, talento raro e capacidade de decidir jogos. Mas as dúvidas também são grandes: seu histórico de lesões e as polêmicas extracampo ainda pairam sobre sua imagem e podem alterar a concentração do jogador para longe dos gramados.
A pergunta que move o torcedor é legítima: Neymar ainda pode dominar a principal competição do país, ou será dominado pelas lesões e polêmicas?
A motivação foi demonstrada em sua primeira entrevista oficial no seu retorno ao Santos: “Me sinto com 17 anos de novo. Muito empolgado, com muita vontade de jogar”. Outro fator importante foi a conexão com a Seleção Brasileira, sendo o Brasileirão sua vitrine definitiva em busca do sonho de disputar mais uma Copa do Mundo - e, finalmente, vencer.
Chegada de impacto: paixão e patrocínios
Mesmo aceitando jogar por valores bem abaixo do que recebia no Al-Hilal, da Arábia Saudita, Neymar ainda figura entre os jogadores mais bem pagos do Brasil. Isso contando apenas o seu salário base, que é uma parte pequena do que é acrescido pelo seu ganho com patrocínios pessoais fixos e ações de marketing, além de direitos de imagem que vão para o jogador e bônus de desempenho atrelados ao seu contrato.
O impacto no marketing pessoal de Neymar e do Santos foi sentido desde o seu retorno: crescimento comercial e fortalecimento digital do clube. As redes sociais do Peixe registraram um aumento de R$ 7,6 milhões de seguidores somente em fevereiro, segundo estudos do IBOPE Repucom, além do sócio-torcedor santista passar a marca de 70 mil inscritos - a meta da diretoria é chegar aos 100 mil.
A potência midiática de Neymar impulsionou a chegada de patrocínios para o Santos em parceria com o craque, assim como ampliação dos canais de transmissão dos jogos do Peixe no Campeonato Paulista, por exemplo.
Empresas como a rede de varejos Havan e a marca de seguros Loovi ampliaram seus contratos com o Santos e exemplos de marcas como Mercado Livre, Puma, Sem Parar e dr. consulta já promoveram ações desde o retorno do astro. O próprio jogador também assinou com Pague Safe, Viva Sorte, Cimed, Canção e Mercado Livre, também lançando sua linha de suplementos Next10 e investindo na rede de academias Ironberg.
Valor de mercado e concorrência: Neymar é o nome mais midiático da liga?
Neymar ainda está entre os jogadores mais valiosos que irão atuar no Brasileirão, mesmo com a idade avançada e anos fora do eixo europeu. Mas a concorrência no torneio nacional pelo estrelato está forte, principalmente pela juventude de atletas como Estêvão e Vitor Roque, além de jogadores globais, casos de Hulk, Memphis Depay, Oscar, Lucas Moura, Arrascaeta e Rafael Borré.
O jovem atacante do Palmeiras, por exemplo, foi vendido ao Chelsea por valores que podem passar de 60 milhões de euros, com Estêvão indo para o clube inglês em julho, pouco depois do fim do contrato de Neymar, que vai até o fim de junho.
No próprio Santos, Neymar terá a parceria de nomes importantes do torneio nacional, como Yeferson Soteldo e Tiquinho Soares, indicando a complexidade do Brasileirão e como o camisa 10 santista precisará de algo mais do que reputação.
Questões físicas e polêmicas: os fantasmas que acompanham Neymar
A condição física de Neymar é o principal ponto de interrogação para esta nova passagem no Santos. Após o retorno, ele já ficou fora da semifinal do Paulistão por questões médicas e inicia a Série A sendo dúvida poucos dias antes da estreia.
O histórico de lesões preocupa: cirurgias, entorses no tornozelo, lesões musculares e períodos longos de recuperação têm marcado sua trajetória nos últimos anos - média de mais de três lesões por ano desde sua saída do Santos, em 2013. No Al-Hilal, seu último clube, por exemplo, em um ano e meio foram duas lesões importantes, apenas sete jogos e um gol marcado.
E a intensidade do calendário brasileiro, mesmo com contrato até o fim de junho, pode ser um desafio extra para Neymar.
Fora de campo, o craque também não escapa das manchetes. Ao longo da carreira, acumulou polêmicas pessoais e comportamentais, que muitas vezes desviaram o foco do seu desempenho esportivo. A última delas foi a sua presença no Carnaval no Sambódromo da Marquês de Sapucaí uma semana antes de se ausentar - por dores na coxa - da semifinal do Campeonato Paulista, que culminou na eliminação do Santos para o Corinthians.
Números da carreira: um craque com currículo de lenda
Com mais de 15 anos de carreira profissional, Neymar voltou ao futebol brasileiro após 12 anos no exterior, e tem números expressivos em sua carreira.
Aos 33 anos, são mais de 700 jogos disputados em passagens por Santos, Barcelona, Paris Saint-Germain e Al-Hilal, marcando mais de 300 gols em clubes e sendo o principal recordista de gols da Seleção Brasileira, com 79 gols anotados.
Seu currículo de títulos inclui:
. Santos: Paulistão (2010, 2011 e 2012), Copa do Brasil (2010), Copa Libertadores (2011) e Recopa Sul-Americana (2012)
. Barcelona: Supercopa da Espanha (2013), La Liga (2014-15 e 2015-16), Copa do Rei (2014-15, 2015-16 e 2016-17), Liga dos Campeões (2014-2015) e Mundial de Clubes (2015)
. PSG: Ligue 1 (2017-18, 2018-19, 2019-20, 2021-22 e 2022-23), Copa da França (2017-18, 2019-20 e 2020-21), Copa da Liga Francesa (2017-18 e 2019-20) e Supercopa da França (2018, 2020 e 2022)
. Al-Hilal: Campeonato Saudita (2023-24)
. Seleção Brasileira: Copa das Confederações (2013), Jogos Olímpicos (2016)
Nestas conquistas, Neymar foi protagonista absoluto na conquista da Copa Libertadores de 2011, título que o clube paulista não levantava desde os tempos de Pelé. No Barcelona, formou um dos trios mais icônicos da história recente do futebol ao lado de Lionel Messi e Luisito Suárez, o famoso MSN, e foi uma das figuras-chave do título da Champions League, sendo um dos três artilheiros da competição com 10 gols anotados, simplesmente ao lado de Cristiano Ronaldo e Messi, um destes gols marcados na final contra a Juventus (3-1).
Pelo PSG, o astro brasileiro levou a equipe francesa à final da Champions 2019-20 ao lado de Kylian Mbappé, mas acabou sendo derrotado pelo Bayern de Munique, com Neymar ficando entre os 23 jogadores escolhidos pela UEFA na seleção do torneio. Como figura principal do Brasil nos últimos anos, Neymar teve como conquista marcante com a camisa amarela a inédita conquista do ouro olímpico em 2016, no Rio de Janeiro.
Seus títulos a participações diretas em gols direcionam um grande holofote para o Brasileirão, desafiando Neymar a se manter em alto nível e levar o orgulho ao clube onde tudo começou.