"Acima de tudo, procurei passar para o meu grupo quais são as duas coisas fundamentais nos clubes em que trabalho: alegria de jogar e coragem. E isso o torcedor pode ficar tranquilo que vai ver no meu time. Coragem e alegria. O Fluminense, pelo menos enquanto eu estiver aqui, vai jogar como time grande mesmo", afirmou Renato Gaúcho.
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"Vai respeitar sempre seus adversários, mas vai jogar para dentro, sempre para vencer os jogos. É lógico que trabalhando sempre para ter nossos cuidados defensivos, mas se tratando de clube grande, de uma grande massa que nós temos, o Fluminense vai jogar como time grande independentemente do adversário", acrescentou.
Renato comandou seu primeiro treino no Fluminense nesta sexta-feira e já estreia no domingo (6). A equipe recebe o Red Bull Bragantino no Maracanã, às 16h, pela 2ª rodada do Brasileirão.
Autor do histórico Gol de Barriga na decisão do Campeonato Carioca de 1995, contra o Flamengo, Renato Gaúcho também conquistou a Copa do Brasil de 2007 como técnico do Flu. Um ano depois, foi vice da Libertadores.
"Aceitei o Fluminense porque aqui eu me sinto em casa. Em casa mesmo. Já tinha o desejo de voltar ao clube, trabalhar com o Mario (Bittencourt), o Paulo (Angioni). E conhecia praticamente 80% desse grupo. No momento que você quer, junta o útil ao agradável. Eu queria trabalhar aqui, recebi o convite, então não tivemos muitas dificuldades para conversar e nos acertar", contou.
Confira abaixo outros trechos da entrevista de Renato Gaúcho.
Que Renato chega ao Fluminense?
"O treinador tem que ser um pouco de tudo. Tem que conversar com os jogadores, escutar os jogadores, trabalhar a parte tática, técnica, apagar incêndio. Esse é o trabalho do treinador. Mas acima de tudo dar liberdade para o jogador se expressar, é dessa forma que trabalho. Não sou aquele treinador que fala, fala, fala e não dá oportunidade para o jogador falar.
Esses títulos todos que ganhei como treinador foram dessa maneira, e não vou mudar. Até porque gosto da maneira com que trabalho, e os grupos que trabalham comigo também. Eu não tenho por que mudar. Na hora de fazer um carinho no jogador, vou fazer, mas na hora de multar, de chamar a atenção, também vou chamar."
Reforços para o Mundial de Clubes?
"O grupo do Fluminense é qualificado. Aí você me pergunta se pode chegar mais alguém em determinada posição. Isso a gente vai ver no dia a dia, se o clube também tem condições de contratar. Hoje em dia não é fácil encontrar jogadores. E quando você encontra, são caríssimos. E aí entra a parte financeira do clube também, que não sei como é. Mas trocando ideia com o presidente e a diretoria a gente vê isso.
Sempre que a diretoria e o presidente puderem me dar um reforço, ele será bem-vindo. A gente nunca pode falar que o grupo está fechado. Daqui a pouco tem uma brecha, um jogador dando mole que o clube tenha condições de contratar, que a gente saiba que vai chegar para nos ajudar, com certeza a gente vai tentar trazer.
Mas isso não vai ser toda hora, porque é o que eu falei. É difícil encontrar jogadores disponíveis hoje em dia, e quando encontra são muito caros. Mas isso no dia a dia a gente vai conversando, trocando ideia. Vamos ver também a resposta que os jogadores vão me dar em todas as posições."

Período de férias
Foram praticamente três meses. Eu precisava descansar, dar uma relaxada. Principalmente ano passado no Sul, por causa da enchente, foi bastante desgastante. E quando chega no final do ano eu falei com o presidente do Grêmio: 'Iindependentemente da decisão do clube, eu preciso descansar, preciso de umas férias para relaxar, e daqui a pouco volto para o cenário'.
Procurei aproveitar da melhor maneira possível esse tempo, fazer as coisas que eu não vinha fazendo já há um bom tempo, que é jogar meu futevôlei, tomar um chope com meus amigos, curtir minha família, meu cachorro, fiquei um bom tempo longe dele. Coisas normais, mas acima de tudo ia dormir um pouco tarde, acordava 10h, 11h, 12h. Coisas que um cara faz em suas férias.
Procurei me divertir um pouquinho, no bom sentido, nesse tempo aí, e agora estou de volta. Vi muitos jogos, disso não abria mão. De todos os campeonatos, do Brasil e de fora. Estava de férias, mas estava ligado também. E achei agora no momento que era hora de voltar, que eu já tinha descansado. E estou muito feliz aqui e começar esse trabalho no Fluminense."
Acerto rápido
"Eu estava voltando de uma consulta médica com a minha filha, tocou o telefone, era o presidente. Eu falei: 'Estou dentro do táxi, daqui a pouco estou chegando em casa e a gente se fala'. Isso foi na quarta-feira (2). Cheguei em casa, liguei para ele. Ele disse que queria conversar, perguntei onde. Ele falou que poderia passar na minha casa e passou, recebi na minha casa, conversamos, trocamos algumas ideias e adiantamos bastante coisa. No dia seguinte faltavam alguns detalhezinhos que conversamos novamente. Acertamos, dei a palavra final, e hoje estou aqui."
Estilo de jogo
"Eu gosto da posse de bola nos times em que trabalho, mas de preferência sempre dentro do campo adversário. Não gosto de arriscar tanto ali atrás. Não sou aquele treinador que, se for sair jogando 10 vezes, mesmo nas dificuldades, 'não quero que dê chutão'. Não. Já conversei sobre isso com meus zagueiros e com o Fábio. Na dúvida tem que quebrar. É lógico que sempre trabalho para termos a posse de bola, mas tem horas que não pode arriscar, principalmente dentro ou próximo da nossa área, que aí se tiver um erro pode ser fatal."
Seleção Brasileira
"Fiquei feliz que o Ronaldo, um jogador conhecido no mundo todo, campeão do mundo, por quem tenho uma admiração muito grande, tenha citado meu nome. Fico feliz só em ter sido lembrado para a Seleção Brasileira, mas ninguém me procurou, e nunca passou pela minha cabeça não aceitar nenhum convite e esperar a Seleção Brasileira. Se tiver que acontecer, vai acontecer normalmente. Eu sem clube ou trabalhando.
Por onde passo procuro fazer meu trabalho da melhor maneira possível para conquistar títulos e ser lembrado pela Seleção Brasileira. É um sonho que eu tenho, e sempre falo que qualquer treinador tem que ter esse sonho. É o máximo para ele. O treinador que não pensa nisso, pelo menos na minha opinião, é porque não se garante. Se um dia esse sonho meu vai se realizar eu não sei, mas eu trabalho nos clubes para que um dia possa ter minha oportunidade na Seleção Brasileira. Mas jamais vou ficar parado esperando o convite da Seleção.
Eu tinha o desejo de vir trabalhar no Fluminense, agradeço ao presidente Mario por ter me convidado, e aceitei de imediato. Muita gente poderia pensar: ‘Ah, o Renato está recusando algumas propostas de outros clubes porque está esperando a Seleção Brasileira’. Não. Naquele momento eu não estava aceitando nenhum convite, e deixei bem claro para os clubes que me procuraram, porque realmente precisava de um tempo para descansar. E descansei. Dez dias atrás eu dei uma entrevista e falei: ‘Estou no mercado agora, vou voltar a trabalhar’. Se alguém pensou que eu estava esperando a Seleção Brasileira, não."

Vai priorizar competição?
"Um clube grande como o Fluminense, quando entra, entra para vencer. Lógico que não vai ganhar tudo. Costumo falar que quem muito quer nada tem. Mas no momento, priorizar, não. Estamos em função do Campeonato Brasileiro, da Sul-Americana. E é lógico que, infelizmente, no futebol você não pode colocar sempre o mesmo time em campo. De vez em quando vai ter que poupar uns jogadores devido a cansaço, lesão, desgaste. Mas sempre que possível a gente vai jogar com força máxima. Agora, num momento lá na frente, se apertar muito, a gente vai trocar ideias e ver o que é melhor para o clube."
Libertadores 2008
"Aquela final da Libertadores não me desceu até hoje. Por tudo que nós fizemos naquela competição. Fiquei feliz com o clube ter conquistado a Libertadores dois anos atrás, mas aquela Libertadores ainda não desceu. Então a gente vai sempre trabalhar bastante para voltar a conquistar alguma coisa aqui. Voltar a conquistar uma vaga na Libertadores para, quem sabe no futuro, aquele sonho que escapou em 2008 possa se realizar."